Recentemente, tive a felicidade de encontrar em uma modesta livraria um livro de Antoine de Saint-Exupéry, “Carnets”, que reúne algumas reflexões e anotações que o piloto/escritor havia deixado em alguns caderninhos. Em uma passagem, ele simplesmente diz, de forma melancólica, que o ódio é abominável; e o é por projetar em nossa alma imagens tremendamente falsas. Imagens falseadas sobre os outros e sobre nós mesmos e, quando nos permitimos ser tragados por essa tempestade, acabamos por nos desumanizar uns aos outros, crentes de que, ao fazermos isso, estamos montados na razão, autorizados pelos céus e cobertos com o manto de todas as virtudes. Ora, se não somos mais capazes de sentar e ouvir atentamente aqueles que pensam diferentemente de nós sem termos um rompante, uma crise de pelancas, é sinal de que a ordem não mais existe. Não me refiro à “desordem democrática”, refiro-me à desordem da nossa alma. É nela que toda inversão de valores principia, é no solo do nosso cora...