Nós não somos apenas os caminhos que percorremos, os tropeços que damos, as circunstâncias que vivemos. Somos também e, principalmente, o modo como encaramos os nossos descaminhos, a forma como enfrentamos nossas desventuras, a maneira como abraçamos o conjunto desconjuntado da nossa vida. Como nos ensina Ortega y Gasset, é isso que somos; e se não salvamos as nossas circunstâncias, estamos condenando a nós mesmos. Dito de outro modo, podemos olhar para nossa sombra e lamentar a nossa diminuta condição ou, em vez disso, podemos nos perguntar, de forma resoluta, o que podemos fazer de significativo com o pouco que temos e com o nada que somos. Para responder a essa espinhosa pergunta, mais do que inteligência e sagacidade, é preciso que tenhamos uma profícua imaginação, tendo em vista que pouco poderá ser compreendido se nossa imaginação for anêmica. Lembremos: nada pode ser acessado pela nossa compreensão sem que antes tenha sido devidamente formulado pe...