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Mostrando postagens com o rótulo escrevinhadas quixotescas

NÃO ERA APENAS UM RETRATO

Roland Barthes há muito havia dito que no século XXI seria analfabeto não somente aquele que não sabe ler e escrever, mas também aquele que não sabe interpretar uma imagem. O tempo passou e cá estamos nós, no finalzinho do primeiro quarto deste século e, mais uma vez, ele tinha razão. Atualmente, somos bombardeados por imagens e condicionados a dedicar-lhes pouca atenção e, com uma pressa desmedida, vamos olhando tudo, sem observar nada, para ao final emitir um juízo superficial e tosco como tudo o mais. Para realmente cultivarmos alguma profundidade em nosso olhar, é imprescindível que aprendamos a nos demorar diante daquilo que está diante do nosso olhar e apreciá-lo com atenção. É necessário que nos permitamos aprender a fazer perguntas para as imagens, não para simplesmente criticá-las, mas sim, para conhecermos melhor tudo o que está para além do que foi retratado. Um bom exemplo disso é o ensaio “Sobre um auto-retrato de Rembrandt” de Paul Ricoeur, onde o mesmo apresenta algum...

PARA CALÇAR AS VELHAS SANDÁLIAS

Tem gente que fica ansiosa para saber quais serão os ganhadores do Oscar, outros acompanham apaixonadamente os campeonatos futebolísticos; enfim, todos nós, cada um no seu quadrado existencial, queremos saber quem são os melhores entre os melhores em alguma atividade humana que toca o nosso coração. Eu, com minhas idiossincrasias, gosto de, todo ano, saber quem é o vencedor do Nobel de literatura. Não fico, de jeito-maneira, acompanhando as discussões e especulações sobre os nomes que poderão vir a ser laureados, nada disso. Gosto apenas de saber quem recebeu os louros. A razão para isso é muito simples: para mim, ficar sabendo quem é laureado por tão distinto prêmio é um tremendo exercício de humildade porque, na grande maioria das vezes, eu nunca, nunquinha, havia ouvido falar do abençoado, tamanha é minha ignorância. Aliás, se deitarmos nossas vistas na lista dos escritores que foram brindados com esse reconhecimento, veremos que a grande maioria nos são ilustres desconhecidos e ...

DEIXE A NOTÍCIA ENVELHECER

Um dos mantras que é repetido à exaustão no terceiro milênio é o de que devemos nos manter sempre bem informados porque, como dizia Abelardo Barbosa , "quem não se comunica se trumbica". E é bem provável que eu e você já cobramos isso dos outros e de nós mesmos, mas, por mil raios e trovões, realmente precisamos estar atentos a todos os acontecimentos que foram destacados no último minuto e que são atirados em nossas ventas pela grande mídia? Foi o que eu pensei. E tem outra: se formos petulantes além da conta, iremos notar que tudo aquilo que nos é noticiado só ganha sentido e contexto com o passar do tempo, porque é apenas o tempo que nos propicia o distanciamento que é imprescindível para compreender-se algo com alguma profundidade. Quando uma série de notícias e factoides começa a tomar conta do cenário midiático, mais do que depressa veremos os nossos ânimos se alterando, turvando nossa compreensão, limitando o nosso entendimento e excitando o nosso desejo de, como direi...

MEIO FORA DE PRUMO

Quando olhamos para o cenário educacional atual, muitos procuram falar da melhora sensível da sua qualidade devido ao aumento no número de instituições de ensino que se fazem presentes. E, de fato, hoje temos mais escolas. Diante disso, lembramos o ressabiado filósofo alemão Arthur Schopenhauer, que em seu livro “A arte de escrever” nos chama a atenção para o fato de que o número elevado de escolas não é garantia da melhora da educação ofertada às tenras gerações. Às vezes, é um indicador do contrário. Aliás, basta que matutemos um pouco para verificarmos que simplesmente empilhar alunos em salas não garante uma boa formação, da mesma forma que, como nos lembra a professora Inger Enkvist, obrigá-los a frequentar o espaço escolar sem exigir o esforço indispensável para que eles gradativamente amadureçam com a aquisição de responsabilidades — que é o elemento que caracteriza o ato de aprender — é um equívoco sem par que, em breve, apresentará suas desastrosas consequências. Na real, o ba...

POR UM O PONTO ARQUIMÉDICO

O filósofo polonês Leszek Kolakowski nos ensina que, quando começamos a cogitar a possibilidade de sermos uma grande farsa, é o momento em que realmente estamos iniciando nossa jornada pelas sinuosas veredas da filosofia. Se não somos capazes de olhar de frente as nossas misérias demasiadamente humanas, é sinal de que a nossa alma ainda se encontra mergulhada no fundo de uma caverna lúgubre, feito o Gollum do “Senhor dos Anéis”, que não se cansa de ficar acariciando o seu precioso, ao mesmo tempo que se divorcia da realidade. Podemos dizer que no mundo atual somos uma multidão de Gollums vagando de um lado para o outro, cada qual com o seu precioso, perdendo a lucidez, que é a pior cegueira que há, como nos lembra José Saramago. Falta de lucidez essa que nos torna cegos para o mal que se encontra aninhado em nosso coração e que nos impede de reconhecer a humanidade daqueles que odiamos - e que desumanizamos - sem saber porquê. Hannah Arendt, em “As Origens do Totalitarismo”, nos exp...

NO PARAÍSO OCULTO DAS LETRAS APAGADAS

Paul Johnson, no livro “Inimigos da Sociedade”, afirmava que uma das grandes delícias da vida é poder compartilhar suas ideias e opiniões. Bem, estou a léguas de distância do gabarito do referido historiador, mas posso dizer que, de fato, ele tem toda razão. É muito bom partilhar o pouco que sabemos com pessoas que, muitas vezes, nos são desconhecidas, pessoas que, por sua vez, pouco ou nada sabem a nosso respeito. E essa imensidão de desconhecimento que existe entre autores e leitores deve ser preenchida para que aquilo que está sendo compartilhado possa ser acolhido. Vazio esse que só pode ser preenchido por meio de um sincero e abnegado desejo de conhecer e compreender o que está sendo partilhado e de saber quem seria o autor desse gesto. Para realizarmos essa empreitada, não tem "lesco-lesco": será exigida de nós uma boa dose de paciência, dedicação, desprendimento e amor pela verdade. Bem, é aí que a porca torce o rabo, porque no mundo contemporâneo somos condicionados...

PARA QUE AS PANELAS SEJAM FURADAS

Eugen Rosenstock-Huessy, em sua obra “A origem da linguagem”, nos ensina que quando os amigos não mais conseguem se entender, temos uma crise. Agora, quando os inimigos não mais são capazes disso, temos uma guerra. E isso acontece quando as palavras perdem o seu valor, devido ao uso inapropriado que as inflaciona com toda ordem de significados subjetivos, inviabilizando qualquer discussão minimamente razoável. Por essa razão, Confúcio, em seus “Analectos”, nos lembra que todo aquele que queira trazer paz e justiça para a sociedade, antes de qualquer coisa, deve procurar retificar as palavras para que as pessoas possam realmente vislumbrar as realidades às quais elas se referem e não apenas as impressões turvas advindas de termos carregados com toda ordem de vícios retóricos e ideológicos. Exemplos de distorções abundam no mundo contemporâneo e, por conta disso, não é à toa, nem por acaso, que o cenário que vislumbramos diante de nossas vidas é o que é: nem um pouco alvissareiro. Se par...

PARA QUE O FRACASSO NÃO SUBA À CABEÇA

É salutar que, quando o assunto é educação, procuremos garantir que todos, como nos lembra Fernando Sabino, iniciem sua jornada do mesmo ponto de partida. No entanto, querer que todos obtenham os mesmos resultados no ponto de chegada, além de ser uma impossibilidade, é uma crueldade. Essa observação, à moda mineira, feita pelo referido escritor, segue o mesmo caminho apontado pela professora Inger Enkvist, que nos lembra que é extremamente temerário um sistema educacional que exige muito pouco — ou que exige praticamente nada — dos estudantes em seus anos de formação. No caso brasileiro, é um pouco pior, porque, além de pouco exigir dos jovens, ainda quer, a todo custo, incutir em suas cabecinhas que eles são protagonistas da construção do seu próprio conhecimento. Não são poucas as autoridades políticas e acadêmicas que dizem aos quatro ventos que as aulas devem ser mais “interessantes”, “diferenciadas”, etc., para atrair os alunos, que devemos investir mais em “metodologias ativas”, ...

NÃO ADIANTA FUGIR DO ASSUNTO

Muita coisa já foi escrita a respeito da importância da leitura para uma vida bem vivida e, algo me diz, muito ainda será escrito sobre este assunto candente, porque, como todos nós sabemos — e fingimos não saber —, ler e escrever não são habilidades inatas. Muito pelo contrário, elas são aprendidas a duras penas, e quem diz o contrário ou está enganado ou mentindo de forma canhestra. Por isso, não é à toa nem por acaso que a grande maioria das pessoas que aprende a ler e escrever utiliza essas preciosas habilidades apenas em situações profissionais, onde elas são indispensáveis, ou em circunstâncias de pouca valia, como um bate-boca em um grupo de WhatsApp ou em uma rede social qualquer. Fora disso, a leitura, juntamente com a escrita, é desdenhada de forma soberba. Ora, não são poucas as pessoas, detentoras de um canudo que atesta a sua passagem pelos bancos do ensino superior, que enchem a boca para dizer que nunca leram um livro de fio a pavio (acreditem, existe muita gente desse n...

A NUDEZ QUE NINGUÉM QUER VER

O conto de fadas “A roupa nova do rei”, de Hans Christian Andersen, para nossa consternação, sempre tem algo muito desconfortável a nos revelar com a simplicidade de suas palavras. Sim, dói termos de admitir que somos fascinados demais pelos modismos de última hora, que somos escravos daquilo que os outros pensam — ou deixam de pensar — a respeito de nós e, assim o somos, porque nos recusamos a enxergar e a reconhecer as verdades que estão diante dos nossos olhos e bem debaixo das nossas ventas. Falando-se de modismos, um que encanta os burocratas do saber são as tais “metodologias ativas”. Para todos os lados que voltamos nossas vistas, encontraremos alguém jogando confetes nas ditas-cujas, conclamando a todos para que tais traquitanas ocupem o centro das salas de aula. Sim, há muitas pontas soltas em torno desse espinhoso assunto, muitas, mas de todas elas a que mais nos chama a atenção são as observações feitas por alguns alunos que, periodicamente, experimentam esse modismo. Uns as...

UMA SOCIEDADE CANSADA

José Ortega y Gasset, em seu livro "Misión del Bibliotecario", publicado no início do século XX, chamou a atenção para a grande quantidade de livros que inundava o mercado editorial, o que, por sua vez, se tornava um problema para qualquer pessoa que desejasse adentrar o universo do conhecimento. Também na primeira metade do século XX, Gilberto Freyre, em seu livro "Retalhos de jornais velhos", apontou para esse mesmo fenômeno e lembrou que a maioria absoluta das obras publicadas não trazia nada que realmente merecesse a atenção dos leitores. Aliás, Ortega y Gasset apontava o mesmo em sua reflexão, lembrando que, a seu ver, essa tendência apenas aumentaria com o passar do tempo. Bem, cá estamos nós, navegando com o barquinho de papel da nossa consciência em meio a esse oceano bravio de informações, sem saber muito bem o que fazer ou por onde começar. Diante disso, penso que o primeiro ponto que devemos ter claro é que não é bom querermos saber tudo, nem desejarmos e...

AS ARTIMANHAS DA DOUTA IGNORÂNCIA

Machado de Assis disseca a alma brasileira de forma cirúrgica, revelando a mediocridade e as mesquinharias do nosso dia a dia. Todo aquele que costuma deitar as vistas nas páginas deixadas pelo Bruxo do Cosme Velho sabe muito bem do que estou falando. De todas as suas obras, creio que “A teoria do medalhão” é um verdadeiro soco no estômago, onde, de forma cáustica, o autor toca numa terrível ferida purulenta que há muito se faz presente na alma brasileira: essa mania, essa vergonhosa feiura de confundir afetação com notoriedade. Um bom exemplo desse tipo de impostura é a pose que muitos adotam para aparentar profundidade em seus colóquios flácidos, insinuando que todo aquele que ousar discordar de seus palpites deveria, antes de qualquer coisa, estudar história. Pois é, sempre ela, a história. Sim, todos nós deveríamos estuda-la mais e, se o fizéssemos, compreenderíamos rapidamente o quão pouco sabemos, mesmo nos dedicando muito a ela. De quebra, notaríamos também o quão inócuas e vazi...

COM A BÚSSOLA QUEBRADA

Já faz algum tempo que, em nosso triste país, adota-se a prática daquilo que se convencionou chamar de “progressão continuada” que, em resumidas contas, é o exercício da aprovação pela aprovação. Podemos dizer que tal prática, há décadas envenenando o sistema educacional, seria similar à atitude de um médico que, levianamente, daria alta ao seu paciente, não porque ele está com sua saúde restabelecida, mas sim porque o prazo estabelecido para o fim do tratamento findou. Falando nisso, lembro-me de uma reportagem de 2006, se não me falha a memória, que apresentava um pai que foi até as autoridades competentes questionar a razão pela qual o seu filho havia sido aprovado (por conselho de classe), sendo que o “abençoadinho” tinha reprovado com notas baixíssimas em cinco disciplinas. O pai, com a simplicidade daqueles que veem o óbvio ululante, perguntava: “Mas se ele não aprendeu, por que ele está sendo aprovado?” O ponto em questão, na reportagem, era a pressão que os professores sofriam ...

A AGONIA DE ULISSES

Recentemente, tive a felicidade de encontrar em uma modesta livraria um livro de Antoine de Saint-Exupéry, “Carnets”, que reúne algumas reflexões e anotações que o piloto/escritor havia deixado em alguns caderninhos.   Em uma passagem, ele simplesmente diz, de forma melancólica, que o ódio é abominável; e o é por projetar em nossa alma imagens tremendamente falsas. Imagens falseadas sobre os outros e sobre nós mesmos e, quando nos permitimos ser tragados por essa tempestade, acabamos por nos desumanizar uns aos outros, crentes de que, ao fazermos isso, estamos montados na razão, autorizados pelos céus e cobertos com o manto de todas as virtudes.   Ora, se não somos mais capazes de sentar e ouvir atentamente aqueles que pensam diferentemente de nós sem termos um rompante, uma crise de pelancas, é sinal de que a ordem não mais existe. Não me refiro à “desordem democrática”, refiro-me à desordem da nossa alma. É nela que toda inversão de valores principia, é no solo do nosso cora...

ATRAVÉS DOS OLHOS OBLÍQUOS

A pergunta que há mais de cem anos não quer calar: Capitu traiu ou não traiu Bentinho? Quantas e quantas páginas já foram escritas sobre isso e, creio eu, muitas mais ainda serão. Mesmo assim, algo me diz que não se chegará a uma conclusão definitiva. Este escrevinhador, de sua parte, diante do monumento literário que é Dom Casmurro, interpreta a obra a partir de outra chave. Não a vejo como a história de uma [suspeita de] infidelidade conjugal, mas sim como a história da degradação de uma alma. Podemos dizer que, de certa forma, Dom Casmurro seria um excelente símbolo para pensarmos a degradação da alma brasileira. Bentinho, como todos sabemos, era filho de Dona Glória, que fez inúmeras promessas a São Tiago, nutrindo a esperança de que seu amado filho viesse a ser padre, que ele se tornasse, como direi, um santo. Porém, como diz o “meme”, no meio do caminho aconteceram coisas, muitas coisas que o desviaram do seu propósito original. Ele conhece Capitu, foi para o exterior e, por fim,...

TALVEZ SEJA TARDE DEMAIS

Gustavo Corção, em seu livro “As Fronteiras da Técnica”, afirma de forma categórica que não teme a bomba atômica. O que ele realmente teme é a mão que segura a caneta, a mão dos políticos e burocratas que determinam os rumos a serem tomados e que afetarão a vida de muitíssimas pessoas.   Lembro-me dessa passagem da obra de Corção devido a um dado que, por razões não tão ocultas assim, não ganhou e não está ganhando a atenção que deveria receber. No caso, é o triste fato de que, segundo pesquisas, os alunos brasileiros seriam os mais indisciplinados, desregrados e licenciosos do mundo.   Esse dado vergonhoso nada mais é do que o resultado da mentalidade que se formou a partir das concepções pedagógicas que norteiam as políticas públicas em nosso país. No correr de décadas, essa mentalidade transformou o espaço escolar em uma terra de ninguém, um espaço instável onde as regras não são claras. Nesse cenário, exige-se de forma atávica que os professores realizem a façanha de educa...

UMA NAU DESGOVERNADA

A educação, nesta "terra de desterrados", como diria Sérgio Buarque de Holanda, descarrilou de vez e, francamente, quem não percebe isso provavelmente vive no mundo da lua ou na terra do nunca.   É importante lembrar que a falência do sistema educacional não é obra exclusiva de um governo ou fruto específico de um único intelectual. Nada disso, cara-pálida. Esse medonho bebê reborn tem muitos pais e mães que, por um lapso de dissonância cognitiva, não querem nem saber de reconhecer o seu pimpolho grotesco.   Dito de outro modo: da mesma forma que o subdesenvolvimento não é improvisado, como nos ensina Celso Furtado, a antieducação que impera em nosso país é o resultado de uma série de decisões tomadas ao longo dos séculos e, diga-se de passagem, estão sendo muito bem cimentadas pelas opções adotadas nas últimas décadas.   O problema não está presente apenas nesta terra onde há palmeiras [sem mundial] e onde canta o sabiá. O problema está presente em toda a América Latina ...

SUA PISCINA ESTÁ CHEIA DE RATOS

Confesso que me causam risos – irônicos, é claro – quando leio que autoridades do executivo, de mãos dadas com seu secretariado, garganteiam aos quatro ventos que sua Unidade Federativa goza da melhor, da mais sublime e hi-tec educação da Via Láctea, quiçá, do Universo. Não digo isso por maldade, cara-pálida. É que o cenário, infelizmente, é para lá de constrangedor, para dizer o mínimo. Sim, eu sei, todo mundo sabe que essas figuras que se pavoneiam diante de todos os olhares e câmeras têm uma preocupação mastodôntica com a publicidade de suas não-realizações e de seus não-resultados. Alguns dirão que isso seria apenas uma expressão do narcisismo encruado dessa turma, mas eu, de minha parte, não ousaria dizer uma coisa dessas. Jamais. Mas, vamos em frente. Os fatos concretos são varridos para debaixo do tapete, para manter a boa imagem, fatos que refletem o que realmente está acontecendo com a educação em nosso triste país. Dito isso, vem comigo e me diga uma coisa: entulhar alunos em...

O PALCO GIRATÓRIO DA INFORMAÇÃO

“Apocalípticos e Integrados” é uma obra de Umberto Eco que, francamente, penso que todos que se preocupam com os efeitos da cultura de massa na formação da personalidade deveriam ler e, após isso, refletir serenamente a respeito dos seus apontamentos e considerações.   De todas as advertências, há uma que considero basilar: o fato de que boa parte das pessoas que reconhecem os males fomentados pela indústria cultural frequentemente são incapazes de perceber o quanto ela mesma afeta sua visão deformada e deformante da sociedade e de si mesmas.   Todos nós, em maior ou menor medida, fomos e somos afetados pela cultura de massa. Podemos afirmar, sem medo de errar, que ela é, para todos nós, como o ar que respiramos: está presente em tudo, em todos e, é claro, em nós também.   Por isso, como nos lembram tanto Umberto Eco quanto Vargas Llosa, devemos nos manter vigilantes com relação a tudo aquilo que cremos ser a nossa mais lúcida e crítica opinião, porque muitas vezes ela nã...