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Mostrando postagens de dezembro, 2021

OS DENTES DO JUÍZO FINAL

Quando moleque, e isso já faz bastante tempo, a galera dizia que quando nascessem os tais dos dentes do siso a gente criaria juízo. Bem, esse que vos escrevinha, por volta dos treze anos de idade, já tinha os quatro benditos. Os quatro. Pois é, mas juízo que é bom, nada. Continuei sendo um moleque da pá virada.   Neste ano, com a idade de quem já está com a certidão de nascimento amarelada, resolvi arrancar os tais sisos. Detalhe: solicitei ao dentista que tirasse todos eles de uma só vez e sem clemência. Sim, sem clemência, mas com anestesia.   Rapaz do céu, foram praticamente três horas de peleja, mas os infelizes não mais se encontram junto aos demais dentes remendados e cobertos de tártaro da minha boca suja e, diante desse fato ortodôntico, fiquei cá com meus alfarrábios, matutando em termos ontológicos: se eu já não tinha juízo tendo os tais sisos, ao arrancá-los, eu, enfim, tornar-me-ei mais ajuizado ou irei descambar de vez? Melhor nem pensar.   Mas firmemos nosso pé junto ao p

TOSCOS, TOLOS E OCOS

Todo fim de ano é aquela mesma mesmice de sempre da parte de um montão de escrevinhadores, sejam eles amadores ou profissionais; essa gente tem porque tem que escrevinhar uma reflexão de fim de ano cheinha de considerações sobre o sentido da vida, a respeito da importância dos ritos de passagem e blábláblá. Como havia dito, é a mesma lengalenga todos os anos e, enquanto um reles escrevinhador que sou - por vício, não por vocação - não irei me furtar a prática desse delicioso pecadinho.   Sim, há uma grande verdade à nossa espera nesses floreios epistolares sazonais, principalmente se formos levar em conta que nossa vida, que cada um dos dias vividos por nós, acaba sendo toda ela eivada com pencas e mais pencas de doses de monotonia. Doses estas que estão a tanto tempo conosco que já criaram aquela capinha de musgo.   É muito fácil, meu Deus do Céu, como é, voltarmos nossas vistas criticamente críticas, muito mais cricas do que críticas, para a mesmice alheia que nos incomoda e desagrad