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Mostrando postagens de março, 2023

PARA REPIMPAR O NOSSO OLHAR

É muito fácil nos iludirmos, fácil barbaridade, principalmente se acreditamos que estamos imunes a isso. Aí meu amigo, se esse for o caso, não adianta ficar olhando para o nada com aquele olhar de garoupa congelada, pra disfarçar o vexame. Não adianta mesmo.   E não tem lesco-lesco. Qualquer um que imagina-se muito crítico, pairando acima de todos os reles mortais alienados, bem provavelmente não passa de um pobre diabo que está com o seu discernimento lazarentiado de ponta a ponta.   Tendo isso em vista, penso que as palavras do historiador Carroll Quigley, em seu livro “A evolução das civilizações”, são providenciais. Ele, no referido livro, nos chama a atenção para um problema que frequentemente turva, de modo significativo, a nossa percepção da realidade e bem como a nossa compreensão a respeito da dita-cuja.   Quingley lembra-nos que todas as vezes que nos inteiramos a respeito de algum assunto, necessariamente, nós o fazemos tomando como referência um modesto conjunto de princípi

DIÁRIO DE INSIGNIFICÂNCIAS E INCONGRUÊNCIAS (p. 32)

Não se realiza nada de realmente significativo com rompantes intempestivos. A única coisa que se consegue fazer nessa base é uma série de cagadas.   #   #   #   A consciência individual é a bússola da alma.   #   #   #   Um homem sem planos para a sua vida é apenas um bichinho que parou no tempo, só um garotinho mimado com barbinha aparada na régua.   #   #   #   Sem amor ao próximo, a beleza torna-se uma impossibilidade.   #   #   #   Não se realiza a tal da educação com plataformas digitais com mil e um badulaques modernosos. O que realmente ensina, forma e educa uma pessoa é a presença viva de uma personalidade amadurecida.   #   #   #   Estarmos pensando não é sinal de que existimos, da mesma forma que sonhar não é um indicador de que bem vivemos. Existimos porque lembramos dos sonhos que não realizamos e vivemos, porque não esquecemos que ainda temos tempo para realizá-los.   #   #   #   Apenas os olhos que choram são capazes de ver e reconhecer a verdade. Somente aqueles que não

DIÁRIO DE INSIGNIFICÂNCIAS E INCONGRUÊNCIAS (p. 31)

O suficiente, muitas vezes, não é o bastante.   #   #   #   O medo emburrece qualquer um, principalmente quando essa tranqueira se fantasia, em nosso coração, com os andrajos da falsa prudência e com os trapos da modéstia dissimulada.   #   #   #   Somente começamos a trilhar a pedregosa estrada do amadurecimento, quando entendemos que é imprescindível que nos esforcemos abnegadamente para nos superar. Não apenas isso. É necessário que jamais esqueçamos que a superação, por si só, por mais meritória que seja, não é suficiente para realizar essa empreitada. E não o é, porque a maturidade exige mais, muito mais do que apenas a nossa vaidosa autoafirmação.   #   #   #   Se possível for, nunca, nunquinha, chamemos de interpretação os nossos erros, equívocos e confusões. Chamar esses trens de interpretação [crítica] é similar a confundir focinho de porco com tomada.   #   #   #   Desde que inventaram a palavra “desculpa”, o número de canalhas, babacas e demais criaturas infames, não parou m

BEM LONGE DO CORAÇÃO SELVAGEM

Ah! Macabéa adormecida, que insiste em permanecer em berço esplêndido a sonhar, esperando a sua hora chegar para ver sua estrela brilhar. Mas o seu problema, querida Macabéa - que não quer acordar - é o mesmo de todos nós, brasileiros, praticantes ou não: a cada 15 anos acabamos esquecendo tudo que aconteceu nos últimos 15 anos, como bem nos advertia, sarcasticamente, Ivan Lessa.   Sofremos de uma intratável amnésia (depre)cívica, fruto, talvez, de nossa orfandade histórica, que nos faz cair num desamparo tal que, feito baratas tontas, e com uma inenarrável credulidade, acreditamos em toda e qualquer porcaria que nos seja regurgitada pela grande mídia em nosso colo.   Sim, eu sei que todos nós diremos que somos almas calidamente críticas e que, por isso mesmo, tudo aquilo em que depositamos nossa confiança passa, necessariamente, pelo crivo das peneiras da averiguação das fontes, da confrontação dos pontos de vistas divergentes e do exame da razoabilidade do que está sendo recebido por

A PATETOCRACIA CONTRA-ATACA

O jornalista Lucas Mendes conta-nos que, no comecinho dos anos 90, durante o governo do “jagunço yuppie”, Fernando Collor de Mello, era comum vermos jornalistas brasileiros, em tom de provocação, cantarolar e assoviar a música da campanha do Lula quando o presidente - que dizia ter “aquilo” muito roxo - aparecia numa coletiva de imprensa.   Ele, naturalmente, ficava “PC da vida”, mas, nem por isso mandava calar em definitivo os jornalistas, ou algo “democraticamente” similar a isso.   Porém, infelizmente, nos dias atuais, os tempos são outros, os ares também, tendo em vista que paira sobre nós a batuta da patetocracia. Sem dúvida alguma, hoje vivemos sob a sua égide.   Quanto ao termo patetocracia, infelizmente, não foi inventado por esse que vos escrevinha. Não. Ele foi cunhado pelo escritor José Carlos de Oliveira na década de 60 em sua coluna no JB e, para o desgosto geral da nação, continua mais atual do que nunca.   Sim caríssimos! Tem patetocracia de direita, de esquerda, de cent

NÃO É MAIS CINZENTA

A beleza, a majestade e tudo o mais que transpire e inspire boniteza, encontra-se nos detalhes.   Seja uma grande edificação, seja modesta bandeja com café, manteiga e pão, a pureza da intenção encontra-se nos pequenos detalhes, que apenas podem ser vistos e apreciados por aqueles que negam-se a ser apequenados pelas mesquinharias que abundam neste mundão de olhos tacanhos, que faz pouco caso da singeleza dos pequeninos gestos amorosos.   Bem, nesta data, eu e minha amada, nos encontramos muito, muito perto das bodas de prata. O que vivemos neste quase quarto de século não está no gibi, nem na Enciclopédia Barsa.   Meu Pai do Céu! São muitas histórias, aventuras e loucuragens, muitas, carinhosamente guardadas no relicário da memória que a tudo afaga; mas também houveram muitas tretas e arranca-rabos, devidamente abandonados nas páginas esquecidas do passado.   Mas há um momento que, com toda indiscrição que me é tão querida, irei contar.   O primeiro contato nosso, meu e dela, foi numa

ESCOLHER O MAL É ABUSAR DA LIBERDADE

Há um velho ditado mineiro, repetido muitas vezes pelo falecido Tancredo Neves, que afirma que nós temos dois ouvidos, dois olhos e uma boca e, por isso, deveríamos procurar enxergar bem, ouvir atentamente e, se possível, deveríamos falar apenas o necessário.   Acabei descobrindo em minhas leituras, que não me largam, que o referido dito popular teria sido proferido primeiramente pelo filósofo Zenão a um jovem petulante, conforme nos conta Diógenes Laércio, em seu livro “Vidas y opiniones de los filósofos ilustres y de cada escuela filosófica”.   Seja como for, pouco importa pela boa de quem chegou tal conselho tenha até nós, porque o dito é uma verdade cristalina e, por isso, uma verdade difícil de ser ouvida e, mais difícil ainda, de ser admitida e aplicada em nossa porca vida.   É difícil porque apenas ouvimos bem, apenas enxergamos atentamente, quando realmente desejamos conhecer a verdade a respeito de algo para que, desse modo, sua luz venha a dissipar as sombras do engano e do e