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Mostrando postagens de março, 2022

CORAÇÕES E MENTES MUTILADOS # 008

  Sem uma boa dose de paciência, e uma boa porção de persistência, não realizamos nada que preste nessa vida. Nadica de nada. Essa é uma das muitas lições preciosas que vemos presentes nos episódios da série animada “Naruto”.   Dedicação, esforço, resiliência, enfim, as lições virtuosas que se apresentam em cada um dos episódios, e na vida de cada uma das personagens, são preciosidades que, por inúmeras razões inconfessáveis, são desdenhadas soberbamente por nós.   Falando-se em Naruto, lembrei, não sei por qual razão, de um escritor que gosto pra caramba: o portuga Lobo Antunes. Essa fera das letras afirma, de forma lacônica, que escrever não é difícil. Na verdade, segundo ele, seria tremendamente fácil fazer um lápis bailar sobre uma página em branco. O que realmente seria um tormento, algo que sugaria todas as nossas energias, e exige uma baita dose de perseverança e de resignação, é o trabalho de revisão. Esse sim, segundo ele, é de matar.   E não adianta reinar feito um Ford velho

CORAÇÕES E MENTES MUTILADOS # 007

  Há certas verdades que estão diante de nossas ventas e, mesmo assim, sabe-se lá por que cargas d’água, nos recusamos a enxergá-las.   Algumas delas são de interesse meramente pessoal e, por isso mesmo, cada um sabe onde o seu sapato aperta ou, ao menos, deveríamos saber e, por teimosia, preferimos fingir que não há nenhum calo existencial nos incomodando no garrão de Aquiles da nossa vida.   Agora, existem algumas verdades que dizem respeito a todos nós. Verdades essas que se forem ignoradas não apenas tornarão a nossa vida uma grande meleca, mas melecará a vida de muitos.   Uma delas é a seguinte, tome nota: é impossível ensinar algo para alguém que não quer nos ouvir. Podemos pintar o sete, nos virar nos trinta, recitar mil e um encantamentos, utilizar toda ordem de traquitanas tecnológicas, não importa, se o indivíduo não quiser nos ouvir ele simplesmente fará aquela cara de paisagem para disfarçar a sua total indiferença, ou então, como ocorre em muitos casos, agirá de forma ma

CORAÇÕES E MENTES MUTILADOS # 006

    Motivação. Creio que não há palavra mais entediante do que essa no vocabulário que é utilizado de forma corrente em nossa época. Dá-se a impressão de que se nós estivermos, todo santo dia, tremendamente motivados, ligados no duzentos e vinte, tudo estará resolvido. Pois é. Mas não é assim que a banda toca.   Qualquer pessoa suficientemente madura sabe muito bem que no nosso dia a dia o elemento de ordem motivacional é mínimo, para não dizer insignificante. Não apenas isso. Na maioria das vezes, tais elementos dessa feição são simplesmente desnecessários.   Aliás, quanto mais uma pessoa se preocupa com a sua motivação, mais ela corre o risco de se ver mergulhada, até os gorgomilos, em uma sorumbática lagoa de desânimo. Na verdade, é o que vemos acontecer, com grande frequência, com muitas pessoas. É o que vemos rotineiramente acontecer com as tenras gerações.   E de tanto dar importância para este elemento pra lá de secundário, acaba-se por desdenhar de forma significativa um quesit

CORAÇÕES E MENTES MUTILADOS # 005

Tudo deve ser chamativo, cativante, empolgante, divertido, estimulante, o maior barato. Essa é a toada que é tocada há décadas por todos aqueles que amam falar sobre a tal da educação sem nunca ter-se dedicado, realmente, por algum tempo, a essa empreitada e, principalmente, sem nunca ter, de fato, levado à sério a sua.   Sim, esse é um canto de sereia que é cantarolado em várias esferas, nos mais diversos tons, com os mais variados arranjos e, de tanto ser encenado, incontáveis almas distraídas, num e noutro momento de desatenção, acabam crendo que tal cantilena seja uma expressão fidedigna da realidade e passam a repetir a mesma música como se essa fosse um eco do seu coração.   E como esse é um mantra que é repetido exaustivamente por doutores, políticos, burocratas, jornalistas e demais criaturas similares, penso que seja importante lembrarmos de uma obviedade que, ao menos para mim, parece ser tremendamente ululante. A sala de aula não é um picadeiro de circo. A aula não é, e não

CORAÇÕES E MENTES MUTILADOS # 004

  É muito comum ouvirmos uma e outra pessoa falar, aqui e acolá, uma e outra coisinha a respeito da tal “geração do mimimi”, ou da “cultura do vitimismo”, enfim, sobre as incontáveis pessoas que se veem tomadas até a medula por um intenso sentimentalismo tóxico que as reduz a uma condição, no mínimo, degradante.   Infelizmente, tais comentários, sejam eles devidamente fundamentados, ou meramente superficiais, apontam para uma realidade incontestável que se faz presente, de forma gritante, em nossa época. Porém, tal fenômeno não surgiu do nada e não é um fruto que foi gestado por uma suposta predisposição do nosso tempo para esse tipo de impostura. Nada disso. Lembremos, sempre, que toda encrenca presente tem lá suas raízes remotas.   Já faz um bom tempo que vemos incontáveis teóricos da educação, e borbotões de psicólogos, referindo-se a [suposta] grande fragilidade psíquica e social do indivíduo humano, sobre o grande perigo que sentimentos e estímulos negativos podem ter na constitui

CORAÇÕES E MENTES MUTILADOS # 003

Rebeldia. Aí está um trem que foi alçado ao patamar de [suposta] virtude cívica número um. Quantas e quantas vezes ouvimos vozes, que se ufanam de sua hiperbólica criticidade, afirmar de forma enfática que a indignação é algo que deve ser estimulado e devidamente cultivado desde a tenra idade porque, segundo as mesmas vozes, não poderíamos falar de cidadania se não cevássemos em nosso coração essa besta-fera que é a tal da indignação.   Muito bem, muito bem, muito bem. Agora vejamos uma coisa: qual a diferença excelsa que há entre a tal da rebeldia crítica e um ataque de birra de uma criança mimada? Qual seria a diferença que existe entre uma crise manhosa e uma manifestação de indignação histrionicamente encenada? Apenas a idade dos sujeitos envolvidos e a direção que cada uma delas está voltada.   Trocando por moela, ou por qualquer outro miúdo de sua predileção, não é preciso ensinar alguém a se rebelar, ou a ficar indignado, tendo em vista que naturalmente nós sabemos fazer isso mu

CORAÇÕES E MENTES MUTILADOS # 002

  Tornou-se um lugar comum, já faz um bom tempo, afirmar que a reprovação de um aluno, por este não ter atingido os pré-requisitos mínimos necessários, seria uma prática retrógrada, ultrapassada, e que a defesa de tal expediente seria uma atitude que estaria sinalizando uma grande falta de sensibilidade e empatia para com os educandos e suas dificuldades e limitações.   Tal afirmação além de ser falsa do princípio ao fim é, também, muitíssimo maliciosa.   Primeiramente, afirmar que algo é retrógrado é um dos ardis retóricos mais antigos e malandros da história. Quando afirmamos que algo tem esse perfil, não estamos colocando-o no centro da mesa de debates para avaliar os seus pontos positivos e negativos, muito pelo contrário, estamos simplesmente tirando-o, para todo o sempre, de qualquer mesa de discussão, pois o que é tido na conta de ultrapassado não se discute, simplesmente se descarta.   Por isso, sem medo de ser rotulado como sendo um caboclo retrógrado, digo que reprovar um alu

CORAÇÕES E MENTES MUTILADOS # 001

  Quando chega o fim do dia, vemo-nos todos com aquela cara de ônibus lotado, cansados, ansiosos para chegarmos em nosso canto e sermos acolhidos no aconchego do nosso lar e, nele estando, não queremos saber que mais nada aporrinhe a nossa fatigada cumbuca pensante.   Bem que queremos isso, mas não tem jeito, quando nos damos conta, lá estamos nós nos apoquentando com algo. Algumas vezes, esse algo que nos rói, realmente pode ser corrigido e melhorado por uma ação deliberada por nós, porém, na maioria das vezes, nos incomodamos com perrengues que, definitivamente, não são movidos nem mesmo um milímetro para diante com nossas elucubrações cerebrinas.   De todos esses trens fuçados, há um que, realmente, pode ter seu curso mudando com nossas matutadas. Esse trem seria a tal da educação. Não digo isso a respeito da educação nacional, do sistema de ensino, nem mesmo sobre o curso que a dita cuja tenha tomado no âmbito municipal. Nada disso. Refiro-me simplesmente a correção da educação adq

DAS CINZAS E PARA ALÉM DELAS

    Deus ri dos planos humanos, dos nossos planos. Quer dizer, não sei se Ele ri, mas, com toda certeza, o Altíssimo não dá o mesmo valor que damos aos nossos projetos, sejam eles milimetricamente traçados ou meramente sonhados nas coxas.   O Senhor vê nossos planos não a partir do mesmo plano em que nós nos encontramos. Não. O olhar Dele não é tacanho, mesquinho e nublado pela vaidade nossa de cada dia. Enquanto nós ficamos tateando pela vida, male mal enxergando um palmo para diante do nosso nariz, achando que temos um olhar penetrante similar ao de uma águia, Ele, tudo vê, com uma amplitude que faria uma águia sentir-se um verme rastejante agonizando na poeira da vã glória de nossos planos pra lá de humanos.   Deus vê nossos planos a partir de outro plano que, devido a nossa miserável condição, é incompreensível para nós, meros mortais, soberbamente humanos e, por isso, ao nos olhar, Ele se derrama todo em misericórdia.   Como Pai generoso que é, Ele procura utilizar-s