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Mostrando postagens de abril, 2023

DIÁRIO DE INSIGNIFICÂNCIAS E INCONGRUÊNCIAS (p. 35)

Não digo que todo povo tem o governo (executivo e legislativo) que merece porque tal encrenca não é uma questão de mérito não. Na verdade, penso que todo o governo, de um modo geral, nada mais é que uma expressão do espírito público que anima a sociedade. Trocando em miúdos: cada povo tem o governo que pode ter, merecendo ou não a tranqueira que o (des)governa.   #   #   #   Nesta vida apenas encontramos consolo quando primeiramente aprendemos a consolar. Essa lição, tão simples, presente na oração de São Francisco de Assis, repetida diariamente por nós, deveria ser uma chama ardente em nosso coração que, infelizmente, encontra-se com seus átrios e ventrículos intoxicados por toda ordem de ideologias modernosas, que querem a todo custo nos levar a crer que somos grandes vítimas, as maiores de toda a história. Não é à toa, nem por acaso, que vivemos pelos quatro cantos entregues a toda ordem de lamúria, fazendo das reclamações estéreis a nossa única oração.   #   #   #   Somente um cadá

CABEÇA PARADA É OFICINA DE ALGORITMO

Muitas vezes nos deparamos com um texto de difícil compreensão e, diante da dificuldade encontrada, podemos, de forma despojada, admitir que precisamos nos aprimorar na arte da leitura ou, como acontece muitas vezes, podemos, com os olhos cheios de bazófia, dizer que o texto é incompreensível porque está mal escrito, ou algo do gênero.   Doutra parte, quando o autor de um texto recebe um comentário desse feitio, apontando para a possível inelegibilidade de seu escrito, este pode, com desprendimento, se perguntar como ele poderia tornar as ideias que vertem do seu tinteiro mais claras e compreensíveis para aqueles que forem deitar suas vistas em seu trabalho, ou então, tomado pela empáfia, pode julgar que as observações feitas por seu leitor são apenas o fruto de uma almas desprovida de cultura, de discernimento acanhado e assim por diante.   Seja na posição do leitor, ou no lugar do escritor, infelizmente, na maioria das vezes, o que mais abunda entre nós seria justamente a atitude sob

DIÁRIO DE INSIGNIFICÂNCIAS E INCONGRUÊNCIAS (p. 34)

Para efetivamente nos instalarmos nessa tal de realidade, é imprescindível que procuremos nos dedicar, de forma amorosa e abnegada, ao estudo da filosofia e, principalmente, à reflexão histórica.   #   #   #   O conhecimento que cultivamos a respeito desta tal de História delimita, de forma significativa, a amplitude e a profundidade da compreensão que teremos a respeito das inúmeras possibilidades que estão latentes na realidade presente.   #   #   #   Não interessa se uma ideia está na moda ou não, se ela é confirmada pela imprensa e pelas panelinhas de especialistas como sendo uma “ideia boazinha”. O que realmente importa é saber se uma ideia é verdadeira ou não; e procurar com sinceridade saber isso, sempre foi, e sempre será, uma empreitada espinhosa que poucas pessoas estão dispostas a encarar.   #   #   #   Afetação de desprezo é uma tentativa desesperada para disfarçar a nossa gritante e vergonhosa impotência diante da realidade.   #   #   #   Fidelidade, constância e firmeza.

ENTRE AS COLUNAS DE HÉRCULES

A disciplina é o único caminho para a liberdade, o único caminho para a liberdade é o domínio de si. Não tem lesco-lesco. Não tem “mamãe a barriga me dói”. Sem autocontrole somos bem menos do que poderíamos ser.   Tal constatação é uma daquelas obviedades gritantes que, para serem ouvidas e assimiladas, precisam ser sussurradas ao pé do ouvido, tendo em vista o alarido que impera no mundo atual que declara, sem o menor pudor, que isso seria um grande absurdo, que não teríamos como conciliar uma coisa com a outra.   Mas a grande verdade, desdenhada pelos eco hedonistas que imperam na sociedade, e que se acomodam de forma cretina em nosso ego pra lá de indolente, é essa mesma: a disciplina é o fundamento da liberdade, a autodisciplina é o fertilizante que nos auxilia no crescimento viçoso de nossas potencialidades e na farta frutificação de todas as virtudes.   Não é à toa que, no mundo atual, devido a esse divórcio que se estabeleceu entre essas duas faces complementares da realização h

PARA REMAR CONTRA A MARÉ

Controle. Essa é a palavra-chave quando o assunto é esse tal de “desenvolvimento pessoal” e, também, quando o ponto do conto é um possível “naufrágio existencial”.   Quando procuramos cultivar o autocontrole, gradativamente, vamos nos tornando senhores de nós mesmos e isso, cara pálida, é poder. Um baita poder. Possivelmente, o maior de todos.   Agora, quando não damos a mínima, quando não paramos para considerar essa questão, sem nos darmos conta, terminamos sendo subjugados.   Controlados por nossos caprichos. Dominados por nossos impulsos. Instrumentalizados pela vontade de terceiros, que nos veem apenas como uma ferramenta útil para realização dos seus planos; planos que nós, de forma tola, pensamos que são nossos.   Quando permitimos que isso ocorra em nossa vida, nos tornamos figuras anódinas, desprovidas de personalidade, facilmente influenciáveis por qualquer força que aja sobre nós.   Por essa razão, e por inúmeras outras, é de fundamental importância que procuremos, zelosamen

DIÁRIO DE INSIGNIFICÂNCIAS E INCONGRUÊNCIAS (p. 33)

Pensamentos, ideias e sentimentos, que se agitam em nosso íntimo, não podem ser encarados como coisas inertes que nos habitam. Encará-los, por esse prisma, é uma atitude tremendamente imprudente porque, sentimentos, ideias e pensamentos, que residem nos átrios do nosso coração, na verdade são criaturas indômitas, similares a animais selvagens que nos acossam e algumas, inclusive, se assemelham a demônios, que não se cansam de nos atormentar. Por isso, muitas vezes, as ideias, sentimentos e pensamentos que fazem morada em nós devem ser literalmente domados e, em alguns casos, exorcizados.   #   #   #   Não permitamos que nossos egos inflem, inchem e sufoquem a nossa personalidade. Isso é uma tolice, uma grande tolice. Ao invés disso, podemos procurar, com paciência, exercer de forma magnânima o papel que nos cabe neste vale de lágrimas e, exercendo-o, ampliá-lo, se nos parecer necessário, para melhor servir aos nossos semelhantes. Agindo desse modo modesto e despretensioso, não nos torn

MUITO ALÉM DA ESTALAGEM DE PROCUSTO

Mêncio, o grande sábio chinês, nos ensina que um homem que se dobrou a si próprio, aos seus desejos e as suas paixões, nunca poderá endireitar os outros. Um homem que se rendeu aos seus caprichos não pode servir de exemplo de retidão para ninguém e, por isso mesmo, não tem autoridade alguma para palpitar sobre a educação de alguém, tendo em vista que a essência do ato de educar é a apresentação da retidão através do constante esforço individual para retificar de si próprio.   Aliás, como bem nos ensina o velho brocardo romano, as palavras movem e isso, como todos sabemos, é bom, mas não é suficiente. Já os exemplos, estes arrastam, e isso é a própria excelência vestida de carne e ossos; ou a decadência, dependendo do que estará sendo apresentado como exemplo.   Infelizmente, tornou-se um lugar comum no mundo contemporâneo, acreditar que a presença de um monte de traquitanas eletrônicas seria mais do que suficiente para se educar uma pessoa, como se plataformas digitais, e coisinhas sim

O LABIRINTO DE ESPELHOS

Para todas as direções que voltamos nossas vistas, vemos pessoas clamando em alto e bom tom para que a "justiça" seja feita em nosso país, digo, para que aquilo que elas entendem por justo impere sobre aqueles que elas detestam com todas as forças do seu ser, pois, todos nós sabemos, para muitos, tudo torna-se "moralmente" válido quando feito em nome do partido e da revolução, conforme a muito fora proclamado por Leon Trotski, em seu livro “Moral e Revolução”.   Detalhe importante: tais alminhas chamam de clamor por justiça o que, em outras épocas, era chamado simplesmente de denuncismo, motivado pelo clima de histeria coletiva que era insuflado por aqueles que desejavam, manobrando a horda de militantes e simpatizantes, perpetuar-se no poder, custe o que custar.   E todos aqueles que entram nessa “vibe”, esquecem-se bem rapidinho que prova de covardia maior não há do que querer destruir a vida de alguém em nome de uma crendice ideológica, que justifica um projeto t

A FÉTIDA FOSSA TÁRTARA

Todos nós acreditamos saber exatamente o que os “outros” pensam a respeito dos temas que, espaçosamente, ocupam o centro das discussões da arena pública, mesmo que não tenhamos, em momento algum, parado para ouvir com a devida atenção o que os tais dos “outros” disseram a respeito.   E não estou, de modo algum, sugerindo que seria interessante pararmos para ouvir aqueles que discordam de nós para que, tão somente, possamos, com um bofetão retórico em “si bemol”, argumentar contra aquilo que será dito por essas figuras, figurinhas e figuraças. Francamente, fazer isso é uma tremenda perda de tempo, apesar de ser divertido pacas.   É uma perda de tempo porque, praticamente, todos aqueles que se fiam nesse caminho, invariavelmente estão muito pouco preocupados em ouvir o outro e, de quebra, estão muitíssimo afoitos para vencer por vencer um bate-boca, pouco importando se tenham apenas ouvido um cadinho, e compreendido menos que isso, do que lhes foi dito, ficando perdidos, feito um peru en