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Mostrando postagens de janeiro, 2023

DO MESMO SACO FURADO

Todo anúncio, feito de forma excessiva, não passa de uma espécie de canalhice. Não importa a respeito do que seja o dito-cujo e de que maneira ele seja realizado.   Por exemplo: se o caboclo não para de dizer para si e para todos que é um sujeito dotado de uma consciência crítica, muito mais do que crítica, tremendamente crítica, pode ter certeza que o infeliz não passa de um tapado mal intencionado de marca maior.   O mesmo vale para a galera galerosa, com pose de vida intelectual mal vivida, que não para de cagar glórias e mais glórias para a tal da alta cultura de poucos frutos, de egos inchados e de diminuta estatura.   E, assim o é, porque esses dois tipos, tão rançosos quanto azedos, apesar das suas distintas e vistosas embalagens ideológicas, no final das contas, acabam sendo apenas e tão somente um produto mal acabado, feito com a mesma farinha vencida, do mesmo saco furado.   Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela https://sites.google.com/view/zanela   Inscreva-se [ aqui ]

DIÁRIO DE INSIGNIFICÂNCIAS E INCONGRUÊNCIAS (p. 28)

Há uma sentença, tão velha quanto andar para frente, que é atribuída a Napoleão Bonaparte, e a outros feras de envergadura similar, que afirma que não devemos, de jeito maneira, atrapalhar nossos adversários e inimigos quando estes estiverem cometendo algum erro. Ao que parece, em grande medida a esquerda tupiniquim aprendeu muito bem essa lição. Já a direita tupinambá ainda não a entendeu e, ao que tudo indica, não está nem um pouco interessada em compreendê-la.   #   #   #   Todo plano de ação, para ser minimamente eficiente, eficaz e efetivo, tem que ter claro quem será o sujeito agente, qual será o destinatário da ação e, principalmente, qual é a finalidade a ser atingida com essa empreitada o que, aliás, é bem diferente daquilo que nos motiva a realizá-la. Por essa razão, e por inúmeras outras, qualquer grupo, grupinho ou grupelho, que não leve esses elementos básicos em consideração, está fadado a fracassar de verde e amarelo, de forma escandalosamente patética, como nunca se viu

O SIRICUTICO QUE NOS ARREBENTA

As redes sociais ultimamente estão cheias, até a tampa, de mensagens que afirmam, categoricamente, que todos nós deveríamos, neste momento, procurar estudar mais, rezar mais, trabalhar mais e outras paradinhas mais, para nos fortalecer e, deste modo, melhor encarar os dias que estão por vir.   A convocação está correta, mas há algo de muito esquisito nela.   Ora, foi preciso uma tragédia eleitoreira e a instauração de um regime de exceção para entender que é importante que nos dediquemos a essas coisas? É isso mesmo produção? Creio que não.   Francamente, todas essas declarações inflamadas exalam afetação, não amor ao conhecimento. Transpiram exibicionismo, propaganda de cursos [supostamente] "maravilhosos", mas não o desejo sincero de tornar-se melhor.   Não é de hoje que no Brasil se idolatra títulos, cargos, sinecuras, bajulações grupais e, se formos ousados e realizarmos uma justa autocrítica, perceberemos que muitíssimas das nossas ações e reação tomam por base esses tre

TÃO DEPRIMENTE QUANTO ESCANDALOSO

É muito difícil entender algo, qualquer coisa, quando passamos, literalmente, o dia todo com as ventas grudadas em uma tela. Seja a tela de uma TV, ou de um celular, ou as duas juntas e misturadas num promíscuo bacanal.   Quando passamos longas horas com nossa minguada atenção sendo sugada por um fluxo contínuo de imagens aleatórias, o resultado é um só: a corrupção da nossa concentração e do nosso discernimento.   Sem nos darmos conta, vamos desaprendendo a parar para ouvir alguém com a atenção que o ato exige.   E o trem fica mais louco quando não mais sabemos o que significa parar para ler, reler, refletir e compreender o que está sendo dito em um texto.   Aliás, faz quanto tempo que nós não mais conseguimos parar para ouvir alguém? Nós realmente conseguimos parar para ler algo que exija de nós mais de 5 minutos de atenção?   Pior! Qual foi o último livro que nós lemos e, ao lê-lo, quantas consultas realizamos ao dicionário, e a outras obras, para melhor compreendê-lo?   Pois é. Se

DIÁRIO DE INSIGNIFICÂNCIAS E INCONGRUÊNCIAS (p. 27)

É necessário, é urgente que criemos vergonha na cara e encaremos de frente as mais duras verdades sobre nós, para depurarmos nossos corações e mentes dos inúmeros enganos e autoenganos que tomaram conta do nosso olhar.   Se não tivermos a pachorra de realizar essa empreitada, continuaremos andando soturnamente em círculos, repetindo os mesmos erros, as mesmíssimas sandices e justificando-as, é claro, com os mais nobres e estúpidos sentimentos.   #   #   #   Repetir os mesmos erros, justificando-os com nobres sentimentos, não transforma eles em acertos.   #   #   #   Se você pegar um punhado de atitudes impulsivas e ingênuas e repetir mil vezes, para si mesmo, que tudo isso, junto e misturado, seriam elementos sutis de uma grande estratégia, elas não irão, num passe de mágica, se transformar em um plano de ação digno de um Napoleão Bonaparte. Não seu bocó. Tudo isso continuará sendo apenas e tão somente um punhado de atitudes pueris e irrefletidas, mal e porcamente fantasiadas de cidada

DIÁRIO DE INSIGNIFICÂNCIAS E INCONGRUÊNCIAS (p. 26)

Para entender minimamente qualquer treta, de qualquer natureza, é imprescindível que sejamos capazes de admitir o quanto nós realmente sabemos a respeito. E, na maioria das vezes, é muito pouco, bem menos do que imaginamos.   Se não somos capazes disso, se fizermos pouco caso diante da importância dessa atitude de humildade frente à realidade, corremos o risco de cair no mais abjeto autoengano, imaginando que estamos criticamente inteirados de tudo e mais um pouco e, ao final, podemos terminar fazendo um monte de besteiras.   #   #   #   Não é à toa, nem por acaso, que existam boleiras e mais boleiras de almas sebosas arrotando jargões políticos e frases feitas, como se isso fosse a expressão da mais cristalina sabedoria.   Não é à toa porque esse tipo de lixo é a única coisa que muitas pessoas consomem, preferencialmente reunidas em confabulações sem fim, em inconsequentes assembleias digitais onde os seus membros são desprovidos de discernimento, comedimento e bom senso.   #   #   #

AS FLORES SOBRE O SEPULCRO CAIADO

José Ortega y Gasset. Aí está um cabra cuja obra todos nós deveríamos conhecer e, se não conhecemos, estamos atrasados, mais uma vez, só pra variar. Enfim, vida que segue.   Segundo o simpático filósofo espanhol, em sua obra (anote aí) “A Rebelião das Massas”, um dos principais inimigos da cultura e da sociedade seriam aqueles mocinhos e moções que desfrutam do legado das gerações que nos antecederam e ignoram, despreocupadamente, o modo como este foi edificado e, por ignorar isso, sem querer acabam por destruir o tal legado.   Em alguma medida, todos nós somos um pouco esse personagem. Alguns mais, outros menos, mas todos o somos, mesmo que não admitamos.   Ora, por todo o Brasil, do Oiapoque ao Chuí, vemos de um lado boleiras de pessoas clamando pelo “resgate” dos valores da Civilização Ocidental e, na outra banda, vemos borbotões de indivíduos bradando pela “salvação” da Democracia.   Quer dizer, cada uma das partes, em grande medida, quer salvar e resgatar o que elas entendem por C

OS PORÕES MENTAIS DO NOSSO TEMPO

Provavelmente o amigo leitor já deve ter deitado as suas cansadas vistas nas páginas do livro “Notas do Subsolo”, de Dostoievski. Se não o fez, é porque, bem provavelmente, estava muito ocupado compartilhando vídeos curtos e postagens toscas nos seus grupinhos de whatsapp, crendo que estava lutando contra as hostes do mal quando, na real, estava apenas se intoxicando de ansiedade, afogando-se na sua impotência preguiçosa, no fundo da alcova da sua consciência bitolada.   Aliás, é isso o que acontece quando nós ficamos devorando notícias feito um glutão. É isso o que ocorre quando não sabemos distinguir uma opinião, seja ela otimista ou pessimista, de uma descrição nua e crua da realidade. É exatamente isso o que acontece quando não sabemos a diferença abissal que há entre uma análise criteriosa dos acontecimentos de uma mera torcida, que tem apenas por intento, motivar a galera.   Quando não tomamos esses cuidados elementares diante do oceano de informação que nos circunda, acabamos fi