É muito difícil entender algo, qualquer coisa, quando passamos, literalmente, o dia todo com as ventas grudadas em uma tela. Seja a tela de uma TV, ou de um celular, ou as duas juntas e misturadas num promíscuo bacanal.
Quando passamos longas horas com nossa minguada atenção sendo sugada por um fluxo contínuo de imagens aleatórias, o resultado é um só: a corrupção da nossa concentração e do nosso discernimento.
Sem nos darmos conta, vamos desaprendendo a parar para ouvir alguém com a atenção que o ato exige.
E o trem fica mais louco quando não mais sabemos o que significa parar para ler, reler, refletir e compreender o que está sendo dito em um texto.
Aliás, faz quanto tempo que nós não mais conseguimos parar para ouvir alguém? Nós realmente conseguimos parar para ler algo que exija de nós mais de 5 minutos de atenção?
Pior! Qual foi o último livro que nós lemos e, ao lê-lo, quantas consultas realizamos ao dicionário, e a outras obras, para melhor compreendê-lo?
Pois é. Se formos sinceros, já sabemos as respostas para essas perguntas marotas. Respostas nem um pouco agradáveis, imagino eu, tendo em vista que, de um modo geral, desaprendemos a parar.
Parar para admirar, contemplar, refletir e, é claro, para compreender, com relativa clareza e profundidade, o que quer que seja.
Nos habituamos a nos deleitar com o prazer momentâneo que nos é regalado pelo fluxo ininterrupto de estímulos efêmeros que intoxicam continuamente a nossa alma.
Aí, tudo aquilo que não seja breve, espetaculoso e com muitas cores, acaba sendo desdenhado por nós como sendo algo chato e indigno de nossa mirrada atenção.
Enfim, por essas e outras que é imperioso que procuremos nos reconhecer dentro desse quadro deformado se, obviamente, ainda formos capazes de parar para pensar sobre a gravidade disso tudo.
Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela
https://sites.google.com/view/zanela
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