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Mostrando postagens de novembro, 2022

DIÁRIO DE INSIGNIFICÂNCIAS E INCONGRUÊNCIAS (p. 22)

Quem trabalha motivado unicamente pelo dinheiro que pode ser ganho, ou pelo prestígio que pode ser conquistado, está ralado. Qualquer um que dedique a sua vida fundamentalmente à procura desses bens, que o tempo facilmente desfaz, não passa de um tonto infeliz que, ao final, não possuirá nada, ou menos que isso, apesar de ter conquistado tudo.   #   #   #   Há muitos caboclos que afirmam que são pessoas de princípios, não de opiniões. O problema é que muitas vezes aquilo que esses caiporas, bem intencionados, chamam de princípios, não passa de um punhadinho de opiniões, superficiais e infundadas, como qualquer opinião.   #   #   #   O tempo que gastamos para formular uma opinião corresponde ao valor que ela realmente tem. Por isso, se formos realmente sinceros conosco mesmo, iremos reconhecer que a maioria absoluta das nossas amadas e idolatradas opiniões, na real, não valem nem um peido sequer. Nem unzinho.   #   #   #   Já reparou que, muitíssimas vezes, logo após termos ouvido a cha

DIÁRIO DE INSIGNIFICÂNCIAS E INCONGRUÊNCIAS (p. 21)

O bocó de mola, geralmente, se orgulha da sua ignorância, chamando-a de “sua opinião crítica”. Já aquele que não o é, sabe que sua ignorância é grande e, por isso, se esforça pra caramba, todo dia, para corrigir-se e não passar tanta vergonha, como se fosse um bocó de mola.   #   #   #   A consciência individual é o olhar divino que nos habita, por isso, relativizar o papel da mesma na condução da nossa vida é o primeiro passo para mergulharmos de cabeça na soberba negação da autoridade de Deus.   #   #   #   Mantenha a disciplina seu animal, tenha um mínimo de rotina nessa sua vidinha sem sal. Isso não vai te fazer mal algum. Agora, essa sua preguiça rabugenta, faz, como faz.   #   #   #   Pare de ficar arrumando desculpas furadas para sua vidinha de merda. Pare com isso e comece a procurar soluções para as merdas que você não se cansa de fazer com a sua vida, seu arigó de teta.   #   #   #   Arrombar as garantias constitucionais não faz de um togado um baluarte da defesa das institui

AOS TRANCOS E BARRANCOS

Um lugar comum, repetido aqui e acolá, quando o assunto é essa tal de educação, é aquele que afirma que nós deveríamos apenas e tão somente estudar aquilo que gostamos, que nos traz algum tipo de satisfação. Bem provavelmente, todos nós já ouvimos alguém dizer isso.   Ora, se formos apenas direcionar a nossa atenção para aquilo que nos apetece, se deixarmos a gurizada apenas se dedicar àquilo que lhes agrada, com o perdão da palavra, estaremos todos nos entregando de braços abertos à idiotia sem fronteiras, não à educação.   Se apenas procuramos “aprender” aquilo que não nos causa nenhum tipo de “desconforto intelectual”, estaremos limitando o nosso horizonte, ao mesmo tempo em que dizemos, para nós mesmos, que estamos “nos realizando” como pessoa.   Essa atitude lúdica e hedonista, frente ao aprendizado, é uma deformidade que domina a mentalidade contemporânea. Essa é uma justificativa esfarrapada feita sob medida para legitimar o desdém pelo conhecimento.   Esquecemo-nos que o aprend

DEFORMADOS PELAS MÃOS DA OLEIRA CIUMENTA

Ficar correndo atrás do impossível é doideira, porém, todavia e entretanto, não faltam cabeças de bagre, nesse mundão de meu Deus, que são incapazes de querer outra coisa senão aquilo que está fora do alcance das suas mãos, conforme bem nos ensina o imperador-filósofo Marco Aurélio. Quer dizer, não foi exatamente com essas palavras, mas basicamente é isso o que ele havia dito.   De um modo geral, toda vez que colocamos uma impossibilidade como meta em nossa vida, nós o fazemos não tanto para realmente atingi-la, mas sim, para justificar o nosso fracasso pessoal ou nossa desistência.   E quando queremos usar uma desculpa para nossas derrotas, a [suposta] procura pelo impossível é o subterfúgio mais utilizado por nós. Desse modo, não temos que nos esforçar para sermos mais disciplinados em nossa porca vida.   E, com o perdão da palavra, se não temos essa tal de disciplina, nós não temos nada. Se não somos capazes de impor a nós mesmos alguns limites para estabelecer um curso a seguir, se

DIÁRIO DE INSIGNIFICÂNCIAS E INCONGRUÊNCIAS (p. 20)

Há mais coisas entre o céu e a terra do que presume nosso vão apetite por [prints de] manchetes jornalísticas.   #   #   #   Não procure ser feliz. Nem feliz, nem forte, muito menos queira ser foda. Procure apenas ser bom. Isso é tudo. E tudo, sem isso, é nada, ou menos que isso.   #   #   #   Procure ser zeloso no cumprimento das suas obrigações que o resto é consequência. Se não for, pode crer: é uma dádiva graciosa.   #   #   #   Quem não se julga melhor do que ninguém não é humildade; também não o é aquele que se considera inferior a todos.   #   #   #   Quando a humildade é manifesta de forma teatral, isso é, claramente, um sinal de soberba descomunal.   #   #   #   Lição importantíssima que é ministrada por todas as tradições marciais: vence um combate não, exatamente, quem mais ataca, mas sim, aquele que mais resiste e melhor assimila os ataques.   #   #   #   Fale menos, fale pouco, mas não deixe de falar tudo aquilo que você tem a dizer.   #   #   #   Conquista não é força. A

PARA QUE A DEMOCRACIA NÃO SEJA UMA OPERETA BUFA

Todos sabem muito bem que Montesquieu propôs a divisão tripartite do poder como uma forma de minimizar os estragos que a concentração do mesmo pode causar.   Esteja o poder centralizado ou repartido, ele está sempre presente nas mãos de poucos que, apesar do sistema de pesos e contrapesos, essa minoria frequentemente acaba encontrando um caminho para burlar as limitações que lhes são impostas para impor a sua vontade sobre a sociedade e, mediante conchavos e acertos, manter aquela sensação marota de equilíbrio junto ao corpo social.   Estes poderes, formalmente divididos, procuram conviver em uma relativa harmonia, edificada por intermédio de conluios e mancomunações pra lá de republicanas, para que todos - largados, pelados e togados - possam realizar o que julgarem necessário para a manutenção da instituição dos ovos de ouro.   E no frigir dos ovos, e dos votos, tudo isso acaba sendo apenas uma encenação burlesca de democracia para sentirmo-nos como bons coadjuvantes, no papel de cid

NÃO FEDE E NÃO CHEIRA

A procura pelo sentido da vida, provavelmente, é uma das caçadas mais angustiantes que pode imperar no coração da gente, tendo em vista que uma vida desprovida de sentido é uma merda, indigna de ser vivida. Todos sabemos disso, inclusive aqueles que gostam de dar de ombros e dizer que vivem seus dias sem eira nem beira, conforme lhes der na telha.   Muitas pessoas acabam se angustiando nessa busca por imaginar que a dita cuja da razão da nossa existência seria algo épico, de grande vulto histórico, ou qualquer trem semelhante a isso. Se acreditamos num babado assim, com toda certeza, ao final o tombo será bem feio e, infelizmente, são muitos os que colocam todas as suas fichas existenciais nesse carteado duvidoso.   E por termos nossos olhos agrilhoados nesses extremos, no poço do niilismo, onde nada tem sentido, ou no cume das montanhas da grandeza, onde tudo é inefável, terminamos por ter uma visão distorcida do que realmente faz uma vida ser bem vivida, daquilo que realmente faz uma

DIÁRIO DE INSIGNIFICÂNCIAS E INCONGRUÊNCIAS (p. 19)

Quando os usos da lei são infames, é um tributo à vilania acatar as iniquidades feitas em nome da sua letra equânime.   #   #   #   A letra da lei torna-se morta e pútrida quando a tirania passa a falar em seu nome.   #   #   #   Se não podemos questionar publicamente uma decisão, tomada por qualquer um dos poderes constituídos, é porque não mais vivemos numa sociedade aberta, mas sim, numa tirania porcamente fantasiada de democracia.   #   #   #   Se não mais podemos praticar o sacrossanto esporte de criticar os poderosos da nação, é sinal de que a liberdade de expressão já era e, deste modo, cedo ou tarde, a democracia acabará sendo reduzida a apenas uma palavra bonitinha para legitimar uma vil tirania.   #   #   #   Quando os interesses de um grupo são o critério básico para limitar a liberdade de associação, de manifestação e de opinião, é porque, bem provavelmente, o que se convencionou chamar de Estado Democrático está tornando-se, apenas e tão somente, uma distopia totalitária m

PARA LUTARMOS O BOM COMBATE

Há uma história sobre um soldado, que lutou na Segunda Guerra Mundial e que, logo após ter chego ao teatro de operações, vivia apavorado, petrificado pelo medo de ter sua vida ceifada nos combates.   Com o tempo, esse soldado agrilhoado pelo medo, veio a ser um dos mais bravos combatentes da sua companhia e, essa transubstanciação da água para o vinho, deveu-se a um conselho que lhe foi dado por um dos seus irmãos de armas.   Conta-nos ele que havia um homem de meia-idade que sempre estava tranquilo, atendo as demandas dos demais e, aparentemente, sempre estava pronto para marchar pelo vale da sombra da morte.   Diante de tal exemplo de destemor, o jovem foi ter um dedo de prosa com ele, perguntando-lhe como ele era capaz de manter-se tão tranquilo diante da iminência de entrarem em combate e serem mortos.   O homem, com a mesma tranquilidade de sempre, disse-lhe que havia desistido de voltar vivo para casa. Ele esperava apenas lutar com bravura indômita para defender a liberdade contr

DIÁRIO DE INSIGNIFICÂNCIAS E INCONGRUÊNCIAS (p. 18)

A liberdade tem um preço que é todo seu, e a tirania tem um custo que é todo nosso.   #   #   #   Se não nos esforçamos para sermos vigilantes é porque preferimos viver sendo vigiados.   #   #   #   De acordo com a lógica, depois do ‘L’ ter sido feito, não tem mais jeito: está feita a senhora de uma ‘M’, uma ‘M’ pra ninguém botar defeito.   #   #   #   Nunca nos esqueçamos que gargalhadas, risos e risadinhas, manifestos de forma graciosa, dissimulada e inconstante, são a expressão mais elevada e sapiente que se pode esperar de cabecinhas de vento, onde reina a lógica do baixo meretrício ideológico, sem a menor compostura ou comedimento.   #   #   #   Não temamos o desgosto modesto que nossas palavras possam suscitar. Temamos, sim, a moderação excessiva na defesa da verdade que, com certeza, irá nos degradar.   #   #   #   Pior que o canalha orgulhoso é o indiferente pomposo.   #   #   #   Sem constância não há república. Sem honra não há cidadania. Sem isso há apenas caos. Caos devidam

A LUZ QUE NUNCA SE APAGA

Há momentos em que tudo à nossa volta parece conspirar contra. Nessas ocasiões temos a impressão de que o ar perdeu a sua leveza natural, que a luz ao invés de clarear a nossa vista, apenas ofusca o nosso olhar, levando-nos a cair de cara no lamaçal das lamentações que passa a se formar em nosso coração.   Caímos nesse pântano de lamúrias porque, bem provavelmente, depositamos nossas esperanças num ídolo oco e frágil. Ídolo esse que, como todos os demais ídolos, tem pés de barro e, cedo ou tarde, acaba desabando e termina por levar junto um tanto do nosso ânimo.   Esperamos, frequentemente, ver a realização dos nossos anseios e bem como a perpetuação dos nossos contentamentos e, tais desejos, sejamos francos, até podem ser justos, porém, quando depositamos todo o nosso senso de realização na obtenção e manutenção desses bens, quando os colocamos no centro de nossa vida, sem nos darmos conta, acabamos por transformá-los em ídolos.   Então, é justamente aí que a porca torce o rabo filoso

MUITO MAIS QUE UMA PALAVRA BONITINHA

A liberdade é um tesouro que deve ser conquistado por nós e, conquistando-a, devemos zelar por ela, pois a vilania, a tirania e seus asseclas, sempre estão espreitando sua morada, nossa alma, para usurpá-la.   Para sermos vigilantes e defendermos com unhas e dentes a nossa liberdade, é imprescindível que sejamos disciplinados.   Por mais esquisito que possa parecer aos moucos ouvidos modernosos, a disciplina é o fundamento da liberdade. Sem ela, a liberdade não é nada e, em alguns casos, menos que isso.   Quando não procuramos cingir o nosso passo pela régua da autodisciplina, devidamente edificada a partir de uma sólida base religiosa, tudo em nossa sociedade e, consequentemente, em nossa vida, começa a desandar, como bem nos lembra João Camilo de Oliveira Torres.   E é desse jeito porque, na inexistência do autogoverno da nossa vida, nós passamos a ser tiranizados pelos nossos desejos desordenados que, para a nossa infelicidade, sempre estão sendo instrumentalizados por terceiros par

MUITO ALÉM DA CRITICIDADE PUERIL

Cada um se serve de um tanto de presunção. Alguns mais, outros menos, mas não tem que escape dessa triste inclinação que habita o nosso coração pra lá de peludo.   De todas as crises de arrogância que, vez por outra, nós caímos, provavelmente a mais feroz é aquela onde nós dizemos para nós mesmos - e depois repetimos para quem estiver por perto – que as pessoas precisam aprender a pensar.   É doído isso porque, quando afirmamos que os outros precisam aprender a usar suas moringas pensantes, estamos partindo do pressuposto de que nós sabemos fazê-lo melhor do que todos.   E o pior de tudo é que se partimos desse pressuposto, bem provavelmente, nunca paramos para refletir de forma arguta a respeito da maneira como procedemos com nossas matutações cerebrinas.   Por essa razão, e por muitas outras, tenho pavor dessa conversa mole de querer ensinar os outros a pensar. Qualquer um que diga isso, nunca parou para considerar que o ato de pensar é tão espontâneo em nós quanto o são os atos de r

O CÍRCULO DE FERRO

Somos ligeiros para apontar os males que perambulam por esse mundo e que azucrinam a vida de todos, especialmente a nossa, porém, somos lerdos, de dar raiva, em tentarmos ser bons. Bah! E como somos devagar.   Então, só pra variar, podemos fazer um voto conosco e procurarmos não mais ficar reclamando, murmurando, lamentando, se queixando, praguejando, exigindo isso, aquilo e assim por diante.   Nos esforcemos para ser pacientes com todos, conosco mesmo e, principalmente, com aqueles que estão na nossa lista maldita.   Sim, eu sei, todos nós sabemos muito bem que ter paciência é um trem pra lá de difícil e, por isso mesmo, é tão urgente e necessário se, realmente, almejamos corrigir nosso modo de ser que, sejamos francos, é uma bela de uma porcaria.   Para começar, de um modo geral, todos nós esperamos que os outros deem o primeiro passo para tornarem-se, como direi, figurinhas não tão ruins; raramente cogitamos a opção de nós darmos início a essa discretíssima movimentação.   E não que