Pular para o conteúdo principal

A LUZ QUE NUNCA SE APAGA

Há momentos em que tudo à nossa volta parece conspirar contra. Nessas ocasiões temos a impressão de que o ar perdeu a sua leveza natural, que a luz ao invés de clarear a nossa vista, apenas ofusca o nosso olhar, levando-nos a cair de cara no lamaçal das lamentações que passa a se formar em nosso coração.

 

Caímos nesse pântano de lamúrias porque, bem provavelmente, depositamos nossas esperanças num ídolo oco e frágil. Ídolo esse que, como todos os demais ídolos, tem pés de barro e, cedo ou tarde, acaba desabando e termina por levar junto um tanto do nosso ânimo.

 

Esperamos, frequentemente, ver a realização dos nossos anseios e bem como a perpetuação dos nossos contentamentos e, tais desejos, sejamos francos, até podem ser justos, porém, quando depositamos todo o nosso senso de realização na obtenção e manutenção desses bens, quando os colocamos no centro de nossa vida, sem nos darmos conta, acabamos por transformá-los em ídolos.

 

Então, é justamente aí que a porca torce o rabo filosoficamente porque, como todos nós sabemos desde os nossos tempos de guri, quem deve estar no centro da nossa vida é Deus. Somente Ele e nada mais.

 

A medida da nossa plenitude deve ser a realização da vontade Dele em nossa vida, não a satisfação dos nossos caprichos que, infelizmente, são muitos e intensos.

 

Quando compreendemos e aceitamos essa realidade, torna-se claro aos olhos de nossa alma que nossa esperança deve ser, enquanto virtude, aquela chama que nos anima a perseverar na direção que está além das forças dos nossos passos demasiadamente humanos.

 

Deste modo, por mais turbulentos que sejam os dias, por mais plúmbeos que sejam os ares, nós obtemos no poço do nosso coração, aquela água muitíssimo limpa que nos lava, refresca, fortalece e nos anima para continuarmos em frente quando tudo à nossa volta nos convida ao desespero.

 

Enfim, num mundo onde tudo aparentemente perdeu sua razão de ser, é Nele que devemos esperar, viver, agir e ser.

 

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

https://sites.google.com/view/zanela

 

Inscreva-se [aqui] para receber nossas notificações.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

FRAGMENTOS DE UM DIÁRIO HETERODOXO #025

Toda guerra é uma sucessão de erros de cálculo e estratégias equivocadas e, por isso, na maioria das vezes, o vencedor acaba sendo aquele que cometeu menos erros, e não necessariamente quem lutou com mais maestria. # O ser humano, como nos lembra Cornelius Castoriadis, é um bichinho louco, cuja insanidade envenenou a sua claudicante razão. # Temos que nos esforçar para compreender como a história transforma a sociedade, como ela nos transforma e, é claro, de que maneira o seu estudo e aprofundamento a transforma. # As mais terríveis tiranias muitas vezes começam logo após a conquista de uma emancipação nominal. # É de fundamental importância compreendermos que o tal do progresso não é apenas um fenômeno complexo, ele é acima de tudo incerto. # Não há neste mundo uma coisa que seja mais enigmática do que a simplicidade. # Escrever sobre a história de qualquer coisa, em grande medida, é sempre interpretá-la. Interpretá-la de forma justa e correta, ou de maneira leviana e equivocada. * Es...

UM DIA DE NOVEMBRO

Uma vida bem vivida Para de fato sê-lo Precisa que os dias Sejam realmente vividos A contrapelo. Conheci há muito tempo Ainda quando moço Num dia de alvoroço Uma moça linda, nascida Em novembro. O tempo no seu passo Passou e cá estou Tímido feito canário Cantando desafinado Feliz aniversário Para a mulher que Eu amo. 06/11/2025

ESTAVA CHOVENDO MUITO NAQUELA NOITE

Nos famigerados anos 80 fiz um curso de datilografia. Sim, eu fiz. Meus pais haviam comprado uma Olivetti portátil, cor verde. Uma beleza. Então todas as terças e quintas à noite, lá ia o pequeno Darta com aquela maleta verde para o colégio para aprender a usar apropriadamente o barulhento e pesado instrumento de escrita. Eu queria usá-la com a mesma maestria que meu pai, que datilografava um texto sem olhar para a máquina e, ainda por cima, o fazia com a devida tabulação. Era uma destreza que eu admirava.   Quando colocava-me em marcha rumo ao colégio, sempre era acompanhado pelo meu grande amigo Monique, meu cachorro. Não sei porque ele tinha esse nome. Quando iniciamos nossa amizade ele já respondia por essa alcunha. Pequenino, de pelo marrom-caramelo, bem clarinho, de cambitos curtos e, tal qual eu, um legítimo vira-lata.   Enquanto caminhava para o meu destino, ele ia junto comigo, ao meu lado e, no caminho, íamos batendo altos papos. Sim, quando criança, conversava muito...