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MUITO ALÉM DO RONRONAR DO GATO MALHADO

Umberto Eco, em sua obra “Cinco escritos morais”, nos chama a atenção para uma questão que, ainda nos dias atuais, se faz presente sobre a mesa da opinião pública e dos botecos, que é a tal da tolerância e, de cara, o finado escritor italiano, sem dó, coloca o dedo na ferida, quando diz que para sermos realmente tolerantes, deveríamos compreender que existem muitíssimas coisas que são intoleráveis, inclusive e principalmente, em nós mesmos, que nos consideramos, assim, a “cada escarrada do bem”.   Sim, eu sei, abunda no mundo atual o número de pessoas que quer parecer fofa, fofíssima, a todos os olhares midiáticos, e que fazem questão de dizer que estão de braços abertos, feito um personagem do desenho animado “ursinhos carinhos”, para abraçar a todos, sem discriminação, no dia intergaláctico do abraço e da amizade.   Mas, aí vem a pergunta que não quer calar: é possível abraçarmos, com a mesma reverência e consideração, um integrante da Toca de Assis e um entusiasta fervoroso de Josep

REFLEXÕES E APONTAMENTOS INOPORTUNOS (p. 03)

É muito, muito importante conhecermos razoavelmente bem a obra de um filósofo, de um escritor, ou de qualquer espécime dessa seleta fauna; mas, conhecer a vida de algumas dessas figuras, com alguma profundidade, é algo imprescindível para compreendermos o quanto de suor, sangue e lágrimas é necessário derramar para se produzir uma obra que não é feita com argamassa, que não aumenta os dígitos de uma conta bancária e que, por isso mesmo, é de um valor inestimável.   #   #   #   Quem muito se ufana de ser detentor de uma “mentalidade pragmática”, no fundo e na real, não passa de um medíocre envergonhado e, por isso mesmo, incapaz de qualquer idealismo, por mirrado que seja.   #   #   #   O talento pode até, em certos ambientes, ser inspirador, mas a mediocridade, infelizmente, em nossa sociedade, é tremendamente contagiosa e ofusca o brilho de qualquer alma minimamente talentosa.   #   #   #   Aprender a lidar com as nossas contradições é o primeiro passo que deve

QUATORZE DE MARÇO

 Num certo dia, num lugar Próximo a uma lagoa antiga De plácidas águas de alegria Ciosas para refletir o luar Que viria após o crepúsculo Da tarde que se ia devagar Para alegremente saudar Uma gentil alma de luz solar Que viria a este mundo habitar. Me lembro bem, como me lembro, Foi a muito, num mês de março, Que essa menininha morena De cabelinhos bem cacheados Nasceu para tornar tudo encantado. Todos os dias, cada um deles, Não apenas e tão somente este O décimo quarto, do mês de março, Em que comemoramos o aniversário, Da minha amada filhinha, A linda e doce menininha De cabelos cacheados.

AMARELADAS CARTAS DO AZERBAIJÃO

O amigo leitor, imagino eu, já deve ter lido o livro “Cartas Chilenas”. Se não o fez, ao menos deve ter ouvido falar do referido livro, onde o autor, Tomás Antônio Gonzaga, de forma satírica, tecia incontáveis críticas à situação que imperava na amada Minas Gerais do século XVIII.   As treze cartas, que compõem a obra, eram assinadas com o pseudônimo de Critilo e eram endereçadas ao seu amigo Doroteu, pseudônimo de Cláudio Manuel da Costa.   Critilo, supostamente, residia no Chile, na cidade de Santiago, e não economiza na ironia para sentar a ripa num tal de Fanfarrão Minésio, que seria o suposto Governador da Capitania Geral do Chile.   Porém, todavia e entretanto, as críticas não eram ao suposto governador do Chile, mas sim, à corrupção do governador da Capitania de Minas Gerais, o senhor Luís da Cunha Meneses.   Para contornar o despotismo e a censura que imperavam naqueles idos, e não terminar vendo o sol nascer quadrado e, em seguida, ver-se pendurado na forca, o grande poeta rec

QUANDO AS FLORES DO JAZIGO MURCHAREM

Todos os países que adotam o tal do regime democrático, sem exceção, apresentam uma e outra imperfeição e, por essa razão, nos países onde de fato há democracia, a crítica a mesma se faz necessária para que possa-se identificar as suas possíveis deficiências e, mediante debates honestos, podermos procurar caminhos para corrigi-las, pois, é importante nunca esquecermos que a democracia é um ideal áureo, mas nós, seres humaninhos, somos uma triste figura.   Por isso, a crítica justa, e até mesmo a injusta, acabam sendo sempre ferramentas imprescindíveis, não apenas para aperfeiçoarmos os mecanismos políticos e sociais da sociedade, mas também, para que possamos nos aprimorar como cidadãos.   Aliás, um cidadão que acredita estar acima de toda e qualquer crítica, provavelmente, quando meteu o dedo na jarra da vaidade, deve ter se lambuzado dos pés à cabeça, não é mesmo? Claro que é. Da mesma forma que uma figura, que acredita que seus atos estão acima e além de qualquer correção, possivelm

BODAS DE OPALA

Foi numa conversa despretensiosa, Regada a cerveja e gargalhadas, Nas primícias do mês de março, No raiar do milênio terceiro que   Nossas mãos se tocaram enquanto Nossos castanhos olhos se cruzavam Para que nossas acanhadas almas Se aproximassem, sem medo,   Pela primeira vez. Pois é, foi numa noite de março, Quente como nos dias de hoje, Que a vinte e quatro anos passados,   Iniciamos nossa linda caminhada Ritmada no pulsar das mãos dadas Das nossas vidas entrelaçadas Pelas linhas da vida e do amor.   Te amo minha amada. (02/III/2024)

REFLEXÕES E APONTAMENTOS INOPORTUNOS (p. 02)

Deus fala conosco o tempo todo; mas apenas aqueles que, humildemente, abaixam as soberbas orelhas, são capazes de ouvir e acatar os seus conselhos.   #   #   #   Se o cálice do nosso coração está cheinho, transbordando com os licores do mundo, não tem como Deus enchê-lo com o bálsamo necessário para tratar das dolorosas feridas da nossa alma.   #   #   #   É necessário matar algo em nós, para que possamos verdadeiramente viver.   #   #   #   Aquele que aprender o processo alquímico de transformar as angústias e padecimentos em gestos de amor a Deus e ao próximo, terá aprendido o segredo da felicidade.   #   #   #   Não há valor em uma vitória que não exige nenhum sacrifício de nossa parte.  Não existe glória alguma onde não nos entregamos de forma abnegada ao bom combate.   #   #   #   Não confundamos tolerância com cumplicidade. Uma coisa não tem nada que ver com a outra.   #   #   #   Nossos fracassos não podem ser encarados como o certificado de nossa incapacidade porque, se olharmo