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DIÁRIO DE INSIGNIFICÂNCIAS E INCONGRUÊNCIAS (p. 22)

Quem trabalha motivado unicamente pelo dinheiro que pode ser ganho, ou pelo prestígio que pode ser conquistado, está ralado. Qualquer um que dedique a sua vida fundamentalmente à procura desses bens, que o tempo facilmente desfaz, não passa de um tonto infeliz que, ao final, não possuirá nada, ou menos que isso, apesar de ter conquistado tudo.

 

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Há muitos caboclos que afirmam que são pessoas de princípios, não de opiniões. O problema é que muitas vezes aquilo que esses caiporas, bem intencionados, chamam de princípios, não passa de um punhadinho de opiniões, superficiais e infundadas, como qualquer opinião.

 

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O tempo que gastamos para formular uma opinião corresponde ao valor que ela realmente tem. Por isso, se formos realmente sinceros conosco mesmo, iremos reconhecer que a maioria absoluta das nossas amadas e idolatradas opiniões, na real, não valem nem um peido sequer. Nem unzinho.

 

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Já reparou que, muitíssimas vezes, logo após termos ouvido a chamada para uma notícia, sem nada saber a respeito do que será noticiado, nós já temos conosco uma opinião toda pré-fabricada, tão bonitinha quanto ordinária que, sem pestanejar, despejamos nos ouvidos dos outros e exigimos que todos a respeitem como se fosse um argumento elaborado com muito, muito trabalho? Não? Então reparem e vejam o quanto, muitas vezes, nós agimos feito uns tapados criticamente críticos.

 

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Jamais confundamos a virtude da esperança com o degradante vício da ilusão compartilhada.

 

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Ilusão compartilhada não é sinônimo de esperança; é apenas um subproduto vulgar de uma ideologia decadente, uma arapuca maquiavelicamente armada para pegar almas desatentas e desencantadas.

 

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No vazio de uma página em branco qualquer, procuramos rabiscar algo que não seja apenas essa nossa sensação de abandono existencial, no vazio deste imenso universo frio e sombrio.

 

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As únicas forças pedagógicas que existem são o exemplo e a disciplina. As únicas. O resto é conversa fiada de diplomados que nunca procuram educar-se com seriedade.

 

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Todas as pedagogices modernosas não passam de bagatelas vulgares e sem valia. Sem valor e de elevado custo.

 

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

https://sites.google.com/view/zanela

 

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