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DEFORMADOS PELAS MÃOS DA OLEIRA CIUMENTA

Ficar correndo atrás do impossível é doideira, porém, todavia e entretanto, não faltam cabeças de bagre, nesse mundão de meu Deus, que são incapazes de querer outra coisa senão aquilo que está fora do alcance das suas mãos, conforme bem nos ensina o imperador-filósofo Marco Aurélio. Quer dizer, não foi exatamente com essas palavras, mas basicamente é isso o que ele havia dito.

 

De um modo geral, toda vez que colocamos uma impossibilidade como meta em nossa vida, nós o fazemos não tanto para realmente atingi-la, mas sim, para justificar o nosso fracasso pessoal ou nossa desistência.

 

E quando queremos usar uma desculpa para nossas derrotas, a [suposta] procura pelo impossível é o subterfúgio mais utilizado por nós. Desse modo, não temos que nos esforçar para sermos mais disciplinados em nossa porca vida.

 

E, com o perdão da palavra, se não temos essa tal de disciplina, nós não temos nada. Se não somos capazes de impor a nós mesmos alguns limites para estabelecer um curso a seguir, se não nos dispomos a adotar algumas regras para que possamos otimizar nossas atividades, nós podemos até realizar alguma coisinha, mas estaremos muito longe de estar realizando tudo aquilo que poderíamos fazer.

 

Quando não nos esmeramos em compreender que uma pessoa que não procura controlar a si própria, que não almeja, de jeito maneira, se autorregular, acabará, cedo ou tarde, sendo arrastada pela força dos acontecimentos do momento e esmagada pela intensidade dos nossos impulsos interiores.

 

De mais a mais, como nos ensina o velho ditado, o hábito faz o monge. O hábito nos faz sermos quem somos e, se ignoramos a força que um mau hábito exerce sobre nós, definitivamente, além de não sabermos o que estamos fazendo, também é verdade que não temos a menor noção do que realmente queremos para nós mesmos.

 

Por isso, é imprescindível que expurguemos a ignorância caprichosa e a indisciplina envaidecida da nossa alma, para não sermos deformados até o tutano por essas tranqueiras tão nossas.

 

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

https://sites.google.com/view/zanela

 

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