Pular para o conteúdo principal

NÃO FEDE E NÃO CHEIRA

A procura pelo sentido da vida, provavelmente, é uma das caçadas mais angustiantes que pode imperar no coração da gente, tendo em vista que uma vida desprovida de sentido é uma merda, indigna de ser vivida. Todos sabemos disso, inclusive aqueles que gostam de dar de ombros e dizer que vivem seus dias sem eira nem beira, conforme lhes der na telha.

 

Muitas pessoas acabam se angustiando nessa busca por imaginar que a dita cuja da razão da nossa existência seria algo épico, de grande vulto histórico, ou qualquer trem semelhante a isso. Se acreditamos num babado assim, com toda certeza, ao final o tombo será bem feio e, infelizmente, são muitos os que colocam todas as suas fichas existenciais nesse carteado duvidoso.

 

E por termos nossos olhos agrilhoados nesses extremos, no poço do niilismo, onde nada tem sentido, ou no cume das montanhas da grandeza, onde tudo é inefável, terminamos por ter uma visão distorcida do que realmente faz uma vida ser bem vivida, daquilo que realmente faz uma vida ser plena de significado.

 

Ora, quando aprendemos que a coisa mais importante que há neste mundo, quando compreendemos que o propósito fundamental da nossa vida, reside em servirmos uns aos outros com zelo e amor, como num passe de mágica, tudo aquilo que vivemos passa a ter outro tom.

 

Pouco importa qual seja o trabalho, não interessa qual seja o gesto de atenção e generosidade, o que realmente deve ser levado em consideração é que há certas coisas nessa vida que podem apenas ser feitas por nós e por ninguém mais. E é justamente aí, na simplicidade de ponto, que reside toda a profundidade do conto, todo o sentido da nossa existência.

 

O problema é que, no mundo contemporâneo, ao invés de desejarmos ser úteis e servir, queremos porque queremos nos servir de todos como se isso fosse um direito inalienável todinho nosso. E se procuramos viver assim, desse jeito mesquinho, não será à toa, nem por acaso, que teremos uma vida insípida de propósito, inodora de sentido, resumindo: uma bela vida de merda.

 

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

https://sites.google.com/view/zanela

 

Inscreva-se [aqui] para receber nossas notificações.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

FRAGMENTOS DE UM DIÁRIO HETERODOXO #025

Toda guerra é uma sucessão de erros de cálculo e estratégias equivocadas e, por isso, na maioria das vezes, o vencedor acaba sendo aquele que cometeu menos erros, e não necessariamente quem lutou com mais maestria. # O ser humano, como nos lembra Cornelius Castoriadis, é um bichinho louco, cuja insanidade envenenou a sua claudicante razão. # Temos que nos esforçar para compreender como a história transforma a sociedade, como ela nos transforma e, é claro, de que maneira o seu estudo e aprofundamento a transforma. # As mais terríveis tiranias muitas vezes começam logo após a conquista de uma emancipação nominal. # É de fundamental importância compreendermos que o tal do progresso não é apenas um fenômeno complexo, ele é acima de tudo incerto. # Não há neste mundo uma coisa que seja mais enigmática do que a simplicidade. # Escrever sobre a história de qualquer coisa, em grande medida, é sempre interpretá-la. Interpretá-la de forma justa e correta, ou de maneira leviana e equivocada. * Es...

UM DIA DE NOVEMBRO

Uma vida bem vivida Para de fato sê-lo Precisa que os dias Sejam realmente vividos A contrapelo. Conheci há muito tempo Ainda quando moço Num dia de alvoroço Uma moça linda, nascida Em novembro. O tempo no seu passo Passou e cá estou Tímido feito canário Cantando desafinado Feliz aniversário Para a mulher que Eu amo. 06/11/2025

ESTAVA CHOVENDO MUITO NAQUELA NOITE

Nos famigerados anos 80 fiz um curso de datilografia. Sim, eu fiz. Meus pais haviam comprado uma Olivetti portátil, cor verde. Uma beleza. Então todas as terças e quintas à noite, lá ia o pequeno Darta com aquela maleta verde para o colégio para aprender a usar apropriadamente o barulhento e pesado instrumento de escrita. Eu queria usá-la com a mesma maestria que meu pai, que datilografava um texto sem olhar para a máquina e, ainda por cima, o fazia com a devida tabulação. Era uma destreza que eu admirava.   Quando colocava-me em marcha rumo ao colégio, sempre era acompanhado pelo meu grande amigo Monique, meu cachorro. Não sei porque ele tinha esse nome. Quando iniciamos nossa amizade ele já respondia por essa alcunha. Pequenino, de pelo marrom-caramelo, bem clarinho, de cambitos curtos e, tal qual eu, um legítimo vira-lata.   Enquanto caminhava para o meu destino, ele ia junto comigo, ao meu lado e, no caminho, íamos batendo altos papos. Sim, quando criança, conversava muito...