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NÃO FEDE E NÃO CHEIRA

A procura pelo sentido da vida, provavelmente, é uma das caçadas mais angustiantes que pode imperar no coração da gente, tendo em vista que uma vida desprovida de sentido é uma merda, indigna de ser vivida. Todos sabemos disso, inclusive aqueles que gostam de dar de ombros e dizer que vivem seus dias sem eira nem beira, conforme lhes der na telha.

 

Muitas pessoas acabam se angustiando nessa busca por imaginar que a dita cuja da razão da nossa existência seria algo épico, de grande vulto histórico, ou qualquer trem semelhante a isso. Se acreditamos num babado assim, com toda certeza, ao final o tombo será bem feio e, infelizmente, são muitos os que colocam todas as suas fichas existenciais nesse carteado duvidoso.

 

E por termos nossos olhos agrilhoados nesses extremos, no poço do niilismo, onde nada tem sentido, ou no cume das montanhas da grandeza, onde tudo é inefável, terminamos por ter uma visão distorcida do que realmente faz uma vida ser bem vivida, daquilo que realmente faz uma vida ser plena de significado.

 

Ora, quando aprendemos que a coisa mais importante que há neste mundo, quando compreendemos que o propósito fundamental da nossa vida, reside em servirmos uns aos outros com zelo e amor, como num passe de mágica, tudo aquilo que vivemos passa a ter outro tom.

 

Pouco importa qual seja o trabalho, não interessa qual seja o gesto de atenção e generosidade, o que realmente deve ser levado em consideração é que há certas coisas nessa vida que podem apenas ser feitas por nós e por ninguém mais. E é justamente aí, na simplicidade de ponto, que reside toda a profundidade do conto, todo o sentido da nossa existência.

 

O problema é que, no mundo contemporâneo, ao invés de desejarmos ser úteis e servir, queremos porque queremos nos servir de todos como se isso fosse um direito inalienável todinho nosso. E se procuramos viver assim, desse jeito mesquinho, não será à toa, nem por acaso, que teremos uma vida insípida de propósito, inodora de sentido, resumindo: uma bela vida de merda.

 

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

https://sites.google.com/view/zanela

 

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