As redes sociais ultimamente estão cheias, até a tampa, de mensagens que afirmam, categoricamente, que todos nós deveríamos, neste momento, procurar estudar mais, rezar mais, trabalhar mais e outras paradinhas mais, para nos fortalecer e, deste modo, melhor encarar os dias que estão por vir.
A convocação está correta, mas há algo de muito esquisito nela.
Ora, foi preciso uma tragédia eleitoreira e a instauração de um regime de exceção para entender que é importante que nos dediquemos a essas coisas? É isso mesmo produção? Creio que não.
Francamente, todas essas declarações inflamadas exalam afetação, não amor ao conhecimento. Transpiram exibicionismo, propaganda de cursos [supostamente] "maravilhosos", mas não o desejo sincero de tornar-se melhor.
Não é de hoje que no Brasil se idolatra títulos, cargos, sinecuras, bajulações grupais e, se formos ousados e realizarmos uma justa autocrítica, perceberemos que muitíssimas das nossas ações e reação tomam por base esses trens epidérmicos.
De um modo geral, amamos fingir ser algo sem necessariamente desejarmos sê-lo, agindo feito uma criança que brinca de paladino, ignorando a diferença abissal que há entre um herói de verdade e um participante do BBB.
Por isso, penso que é urgente aprendermos que acompanhar notícias frenéticas, no embalo da histeria coletiva, não é a mesma coisa que parar para aprender e aprimorar-se. No primeiro caso, agimos por mero impulso; no segundo exige-se dedicação, abnegação e amor genuíno.
Enfim, sem essas distinções mínimas, que exigem tempo e atenção de nossa parte, qualquer apelo ao estudo, a oração e a qualquer coisa que preste, morrerá na casca e cairá de podre, como tudo o mais que consumimos diariamente de forma irrefletida através das mídias digitais, que sequestraram e mutilam os nossos sentidos e o nosso discernimento.
Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela
https://sites.google.com/view/zanela
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