Pular para o conteúdo principal

DIÁRIO DE INSIGNIFICÂNCIAS E INCONGRUÊNCIAS (p. 27)

É necessário, é urgente que criemos vergonha na cara e encaremos de frente as mais duras verdades sobre nós, para depurarmos nossos corações e mentes dos inúmeros enganos e autoenganos que tomaram conta do nosso olhar.

 

Se não tivermos a pachorra de realizar essa empreitada, continuaremos andando soturnamente em círculos, repetindo os mesmos erros, as mesmíssimas sandices e justificando-as, é claro, com os mais nobres e estúpidos sentimentos.

 

#   #   #

 

Repetir os mesmos erros, justificando-os com nobres sentimentos, não transforma eles em acertos.

 

#   #   #

 

Se você pegar um punhado de atitudes impulsivas e ingênuas e repetir mil vezes, para si mesmo, que tudo isso, junto e misturado, seriam elementos sutis de uma grande estratégia, elas não irão, num passe de mágica, se transformar em um plano de ação digno de um Napoleão Bonaparte. Não seu bocó. Tudo isso continuará sendo apenas e tão somente um punhado de atitudes pueris e irrefletidas, mal e porcamente fantasiadas de cidadania, patriotismo, ou de qualquer coisa parecida com isso.

 

#   #   #

 

A História é uma grande aventura, que sempre se renova, em sua procura incansável pelo cálice sagrado do conhecimento.

 

#   #   #

 

Jamais queiramos exigir que alguém faça por nós algo que, em sã consciência, não seríamos capazes de realizar por nossa conta e risco.

 

Fazer uma cobrança dessa monta não seria apenas uma expressão macambúzia de leviandade; seria, também e principalmente, uma manifestação de imaturidade [depre]cívica.

 

#   #   #

 

A democracia sempre esteve e sempre estará sob ameaça. Isso é assim desde o seu nascedouro, tendo em vista que o preço que ela exige de cada um de nós é a atenta e permanente vigilância, para defendê-la contra as impudicas garras da vilania que, diga-se de passagem, jamais prega os olhos.

 

Para tanto, a liberdade de expressão é uma das nossas principais armas e, por isso, qualquer um que ameace cerceá-la, sob a justificativa de supostamente salvar as instituições, no fundo, não passa de um cínico tiranete.

 

Sim, um tiranete, porque onde a liberdade morre, a justiça degrada-se e a democracia definha, ao ponto delas tornarem-se apenas uma trinca de palavras bonitinhas, vazias e ordinárias.

 

#   #   #

 

Ama verdadeiramente o seu país quem procura conhecer devotamente a sua história, com suas glórias e vergonhas. Agora, aquele que desperdiça seu tempo acompanhando atentamente os burburinhos digitais, com o perdão da palavra, não passa de uma alma sedenta por fofoquinhas políticas, travestidas de notícia, para alimentar suas fantasias amornadas que pouca ou nenhuma relação tem com qualquer sentimento nobre.

 

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

https://sites.google.com/view/zanela

 

Inscreva-se [aqui] para receber nossas notificações.




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O ABACAXI ESTÁ EM NOSSAS MÃOS

Dia desses, eu estava folheando um velho caderno de anotações, relendo alguns apontamentos feitos há muito tempo, e entre uns rabiscos aqui e uns borrões acolá, eis que me deparo com algumas observações sobre o ensaio "La misión pedagógica de José Ortega y Gasset", de Robert Corrigan. Corrigan faz algumas considerações não a respeito da obra do grande filósofo espanhol, mas sim sobre o professor Ortega y Gasset e sua forma de encarar a vocação professoral. O autor de "La rebelión de las masas" via sua atuação junto à imprensa como uma continuação de suas atividades educacionais, onde apresentava suas ideias, marcava posição frente a temas contemporâneos e, é claro, embrenhava-se em inúmeros entreveros. Ele afirmava que, para realizarmos com maestria a vocação professoral, é necessário que tenhamos nosso coração inclinado para um certo sacrifício heroico, para que se possa realizar algo maior do que nós mesmos: o ato de levar a luz do saber para os corações que se ve...

FRAGMENTOS DE UM DIÁRIO HETERODOXO #007

Nada se transforma mais rápido em indiferença do que o horror, quando este se torna cotidiano.   #   A ironia, um dia desses, há de nos redimir, ou terminará de nos achatar.   #   Não tenhamos medo de sermos espezinhados; e, se formos pisados, alegremo-nos, porque as ervas, quando são pisoteadas, se tornam caminho.   #   Quanto mais um sujeito se imagina livre, livre da Silva, mais suscetível a ser doutrinado e subjugado ele está.   #   A conversa mofada sobre cultura não é tanto um sintoma daquilo que poderíamos chamar de “a religião dos ateus”, mas sim um claro indicativo da idolatria dos incultos.   #   Toda paixão igualitária é um veneno, uma peçonha que perverte o sentido crítico de qualquer um até o tutano, por atrofiar na alma do indivíduo a faculdade que nos permite fazer distinções.   #   Um dos primeiros passos rumo ao santuário da sabedoria reside na capacidade de admitirmos que nossas ideias – nossas amadas e idolat...

QUANDO O CALDO ENTORNA

Prudência e canja de galinha, como nos ensina o velho ditado, nunca fizeram mal a ninguém. Agora, a falta da primeira tem feito um estrago danado na vida de muita gente. Os antigos nos ensinam que a prudência é a mãe de todas as virtudes, porque ela nos convida a arrancar nossas ações do guiamento das sombras da ignorância para que possam ser alumiadas e orientadas pelas labaredas da sabedoria. E sabedoria não é, de maneira nenhuma, aquela coleção de colóquios aguados que encantam e iludem muitos, sem incomodar ninguém. Sabedoria, antes de qualquer coisa, é o cultivo amoroso pela procura da verdade, onde quer que ela esteja, para que possamos conhecê-la e, conhecendo-a, permitir que ela redima nossos equívocos passados através das nossas decisões no momento presente, projetando, desse modo, uma nova orientação para as nossas escolhas futuras. Por essa razão, ela jamais será um conjunto de frases insossas, reverberadas por pessoas ocas, cheias de presunção e ornadas com títulos toscos e...