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NÃO É MAIS CINZENTA

A beleza, a majestade e tudo o mais que transpire e inspire boniteza, encontra-se nos detalhes.

 

Seja uma grande edificação, seja modesta bandeja com café, manteiga e pão, a pureza da intenção encontra-se nos pequenos detalhes, que apenas podem ser vistos e apreciados por aqueles que negam-se a ser apequenados pelas mesquinharias que abundam neste mundão de olhos tacanhos, que faz pouco caso da singeleza dos pequeninos gestos amorosos.

 

Bem, nesta data, eu e minha amada, nos encontramos muito, muito perto das bodas de prata. O que vivemos neste quase quarto de século não está no gibi, nem na Enciclopédia Barsa.

 

Meu Pai do Céu! São muitas histórias, aventuras e loucuragens, muitas, carinhosamente guardadas no relicário da memória que a tudo afaga; mas também houveram muitas tretas e arranca-rabos, devidamente abandonados nas páginas esquecidas do passado.

 

Mas há um momento que, com toda indiscrição que me é tão querida, irei contar.

 

O primeiro contato nosso, meu e dela, foi numa lanchonete que não existe mais, onde nos reunimos com os colegas de trabalho, nossos amigos, logo após o fim de mais um dia de trabalho.

 

Era uma sexta-feira, dia da inauguração do referido estabelecimento. Todas as mesas estavam lotadas. Tinha gente saindo pela janela, de tão cheio que estava.

 

Até então, nós apenas havíamos conversado uma ou duas vezes.

 

A primeira, meramente de passagem, na sala dos professores. A outra, alongamos um cadinho a conversa, por uns trinta minutos, no saguão do Colégio. Só isso e nada mais.

 

Pois é, mas nessa noite lá estávamos nós, na mesma mesa, conversando sobre todos os assuntos, rindo despreocupadamente, pois, como já havia dito, era sexta-feira.

 

Lá pelas tantas, pertinho da meia-noite, ela pegou em minha mão. Isso mesmo! Ela colocou delicadamente sua mão direita sobre a minha e, discretamente, aproximou a outra junto a palma da mesma mão.

 

Nossos olhares se cruzaram e o resto é história. A nossa história que, como o nosso amor, nunca terá fim. Uma história que começou com um detalhe, pequeno e singelo.

 

Enfim, te amo minha linda! Você é a bela enviada pelo Altíssimo, que curou minhas feridas, que me faz querer ser um homem melhor para merecer tê-la ao meu lado todos os dias da minha vida que, graças a sua luz, não mais é cinzenta.


Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

https://sites.google.com/view/zanela

 

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