Uma das cenas mais comoventes da literatura brasileira, na minha opinião, é a morte da cachorra Baleia, da obra “Vidas Secas” de Graciliano Ramos. Por sua beleza, singeleza e profundidade, gosto de, vez por outra, reler essas páginas e, todas as vezes que as releio, acabo diante de uma cena diferente porque, naturalmente, eu também, graças a Deus, não sou mais o mesmo. Gosto dessa cena, mas devo dizer que ela não é uma passagem literária que me marcou profundamente; não foi um divisor de águas. Ela apenas me encanta e me inspira algumas reflexões a respeito da vida. Aliás, essa história de elegermos o livro que marcou a nossa vida, de identificarmos a pessoa que mais nos influenciou é um trem deveras complicado e, por isso mesmo, muitas vezes, acabamos apresentando uma resposta injusta para essa questão espinhosa. Sobre esse ponto, Umberto Eco, em seu livro “Pepe Satàn Aleppe”, de forma curta e grossa, feito um pino de patrola, nos diz que se em nossa vida inteira apenas um único