Pular para o conteúdo principal

DIÁRIO DE INSIGNIFICÂNCIAS E INCONGRUÊNCIAS (p. 51)

Não confunda simulacro midiático com consenso científico.

 

#   #   #

 

Um consenso, que não seja fruto de uma discussão honesta, que não esteja aberto para possíveis críticas e correções e que, ainda por cima, exige ser levado a sério por todos, com o perdão da palavra, um trem desse naipe não vale um vintém furado.

 

#   #   #

 

Concentremo-nos em nossa respiração, por alguns instantes, e ouçamo-la. Se não formos capazes de parar para fazer isso com um mínimo de atenção é porque, provavelmente, não somos capazes de nos concentrar vivamente em absolutamente nada, nem mesmo no que foi dito através destas poucas palavras.

 

#   #   #

 

Infelizmente, muitas e muitas vezes, ao invés de nos tornarmos senhores da nossa vontade, acabamos preferindo ser reles escravos dos mais rasteiros desejos e reféns dos mais aviltantes caprichos.

 

#   #   #

 

Se nos recusamos a ler, um livro que seja, a respeito dos assuntos que gostamos tanto de dar os nossos palpites, peçamos a Deus para que Ele semeie em nossos corações a decência de nada falarmos a respeito desses mesmos assuntos que, por conta da nossa soberba preguiça, preferimos não compreender.

 

#   #   #

 

Telejornal não é, nunca foi, e nunca será, sinônimo de credibilidade excelsa; muito menos fonte inquestionável de informações. Se cremos nisso, se fundamentalmente nos informamos por meio disso, não é preciso dizer o que somos, não é mesmo?

 

#   #   #

 

Qualquer um que acredite estar bem informado porque acompanha religiosamente o que é noticiado pelos telejornais, na real, tais figurões, figurinhas e figuraças, não passa de papagaios de pirata depenados que, orgulhosamente, repete tudo, tudinho, o que os donos da sua minguada consciência mandaram dizer, com aquela afetação de criticidade ofendida que só eles sabem fazer.

 

#   #   #

 

Se nós não temos interesse nenhum em examinar, com a devida atenção, um assunto, não sejamos cretinos ao ponto de querermos ter uma opinião sobre o tema e, ainda por cima, exigir que os outros ouçam, respeitosamente, o que estamos dizendo sem pensar.

 

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

https://sites.google.com/view/zanela

 

Inscreva-se [aqui] para receber nossas notificações.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

FRAGMENTOS DE UM DIÁRIO HETERODOXO #026

Tal como a um falsário que cunha moedas falsas, os indivíduos com a alma embebida no cientificismo não se cansam de nos propor uma falsa imagem do ser. # Nascemos no tempo, mas não encontramos a nossa medida e razão de ser no tempo. # A cultura é o espelho amplificador da nossa vida espiritual. # Amizade é destino. Amigo não se escolhe, encontra-se. # Um escritor é o professor do seu povo, como nos ensina Soljenítsin e, por isso, um grande escritor é, por assim dizer, um segundo governo. Eis aí a razão por que nenhum governo, em parte alguma, ama os grandes escritores, só os menorzinhos. # Todo ser humano, em alguma medida, é feito de um sutil contraste de luz e sombra. # Quem tem amor no coração sempre tem algo para oferecer. Quem tem tudo, menos amor no coração, sempre sente falta de algo, de muita coisa; só não sabe dizer do quê. * Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela - professor, escrevinhador e bebedor de café. Autor de “REFAZENDO AS ASAS DE ÍCARO”, entre outros livros. http...

PARA QUE A REPÚBLICA NÃO DESMORONE

Hannah Arendt nos ensina que a educação é o alicerce de uma república. É através de uma formação sólida que se edificam as bases sobre as quais os cidadãos poderão construir as suas vidas e desenvolver de forma plena a sua participação na sociedade. Por essa razão, não se deve brincar com a educação, nem agir de forma leviana em relação a ela, porque é através dela, da forma como ela é constituída, que se desenha o futuro e se edifica a personalidade dos indivíduos. Sobre esse ponto, José Ortega y Gasset nos chama a atenção para um fato que, muitas e muitas vezes é esquecido por nós: se almejamos saber como será a sociedade em que vivemos daqui a uns trinta anos, basta que voltemos os nossos olhos para aquilo que é vivenciado hoje nas salas de aula. Não tem erro, nem "lero-lero"; ali encontra-se o germe do futuro que nos aguarda. E tendo essa preocupação em mente, preocupação essa que há muito fora manifestada pelos dois filósofos acima citados, é que a professora Inger Enkvi...

COM QUANTAS VIRTUDES SE FAZ UM HERÓI?

Todo herói, por sua própria natureza, é uma figura controversa, e o é por inúmeras razões. De todas as razões, há duas que, no meu entender, seriam intrínsecas à condição de personagem notável. A primeira refere-se à própria condição humana. Todos nós, sem exceção, somos contraditórios, motivados muitas e muitas vezes por desejos conflitantes, impulsos desordenados, paixões avassaladoras, e por aí seguimos em nosso passo demasiadamente humano. E os heróis, humanos que são, nesse quesito não diferem de nós. O que os distingue de nós é a forma como eles lidam com os seus conflitos internos e com sua natureza desordenada. A segunda seria o fato de que a forma como um personagem elevado à condição de herói é apresentado à sociedade. Dito de outra forma, de um modo geral, todos os heróis acabam refletindo os valores e ideias do tempo presente, daqueles que o reverenciam, não necessariamente as ideias e valores que eram, de fato, defendidos por ele quando estava realizando a sua jornada po...