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DIÁRIO DE INSIGNIFICÂNCIAS E INCONGRUÊNCIAS (p. 17)

Tratar com deferência um vigarista mal intencionado é a única atitude aceita como plausível pelos corações desfibrados dos cidadãos de alma sebosa. Qualquer coisa diferente disso, para essa gente, é inaceitável.

 

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É praticamente impossível ser um conservador sincero sem uma franca inclinação anarquista.

 

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Antes de apontarmos um defeito em algo feito por alguém, pensemos em pelo menos três formas diferentes de realizar a mesma tarefa, com os mesmo recursos e nas mesmas condições. Se não formos capazes disso, o melhor que temos a fazer é calar a boca e procurarmos ser minimamente prestativos em algo que esteja ao alcance de nossas mãos e da nossa imaginação.

 

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A grande ameaça à democracia não se encontra nas manifestações realizadas, as claras, nas ruas, avenidas e praças. O perigo efetivo para a república reside naquilo que é mancomunado e decidido, em reuniões discretas, realizadas em salas fechadas, por um punhado de almas sebosas, que não faz a menor questão de aparecer.

 

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Quanto mais magnânimos imaginamos ser, mais mesquinhos nós somos. Mesquinhos e estúpidos.

 

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Uma crítica não é um ataque, da mesma forma que um insulto não é uma ameaça. Fingir não entender essa ululante obviedade é coisa de mau-caráter. Fim.

 

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Alguém te deu uma surra com corda ou fio de luz? Não. Algum maluco tentou te jogar uma cadeira ou uma garrafa de vidro? Não. Por acaso um sujeito atirou em você, ou tentou te esfaquear, ou ameaçou fazê-lo? Não. Você sofreu alguma forma de censura, achaque ou perseguição? Não. Por ventura alguma pessoa te disse algumas verdades nuas e cruas, misturadas com alguns memes e palavrões? Sim. Então, isso não é um ataque, é só uma crítica. Pode até ser exaltada, exagerada, mas não é um ataque, nem uma ameaça, é apenas uma crítica e isso não é o fim do mundo.

 

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

https://sites.google.com/view/zanela

 

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