Pular para o conteúdo principal

ESTÁ NA HORA DA AUTOCRÍTICA

Após o tombo de uma derrota é mais do que natural que pinte aquela indignação e, junto com ela, o desejo de encontrar um bode expiatório para descarregar nossa frustração. Sim, é natural, mas tal atitude não faz muito bem não.

 

Na real, após uma derrota, como em qualquer revés que a vida nos apresente, o que primeiramente nós deveríamos fazer é encarar estoicamente a situação e realizar, sem dó, uma baita autocrítica.

 

Não sei se aqueles que se declaram conservadores, ou algo similar a isso, de fato estão disposto a fazê-lo, porém, se acreditamos realmente que é necessário edificar uma perspectiva política mais elevada para o nosso triste país, é imprescindível que, neste momento, engula-se o furor para refletir sobre os erros que foram cometidos nestes últimos anos que, diga-se de passagem, não foram poucos.

 

Não me refiro aos erros da presidência da República e das grandes lideranças políticas. Isso fica para outra conversa. Neste primeiro momento, a autocrítica deve ser feita com referência a nossa postura, de um modo amplo, não apenas com relação ao pleito deste ano.

 

Aliás, só pra constar: política não é unicamente forjada por partidos e eleições. Isso é apenas a superfície. Ela é muito mais ampla e profunda que isso. Lembremos sempre disso.

 

Ora, se nos autodenominamos conservadores, é fundamental que aprofundemos a nossa compreensão a respeito desse trem. Se realmente negamos o marxismo, é imprescindível que procuremos conhecer com mais clareza e perspicácia o que ele é, quais são os males que essa ideologia já causou e, também, tudo aquilo que ela está semeando no meio de nós.

 

E sejamos francos: isso foi feito? Ao menos foi iniciado nestes últimos anos? Pois é, foi o que eu pensei. Todos estavam ansiosos para ver e compartilhar vídeos, memes, prints e demais trens similares, mas poucos dispuseram-se para fazer algo mais substancial, com efeitos a médio e longo prazo.

 

Se essa carapuça nos serve, usemo-la. Se não for esse o caso, não nos preocupemos porque, se formos realmente realizar uma autocrítica, com seriedade e serenidade, iremos encontrar muitas outras que irão nos cair muito bem.

 

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

https://sites.google.com/view/zanela

 

Inscreva-se [aqui] para receber nossas notificações.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A GRANDE LIÇÃO ENSINADA PELOS PEQUENINOS

Gosto de me reclinar no sofá, ficar olhando para o nada e nada fazer, nada pensar. Quando faço isso, ouço o som de passos miúdos vindo em minha direção e, do nada, eis que um serzinho atira-se sobre mim, cheira-me obsessivamente, reclina-se no meu colo e acomoda o seu queixo sobre o braço da poltrona. Esse era o Aang. Não o avatar, o último dominador do ar, do desenho animado. Era apenas o nosso cão. Quando fomos pegá-lo, ainda filhotinho, havia uma ninhada. Minha filha ficou encantada. Queria todos, mas, por certo e por óbvio, não tinha como. Aí, um deles, todo branquinho, com algumas manchas marrons, veio na sua direção. Ela estava sentada sobre os seus calcanhares; ele se aproximou e pôs-se a lamber a sua mão. Seus olhos cintilavam. “É esse! É esse! Ele me escolheu!” E sentenciou: “Você vai se chamar Aang”. E assim foi. As travessuras e estripulias que esse doguinho aprontava desde que chegou não estão no gibi. Se fosse contá-las, uma por uma, essa crônica não terminaria tão cedo. E...

AS MÁSCARAS DOS VELHOS CARNAVAIS

O escritor argentino Ernesto Sábato, em seu livro “Heterodoxia”, dizia que falar mal da filosofia é, inevitavelmente, também fazer filosofia. Mas má filosofia. Também podemos afirmar que ficar tecendo mil e um elogios à filosofia, e à vida intelectual, não é, nem de longe, uma atitude digna de um postulante a filósofo.   Esses dois personagens, de certa forma, são figuras típicas do nosso tempo, onde todos nós vivemos atolados até os gorgomilos com informações de toda ordem e dos mais variados níveis de credibilidade e valia.   O primeiro, de um modo geral, se ufana de ser uma pessoa prática, formatada pela rotina, devidamente esquadrinhada pelas expectativas que são apresentadas pela sociedade e estimuladas pela grande mídia e pelos círculos de escarnecedores digitais.   O segundo, por sua vez, é muitíssimo semelhante ao primeiro, porém, não quer, de jeito-maneira, se sentir semelhante a ele. Nada disso. O abençoado quer parecer melhor, sem o sê-lo; quer porque quer exal...

O ULTRAJE DA RETINA

Certa feita, Roland Barthes havia dito que, no século XXI, os analfabetos não seriam apenas aqueles que não sabem ler, nem escrever, mas todo aquele que não sabe ler, escrever e interpretar imagens. Não apenas porque vivemos num mundo onde os canais de televisão, e as mídias digitais, estão praticamente presentes em todos os cantos e recantos da nossa vida (e, sem o menor recato, procuram emoldurar a nossa percepção dos acontecimentos), mas também, porque toda informação comunicada é formatada a partir de uma trama de intenções.   Intenções essas que, muitas vezes, desconhecemos; outras tantas, ignoramos e, em alguns casos, comungamos. Nos dois primeiros, cedo ou tarde, podemos corrigir nosso entendimento, quando procuramos nos nutrir com outras informações que podem ser contrapostas às primeiras, fazendo saltar, diante dos nossos olhos, as suas contradições.   Agora, quanto ao terceiro, esse é um trem pra lá de danado, porque, quando comungamos de algo, consciente ou não dos ...