Pular para o conteúdo principal

O LABIRINTO DE DÉDALOS E O FIO DE ARIADNE

Ficar à toa na vida, sem se preocupar com nada, de fato é uma delícia. Realmente é muito bom. Porém, viver a vida à toa é uma tremenda perda de tempo e, sejamos francos: viver assim é algo que apenas as almas mais tediosas e insossas apreciam. Apenas almas mortas gostam de passar os seus dias, um atrás do outro, nessa vibe de barranca de rio.

 

Aliás, passar um e outro momento à toa na vida apenas tem algum sentido, alguma valia, quando estes contrastam com uma vida preenchida com responsabilidades, com a realização de projetos, com o cumprimento de obrigações, com a doação do nosso tempo para realização de algo que seja maior que nosso umbigo.

 

Por essa razão que a formação das crianças e jovens deveria ter como pedra de toque, a gradativa aquisição de responsabilidades, não a ludicidade perene e pretensamente pedagógica.

 

Responsabilidades para consigo mesmo, para com a instituição de ensino e, é claro, frente a sua família e a sua comunidade.

 

Porém, no mundo atual, quando o assunto é essa tal de educação, a palavra que mais aparece no palavreado da galera não é essa não. Não é responsabilidade.

 

No entender dos doutos tudo deve ser lúdico para, adivinhem, que a educação torne-se mais atrativa, mais interessante, mais divertida, mesmo que isso signifique fazer o contrário da educação.

 

E nessa parada há um terrível problema: esses trens da alegria pedagógicos, por mais fofos que pareçam, não são a coluna de sustentação de uma boa educação, mas sim, como havíamos dito anteriormente, a aquisição gradativa do senso de responsabilidade.

 

Lembremos: um adulto responsável não é aquele que cumpre com seus deveres mais elementares porque estes lhes são apresentados pela vida de forma “lúdica” e “interessante”, mas sim, porque entende que uma pessoa responsável sabe que ela deve cumpri-los, sejam eles divertidos ou não.

 

E o fato de termos nos esquecido desse pequeno detalhe nas últimas décadas, devido aos conselhos toscos de um montão de doutos diplomados, a nossa educação encontra-se hoje diante dessa terrível encruzilhada.

 

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

https://sites.google.com/view/zanela

 

Inscreva-se [aqui] para receber nossas notificações.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

FRAGMENTOS DE UM DIÁRIO HETERODOXO #009

Todo orgulhoso se borra de medo da imagem das suas incontáveis imperfeições.   #   Onde não há preferência sincera, há indiferença cínica.   #   Tudo termina tragicamente quando a paciência finda melancolicamente.   #   O impulso de querer racionalizar tudo é o maior inimigo da racionalidade e do bom senso.   #   A verdadeira história da consciência individual começa com a confissão da primeira mentira contada por nós para nós mesmos.   #   Frequentemente somos firmes por pura fraqueza e audaciosos por mera teimosia.   #   Podemos usar as novas tecnologias para sermos reduzidos a uma escravidão abjeta, ou nos servirmos delas para lutarmos para preservar a nossa liberdade interior e a nossa sanidade.   *   Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela - professor, escrevinhador e bebedor de café. Autor de “REFAZENDO AS ASAS DE ÍCARO”, entre outros livros. https://l...

FRAGMENTOS DE UM DIÁRIO HETERODOXO #011

A vida sem momentos de recolhimento e silêncio é um convite a uma sucessão de erros.   #   Concentremo-nos no resultado que almejamos atingir, não na desculpa que iremos apresentar caso fracassemos.   #   É mais importante administrar acordos do que ficar tentando nos concentrar na criação de mecanismos para controlar as pessoas.   #   Todo escritor, ou escrevinhador, que quiser namorar a crônica deve ter o coração aberto para amar os momentos fugidios e saber amá-los.   #   Só os histéricos estão faceiros da vida na atual conjuntura em que nos encontramos.   #   Falemos apenas o necessário e o façamos apenas quando, realmente, a nossa fala for indispensável.   #   Lembremos desse velho ensinamento estoico: o que impede a ação pode sempre favorecer a ação, que aquilo que fica no meio do nosso caminho pode tornar-se o nosso caminho.   *   Escrevinhado por Dartagna...

O ABACAXI ESTÁ EM NOSSAS MÃOS

Dia desses, eu estava folheando um velho caderno de anotações, relendo alguns apontamentos feitos há muito tempo, e entre uns rabiscos aqui e uns borrões acolá, eis que me deparo com algumas observações sobre o ensaio "La misión pedagógica de José Ortega y Gasset", de Robert Corrigan. Corrigan faz algumas considerações não a respeito da obra do grande filósofo espanhol, mas sim sobre o professor Ortega y Gasset e sua forma de encarar a vocação professoral. O autor de "La rebelión de las masas" via sua atuação junto à imprensa como uma continuação de suas atividades educacionais, onde apresentava suas ideias, marcava posição frente a temas contemporâneos e, é claro, embrenhava-se em inúmeros entreveros. Ele afirmava que, para realizarmos com maestria a vocação professoral, é necessário que tenhamos nosso coração inclinado para um certo sacrifício heroico, para que se possa realizar algo maior do que nós mesmos: o ato de levar a luz do saber para os corações que se ve...