Pular para o conteúdo principal

DIÁRIO DE INSIGNIFICÂNCIAS E INCONGRUÊNCIAS (p. 03)

 

As ondas descomunais que as multidões digitais movem, fazem um estrondo tal que não dá para descrever; e do nada a vida de muitos elas cancelam, arrasam e destroem e, num estalar de dedos, para o nada retornam, com sua vileza, para se esconder.

 

#   #   #

 

Dia virá em que se poderá, mais uma vez, contar uma piada, com a língua solta, ferina e destravada; contar um daqueles gracejos perturbados e sem noção, sem ser cancelado pelos sebosos justiceiros de plantão. Até esse dia chegar, continuaremos, sem o menor juízo, a contar nossos gracejos, fazendo pouco caso da cara desses patrulheiros [ideológicos] do riso libertador e zombeteiro.

 

#   #   #

 

Todo mundo desconfia das opiniões alheias, mas das próprias opiniões, que não são tão próprias assim, praticamente ninguém levanta uma única suspeita.

 

#   #   #

 

Para a mentalidade modernosa contemporânea, soberba e diplomada, qualquer um que se apresente como cristão deve nutrir e manifestar um respeito reverencial por todas as religiões, todas, menos por aquela que foi fundada por Jesus Cristo.

 

#   #   #

 

No coração humano existe um vazio tão grande, tão grande, que somente Deus é capaz de preenchê-lo. Mas como somos teimosos feito uma mula, continuamos enchendo o bicho velho com um monte de tranqueiras idiotas que tratamos como se fossem deusas e aí, não sabemos porque o dito continua tão vazio quanto nossa cabeça oca.

 

#   #   #

 

Ler é ouvir no silêncio com os olhos.

 

#   #   #

 

Ler é ouvir, com atenção, as vozes emudecidas, que se acotovelam nas páginas e nas entrelinhas de um texto, para nos contar algumas verdades inconvenientes e sussurrar outras tantas futricas indecentes.

 

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

https://sites.google.com/view/zanela

 

Inscreva-se [aqui] para receber nossas notificações.



 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O ABACAXI ESTÁ EM NOSSAS MÃOS

Dia desses, eu estava folheando um velho caderno de anotações, relendo alguns apontamentos feitos há muito tempo, e entre uns rabiscos aqui e uns borrões acolá, eis que me deparo com algumas observações sobre o ensaio "La misión pedagógica de José Ortega y Gasset", de Robert Corrigan. Corrigan faz algumas considerações não a respeito da obra do grande filósofo espanhol, mas sim sobre o professor Ortega y Gasset e sua forma de encarar a vocação professoral. O autor de "La rebelión de las masas" via sua atuação junto à imprensa como uma continuação de suas atividades educacionais, onde apresentava suas ideias, marcava posição frente a temas contemporâneos e, é claro, embrenhava-se em inúmeros entreveros. Ele afirmava que, para realizarmos com maestria a vocação professoral, é necessário que tenhamos nosso coração inclinado para um certo sacrifício heroico, para que se possa realizar algo maior do que nós mesmos: o ato de levar a luz do saber para os corações que se ve...

FRAGMENTOS DE UM DIÁRIO HETERODOXO #009

Todo orgulhoso se borra de medo da imagem das suas incontáveis imperfeições.   #   Onde não há preferência sincera, há indiferença cínica.   #   Tudo termina tragicamente quando a paciência finda melancolicamente.   #   O impulso de querer racionalizar tudo é o maior inimigo da racionalidade e do bom senso.   #   A verdadeira história da consciência individual começa com a confissão da primeira mentira contada por nós para nós mesmos.   #   Frequentemente somos firmes por pura fraqueza e audaciosos por mera teimosia.   #   Podemos usar as novas tecnologias para sermos reduzidos a uma escravidão abjeta, ou nos servirmos delas para lutarmos para preservar a nossa liberdade interior e a nossa sanidade.   *   Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela - professor, escrevinhador e bebedor de café. Autor de “REFAZENDO AS ASAS DE ÍCARO”, entre outros livros. https://l...

NÃO IGNOREMOS OS OMBROS DOS TITÃS

Nós não somos apenas os caminhos que percorremos, os tropeços que damos, as circunstâncias que vivemos. Somos também e, principalmente, o modo como encaramos os nossos descaminhos, a forma como enfrentamos nossas desventuras, a maneira como abraçamos o conjunto desconjuntado da nossa vida. Como nos ensina Ortega y Gasset, é isso que somos; e se não salvamos as nossas circunstâncias, estamos condenando a nós mesmos.   Dito de outro modo, podemos olhar para nossa sombra e lamentar a nossa diminuta condição ou, em vez disso, podemos nos perguntar, de forma resoluta, o que podemos fazer de significativo com o pouco que temos e com o nada que somos.   Para responder a essa espinhosa pergunta, mais do que inteligência e sagacidade, é preciso que tenhamos uma profícua imaginação, tendo em vista que pouco poderá ser compreendido se nossa imaginação for anêmica.   Lembremos: nada pode ser acessado pela nossa compreensão sem que antes tenha sido devidamente formulado pe...