Pular para o conteúdo principal

DIÁRIO DE INSIGNIFICÂNCIAS E INCONGRUÊNCIAS (p. 02)

 

Somente quando nos tornamos capazes de reconhecer o quão grande é a nossa miséria existencial, nem um pouco original, é que começamos a entender o que é essa tal de misericórdia e porque ela deveria estar no centro da nossa vida, de mãos dadas com a verdade, nos ajudando a revisar e revogar os incontáveis juízos, furados e injustos, maquinados por nós no íntimo da nossa alma sebosa.

 

#   #   #

 

Essa conversa de lutar por um mundo melhor é uma bela de uma desculpa [furada] para ficarmos repetindo para nós mesmos, como se fosse um mantra, para não termos de nos sentir obrigados a deixarmos de ser o cafajeste [oportunista e engajado] que somos. É muito mais cômodo dizermos que é preciso consertar o mundo, de fio a pavio, do que procurarmos nos emendar, andar no prumo e, é claro, virarmos gente.

 

#   #   #

 

Se todo esforço educacional estiver voltado para se acomodar as nossas limitações, ao invés de nos provocar a superá-las, ao invés de amadurecermos, iremos apenas nos tornar pessoas tão frágeis quanto desejosas de mimos e bajulações. E isso é o contrário da educação.

 

#   #   #

 

Tornar-se livre é um ato de renúncia. Por isso, a liberdade é, antes de qualquer coisa, uma dura disciplina.

 

#   #   #

 

Vitória, conquista, ou seja lá como você gosta de chamar, é aquele momento, guardado em nossa memória, na forma de uma doce lembrança, que por algum tempo nos empolga um pouco, e esse pouco, normalmente, não dura muito não. Geralmente bem menos do que gostaríamos.

 

#   #   #

 

Onde houver ódio, que o Altíssimo nos dê a graça de podermos, com o Seu indispensável auxílio, levar o amor que tanto falta em nossos corações. E que Deus nos livre e guarde de cometermos a asneira de confundir a virtude teologal do amor com a insânia, capirótica e politicamente correta, do “ódio do bem”, que não cansa de tentar nos ludibriar com seus malabarismos linguísticos mil.

 

#   #   #

 

Uma coisa é abandonar uma disputa por não se importar com o resultado, nem com a repercussão que sua desistência irá provocar; outra coisa, porém, é desistirmos de uma competição por temermos a possibilidade de uma derrota e, principalmente, pelo falatório que poderá vir junto com ela.

 

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

https://sites.google.com/view/zanela

 

Inscreva-se [aqui] para receber nossas notificações.

 


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

MUITO ALÉM DA CRETINICE DIGITAL

Desconfio sempre de pessoas muito entusiasmadas, da mesma forma que não levo a sério os alarmistas, que fazem uma canja rançosa com qualquer pé de galinha.   Bem, esse não é o caso de Michel Desmurget, doutor em neurociência e autor do livro “A fábrica de cretinos digitais”. Aliás, um baita livro.   No meu entender, essa deveria ser uma leitura obrigatória para pais, professores e, principalmente, para os burocratas e políticos que não se cansam de inventar traquitanas que, hipoteticamente, melhorariam a qualidade da educação.   Não duvido que políticos e burocratas, que se empolgam com toda ordem modismos, estejam cheios de boníssimas intenções, não mesmo. O problema, como todos nós sabemos, é que o inferno está cheio delas.   Enfim, em resumidas contas, a obra de Desmurget nos apresenta estudos, dados, fatos e evidências que demonstram o quão lesivo é para a formação das nossas crianças a exposição precoce e desmedida às telas, da mesma forma que desmitifica inúmer...

UMA ARMADILHA OCULTA EM NOSSO CORAÇÃO

Somos movidos pelo desejo, não temos para onde correr. E esse é um problema que todos nós temos que enfrentar, no íntimo do nosso coração, com as parcas forças do nosso ser.   Diante desse entrevero, Siddhartha Gautama diria que bastaria abdicarmos deles para os problemas se escafederem. Nas suas palavras, desejos seriam como pedras: quanto mais desejamos, mais pesada torna-se a vida.   E ele, em grande medida, está coberto de razão. O ponto é que essa não é uma tarefa tão simples assim. Na verdade, é uma tarefa hercúlea porque, o desejo, não é um mero adereço que usamos e descartamos quando nos dá na ventana. Nada disso.   Ele ocupa um lugar central em nossa vida e, por isso, todos nós temos em nosso âmago um vazio que apenas o absoluto pode preencher. Vazio esse que nos torna um ser sedento por ser. O problema é que não sabemos como fazer isso, nem por onde começar.   Segundo René Girard, o desejo não se manifesta em nós de maneira direta, mas sim, de forma triangu...

NADICA DE NADA

Quanto mais um sujeito fala em liberdade, quanto mais ele acredita ser plenamente livre, “livre da Silva”, mais susceptível ele está a toda ordem de doutrinações e, consequentemente, mais facilmente ele poderá ser subjugado, escravizado, seja por senhores sombrios, seja pelos seus abjetos caprichos.   #   Se tem um negócio que realmente aporrinha é essa conversa toda sobre o poder libertador da cultura. À esquerda vemos a galera falando de cultura como se fosse uma trincheira de luta contra a opressão; à direita tem toda aquela conversa azeda sobre o resgate da alta cultura para salvar a civilização Ocidental. Enfim, apenas pessoas tremendamente incultas tratam a cultura como se fosse uma religião.   #   O igualitarismo é, em sua essência, um veneno terrível, porque quando passamos a tratar a igualdade como critério moral supremo, sem nos darmos conta, acabamos por minar as bases da nossa capacidade de discernir. E isso é uma terrível ameaça, um grande perigo.  ...