Pular para o conteúdo principal

Postagens

O ESPELHO FOSCO QUE NOS ROUBA A VITALIDADE

Foi sancionada a lei que proíbe o uso de celulares nas escolas públicas e privadas. Podemos dizer que tal medida é um facho de razoabilidade em um tempo que perdeu de vista o bom senso. Porém, é triste precisar do peso de uma lei para que as famílias reflitam a respeito dos males que a exposição desmedida aos celulares causa.   Sim, até as pedras do calçamento sabem que um celular pode ser muito útil no aprendizado de muitíssimas coisas. No entanto, sejamos francos: na maioria dos casos, é para finalidades edificantes que, frequentemente, os celulares são utilizados pelos infantes? Pois é, foi o que pensei.   Mas há outra pergunta que podemos nos fazer: de que modo usamos nossos celulares fora das nossas lides profissionais? O que fazemos com esses trens? Foi o que imaginei.   E essa é a tragédia que margeia a nova lei, porque em nosso dia a dia, provavelmente, nossos jovens continuarão com os mesmos maus hábitos digitais. Não porque eles são uma geração perdida, mas porq...

O ULTRAJE DA RETINA

Certa feita, Roland Barthes havia dito que, no século XXI, os analfabetos não seriam apenas aqueles que não sabem ler, nem escrever, mas todo aquele que não sabe ler, escrever e interpretar imagens. Não apenas porque vivemos num mundo onde os canais de televisão, e as mídias digitais, estão praticamente presentes em todos os cantos e recantos da nossa vida (e, sem o menor recato, procuram emoldurar a nossa percepção dos acontecimentos), mas também, porque toda informação comunicada é formatada a partir de uma trama de intenções.   Intenções essas que, muitas vezes, desconhecemos; outras tantas, ignoramos e, em alguns casos, comungamos. Nos dois primeiros, cedo ou tarde, podemos corrigir nosso entendimento, quando procuramos nos nutrir com outras informações que podem ser contrapostas às primeiras, fazendo saltar, diante dos nossos olhos, as suas contradições.   Agora, quanto ao terceiro, esse é um trem pra lá de danado, porque, quando comungamos de algo, consciente ou não dos ...

PONDERANDO SOBRE O MUNDO CONTEMPORÂNEO

Não fiquemos nos achando o suprassumo da perfeição porque fizemos algo bem feito; porém, não sejamos desleixados, deixando de procurar nos aperfeiçoar, ao menos um cadinho todo, santo dia.   #   Onde as opiniões são superestimadas, a procura amorosa pela verdade acaba sendo ignorada.   #   Se inquieto está o nosso coração, procuremos a força que apenas é encontrada na prática da oração, daquelas mesmas que aprendemos quando éramos crianças e, por pura soberba, largamos mão.   #   Antes de qualquer coisa, a leitura orante da Sagrada Escritura deve ser feita para compreendermos, à luz da Sua palavra, quem nós somos diante da criação e dos desígnios do Senhor.   #   Apenas um tonto alienado idolatra os grilhões que o mantém mentalmente escravizado.   #   A palavra de Deus, quando acolhida amorosamente, nos liberta, sempre nos libertará; agora, quanto ela é usada maquiavelicamente para justificar desvarios humanos, não.   #   O cão...

A GRANDE LIÇÃO ENSINADA PELOS PEQUENINOS

Gosto de me reclinar no sofá, ficar olhando para o nada e nada fazer, nada pensar. Quando faço isso, ouço o som de passos miúdos vindo em minha direção e, do nada, eis que um serzinho atira-se sobre mim, cheira-me obsessivamente, reclina-se no meu colo e acomoda o seu queixo sobre o braço da poltrona. Esse era o Aang. Não o avatar, o último dominador do ar, do desenho animado. Era apenas o nosso cão. Quando fomos pegá-lo, ainda filhotinho, havia uma ninhada. Minha filha ficou encantada. Queria todos, mas, por certo e por óbvio, não tinha como. Aí, um deles, todo branquinho, com algumas manchas marrons, veio na sua direção. Ela estava sentada sobre os seus calcanhares; ele se aproximou e pôs-se a lamber a sua mão. Seus olhos cintilavam. “É esse! É esse! Ele me escolheu!” E sentenciou: “Você vai se chamar Aang”. E assim foi. As travessuras e estripulias que esse doguinho aprontava desde que chegou não estão no gibi. Se fosse contá-las, uma por uma, essa crônica não terminaria tão cedo. E...

AS MÁSCARAS DOS VELHOS CARNAVAIS

O escritor argentino Ernesto Sábato, em seu livro “Heterodoxia”, dizia que falar mal da filosofia é, inevitavelmente, também fazer filosofia. Mas má filosofia. Também podemos afirmar que ficar tecendo mil e um elogios à filosofia, e à vida intelectual, não é, nem de longe, uma atitude digna de um postulante a filósofo.   Esses dois personagens, de certa forma, são figuras típicas do nosso tempo, onde todos nós vivemos atolados até os gorgomilos com informações de toda ordem e dos mais variados níveis de credibilidade e valia.   O primeiro, de um modo geral, se ufana de ser uma pessoa prática, formatada pela rotina, devidamente esquadrinhada pelas expectativas que são apresentadas pela sociedade e estimuladas pela grande mídia e pelos círculos de escarnecedores digitais.   O segundo, por sua vez, é muitíssimo semelhante ao primeiro, porém, não quer, de jeito-maneira, se sentir semelhante a ele. Nada disso. O abençoado quer parecer melhor, sem o sê-lo; quer porque quer exal...

PELA JANELA DA VIDA

Uma janela se fecha Quando um ano termina Para se renovar a vida No ano que principia.   01/I/2025   #   Sou, graças a Deus, Um anarquista Desiludido, Por isso, Sou um conservador Contrito, Grato a Deus Por tudo que vivo.   01/I/2025   #   Eis que um olhar envelhecido Rompe o silêncio Cínico estabelecido, Para com ousadia buscar A luz do vocábulo esquecido. 01/I/2025

PRIMEIRAS REFLEXÕES

O poder perverte, e se for consumido em doses cavalares, o dito-cujo corrompe absolutamente; todos nós sabemos disso, todos, menos aqueles que se locupletam nele. E não é de vereda que o precioso degrada a alma humana, nada disso. A putrefação exercida por ele no coração ocorre lentamente, bem devagarinho, de forma manhosa, escravizando o indivíduo de tal forma que, a certa altura, ele não mais consegue imaginar-se sem as pompas que lhe são investidas, não consegue se ver sem as bajulações que lhe são servidas de forma desmedida, não mais consegue viver sem as intrigas e futricas que são tecidas e tingidas em torno do seu envaidecido nome.   #   Uma das grandes chagas que atormentam a alma brasileira, segundo Monteiro Lobato, é o fatalismo, essa mania torta e tonta de dizer para si e para todos que nada tem jeito, que tudo é assim mesmo, que nada tem solução, remédio ou conserto.   #   Não há nada mais anticientífico do que tratar um punhado de afirmações midiaticame...