O poder perverte, e se for consumido em doses cavalares, o dito-cujo corrompe absolutamente; todos nós sabemos disso, todos, menos aqueles que se locupletam nele. E não é de vereda que o precioso degrada a alma humana, nada disso. A putrefação exercida por ele no coração ocorre lentamente, bem devagarinho, de forma manhosa, escravizando o indivíduo de tal forma que, a certa altura, ele não mais consegue imaginar-se sem as pompas que lhe são investidas, não consegue se ver sem as bajulações que lhe são servidas de forma desmedida, não mais consegue viver sem as intrigas e futricas que são tecidas e tingidas em torno do seu envaidecido nome.
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Uma das grandes chagas que atormentam a alma brasileira, segundo Monteiro Lobato, é o fatalismo, essa mania torta e tonta de dizer para si e para todos que nada tem jeito, que tudo é assim mesmo, que nada tem solução, remédio ou conserto.
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Não há nada mais anticientífico do que tratar um punhado de afirmações midiaticamente alardeadas como sendo uma verdade científica e inconteste. Mas é justamente isso que a galerinha fofa, que não tira a palavra ciência da boca para nada, faz todo santo dia quando alguém simplesmente levanta uma dúvida razoável a respeito daquilo que ela nunca, jamais, ousou criticamente questionar.
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A História, necessariamente, é edificada a partir de uma série de problemas, de questões levantadas no presente, para serem alumiadas pelas luzes do passado, da experiência humana vivida, através da consciência daquele que, com humildade, faz as indagações de forma sincera para a mestra da vida.
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Nada é tão ruim que não possa piorar mais um tanto. É. Isso é verdade. Mas nada impede que digamos não a essa torta possibilidade e firmemos o nosso passo para outra direção. E isso também é verdade.
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Uma vida vivida sem boa música seria um erro estúpido; uma vida vivida sem poesia seria uma tragédia, uma tragédia patética e grotesca.
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Não há nada mais conservador do que um anarquista desiludido; nem nada mais libertário que um conservador contrito.
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Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela - professor, escrevinhador e bebedor de café. Autor de “REFAZENDO AS ASAS DE ÍCARO”, entre outros livros.
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