Quanto mais um sujeito fala em liberdade, quanto mais ele acredita ser plenamente livre, “livre da Silva”, mais susceptível ele está a toda ordem de doutrinações e, consequentemente, mais facilmente ele poderá ser subjugado, escravizado, seja por senhores sombrios, seja pelos seus abjetos caprichos.
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Se tem um negócio que realmente aporrinha é essa conversa toda sobre o poder libertador da cultura. À esquerda vemos a galera falando de cultura como se fosse uma trincheira de luta contra a opressão; à direita tem toda aquela conversa azeda sobre o resgate da alta cultura para salvar a civilização Ocidental. Enfim, apenas pessoas tremendamente incultas tratam a cultura como se fosse uma religião.
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O igualitarismo é, em sua essência, um veneno terrível, porque quando passamos a tratar a igualdade como critério moral supremo, sem nos darmos conta, acabamos por minar as bases da nossa capacidade de discernir. E isso é uma terrível ameaça, um grande perigo.
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O primeiro passo para a sabedoria não é abrir uma “live” para ficar cagando regra pra Deus e todo mundo. O primeiro passo que devemos dar para, um dia, quem sabe, possamos ser iluminados pela sabedoria, é admitirmos que nossas ideias e pontos de vista não têm a relevância que imaginamos ter. Se formos capazes de compreender isso, maravilha! O primeiro passo foi dado. Resta agora perseverarmos nesta jornada.
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Não encaremos, jamais, a satisfação das nossas mesquinhas ambições como se isso fosse um magnânimo dever. Também não imaginemos que a satisfação dos nossos caprichos seja um direito fundamental porque, uma vida vivida nesse riscado, tem um poder corruptivo sem par sobre a alma humana.
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Paremos com essa folia cafona de dizer que queremos viver uma vida épica, heroica, como se fôssemos cavaleiros cruzados em formação de batalha, porque estamos a léguas de distância de ser isso. Na verdade, na grande maioria das vezes, nós não conseguimos nem mesmo agir, em nosso dia a dia, com um mínimo de decência.
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Em uma sociedade que vive nos aliciando para agirmos de forma consumista, compulsiva, é imprescindível que lembremos do conselho de Catão que, de forma lacônica, nos diz que nada nesta vida é barato se for supérfluo. Nada. Nadica de nada.
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Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela - professor, escrevinhador e bebedor de café. Autor de “REFAZENDO AS ASAS DE ÍCARO”, entre outros livros.
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