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QUASE POESIA (p. 06)

# 037

 

Quando a chuva, matreira,

Se derrama nas folhas altivas,

Da imponente castanheira,

De forma intensa e amiga,

No âmago da alma envelhecida,

Abre-se uma amistosa clareira,

De luz cristalina, curativa,

E, de uma singular maneira,

Lava as antigas feridas

Que foram adquiridas

De forma dura e fria,

Ou de forma despercebida,

Com o passar das noites e dias,

Entre lágrimas e alegrias.

 

# 038

 

Fugir da verdade

É viver a vida

Pela metade.

 

# 039

 

O estudo pode até

Na vida, não ser tudo,

Mas viver a vida

Desdenhando

O dito-cujo,

É o trem pra lá

De estúpido.

 

# 040

 

A grande mídia

É uma farsa

Uma piada infame

E sem graça.

 

# 041

 

A poesia não é

E nunca será

Uma coisa útil

Ou algo que o valha

E, por isso mesmo,

Por sua inutilidade

Sem igual

Ela sempre foi

E para sempre será

Algo fundamental.

 

# 042

 

De um modo geral

Os titulares do poder

Com sua cara de pau

E sem a menor moral

Que amam ficar

Três por quatro

Praticando o mal

Com todos e com tudo

Não são, na real,

Os sujeitos

Que governam de fato

Este mundo cão.

Bem lá no fundo

Eles não passam

De sabujos sórdidos

De sombrios senhores

De coração imundo.

.

 

# 043

 

Não existe liberdade

Sem uma boa dose

De amor e coragem.

 

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

https://sites.google.com/view/zanela

 

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