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QUASE POESIA (p. 04)

# 021

 

Não sou, não mesmo, amigo de rei nenhum.

Nem de presidente, nem de governador,

Muito menos de deputado ou de senador,

Desprezo igualmente a todos, um por um;

Gente mesquinha que faz da dissimulação

Da intriga ardilosa e da treinada mentira

A matéria-prima da magia do seu dia a dia

Usada para engambelar toda essa triste nação

Encenando gestos de prodigalidade e alegria

Perante as câmeras metidas de todas mídias

Que não querem saber de espiar os bastidores

Onde os biltres se derretem em vilanias

Com dinheiro, tramoias e muitas baixarias

Que, no fundo, são seus únicos amores.

 

# 022

 

Num estalar de dedos

Somem os delírios

E todos os medos.

 

# 023

 

Imaginar que

O tal do materialismo

Ou do cientificismo

Seriam equivalentes

Ao saber científico

É um trem ridículo

Um tremendo mico

Pra dizer o mínimo.

 

# 024

 

O poder não é corruptor

Ele apenas potencializa

Todo o fel e desamor

De quem o cobiça.

 

# 025

 

Quem com exuberância

Fala o que bem entende

Imaginando em sua mente

Mesquinha e tacanha

 

Que está com a razão

Em seu desequilíbrio

E total falta de noção

Ignora que tudo isso

 

É um baita espetáculo

Um show não de criticidade

Mas apenas um atestado

 

De enorme imaturidade

Que repete o triste fado

Da mais pura instabilidade.

 

# 026

 

Do pó fomos feitos

E em Cristo

Refeitos.

 

# 027

 

A passos largos

A vida segue

Apesar do nosso

Grande atraso.

 

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

https://sites.google.com/view/zanela

 

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