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QUASE POESIA (p. 03)


# 015

 

O grande problema, meu irmão,

Não é a nossa falta de motivação.

A encrenca toda é a fraqueza adquirida

Por nossa desídia e falta de perspectiva,

Fruto da ausência esculachada e desinibida

De todo e qualquer tipo de disciplina

Em nossa porca vida mal vivida.

 

# 016

 

Enquanto a chuva cai

Lentamente e sem cansar

A saudade com ela se vai

E com o correr das águas

São levadas e lavadas

Todas as velhas mágoas.

 

# 017

 

Na vida tudo tem peso, tudo

Tem número e alguma medida,

Especialmente os frutos

Da nossa indisciplina.

 

# 018

 

De forma sonsa e insólita

Com um golpe traiçoeiro

A República foi proclamada

No Brasil brasileiro.

 

# 019

 

Em Banânia, a vida pública

Tanto na era republicana

Como nos idos da monarquia

Sempre foi uma porcaria

Regida por uma camarilha

De inigualável vilania.

 

# 020

 

O Quinze de novembro é uma farsa,

O dia sete de setembro também.

Porque hoje, nessa terra cansada,

Onde todos nós dizemos amém

Para a evaporação da memória

Das derrotas, vergonhas e vitórias

Vividas, sofridas e testemunhadas

Nesta arrasada terra de desterrados

Que restou da pátria de chuteiras

Reduzindo-se a um rincão ensolarado

De otários e picaretas.

 

# 021

 

O que há de mais sólido

E real nesta vida

É a presença do mistério

Que a tudo alumia.

 

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

https://sites.google.com/view/zanela

 

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