Se há um trem que me impressiona uma barbaridade, é o desânimo que muitas pessoas apresentam em plena segunda-feira.
Me impressiona, especialmente, o desânimo que é exibido por muitíssimos jovens.
Não me refiro aqui ao desinteresse pelos estudos, nem mesmo ao desleixo para com as obrigações estudantis mais elementares que, infelizmente, também são elementos constantes na vida de muitos indivíduos desse universo etário.
Refiro mesmo ao desânimo que, mesmo antes de raiar o início da primeira aula, já se encontra estampado no rosto, com uma expressão de profunda gastura que reflete o acúmulo de boleiras noites mal dormidas, por conta de sua entrega, de corpo e alma, ao desfrute propiciado por um jogo eletrônico, ou a longas conversas digitais junto à tela insípida de um celular.
Às vezes, as duas coisas ao mesmo tempo, juntas e misturadas, como eles mesmos confessam.
Quando defronto-me com cenas desse naipe, e defronto-me com elas frequentemente, fico meio que macambúzio a me perguntar junto aos meus alfarrábios: por mil raios e trovões! O que os pais e mães dessa gurizada fazem com relação a esse tipo de comportamento?
Pergunto e, bem rapidinho, acabo deixando pra lá, tendo em vistas as possíveis respostas que invadem a minha mente.
Muitas vezes tenho a impressão que há um grande desdém da parte daqueles que deveriam primar pelo zelo.
Explico-me para não parecer grosseiro: uma das atitudes, repito, uma das atitudes fundamentais da parte dos pais na educação dos filhos é a de ser um observador atento e um ouvinte amoroso.
Se não somos bons ouvintes, se não damos a devida atenção a eles, nós não saberemos contribuir de forma significativa para a educação deles.
E se nós não conseguimos nem mesmo zelar para que eles tenham uma boa noite de sono reparador, como podemos afirmar que realmente nos preocupamos com o desenvolvimento e com a formação da personalidade deles?
Sim, eu sei que muitos serão capazes de contornar essa pergunta e fingir que esse problema não existe, da mesma forma que frequentemente damos de ombros e fingimos que inúmeras outras quizilas, que se fazem presentes em nossas vidas, também não existem.
E a presença desse tipo de atitude vil, por si só, já explica minhas coisas, não é mesmo?
Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela - professor, escrevinhador e bebedor de café. Autor de “A Bacia de Pilatos”, entre outros ebooks.
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