Pular para o conteúdo principal

DIÁRIO DE INSIGNIFICÂNCIAS E INCONGRUÊNCIAS (p. 42)

O desespero é uma ilusão. A maior de todas.

 

#   #   #

 

Somente se acha uma pessoa boa quem nunca, nunquinha, tentou realmente fazer o bem sem se preocupar se seria reconhecida por isso.

 

#   #   #

 

Não pergunte o que devemos fazer para não perder o dito-cujo do foco. Perguntemos, com franqueza, para nós mesmos, se algum dia nós realmente nos esforçamos para ficarmos focados em alguma coisa.

 

#   #   #

 

Ao chegar em sua casa procure tirar um tempinho para deitar no gramado do quintal. Deite e sinta a presença das estrelas que nos observam sem nada dizer, a força do solo que nos sustém sem nada cobrar, o frescor do ar que nos cinge sem nada pedir e ouça, atentamente, todos os sons sutis que nos circundam e que nós, de forma tola, ignoramos diariamente de uma forma nada solene.

 

#   #   #

 

Se tivéssemos, ao encararmos nossas tarefas diárias, a mesma seriedade com que encarávamos as brincadeiras e jogos que inundavam os dias sem fim de nossa infância, com certeza seríamos pessoas maduras, ao invés dessa fossa de presunção e má vontade.

 

#   #   #

 

Se tivéssemos, frente às nossas tarefas diárias, ao menos um cadinho da seriedade que tínhamos quando estávamos diante das brincadeiras e jogos que inundavam os dias sem fim da nossa infância, com certeza seríamos pessoas melhores, pessoas maduras, e não essa fossa pútrida de presunção e má vontade.

 

#   #   #

 

Aqui nestas terras liliputianas, roubar e levar a bancarrota toda uma nação, é algo digno de cem anos de perdão, merecedor de mil e uma concessões; agora dizer meia-dúzia palavrões, chamar larápio de ladrão, e de outras coisinhas mais, isso não pode não. Tal atitude seria, no entendimento dos togados guardiões da galáxia, uma ameaça terrível e inenarrável contra a democracia, contra os bons costumes, contra a segurança da órbita dos planetas.

 

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

https://sites.google.com/view/zanela

 

Inscreva-se [aqui] para receber nossas notificações.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O ABACAXI ESTÁ EM NOSSAS MÃOS

Dia desses, eu estava folheando um velho caderno de anotações, relendo alguns apontamentos feitos há muito tempo, e entre uns rabiscos aqui e uns borrões acolá, eis que me deparo com algumas observações sobre o ensaio "La misión pedagógica de José Ortega y Gasset", de Robert Corrigan. Corrigan faz algumas considerações não a respeito da obra do grande filósofo espanhol, mas sim sobre o professor Ortega y Gasset e sua forma de encarar a vocação professoral. O autor de "La rebelión de las masas" via sua atuação junto à imprensa como uma continuação de suas atividades educacionais, onde apresentava suas ideias, marcava posição frente a temas contemporâneos e, é claro, embrenhava-se em inúmeros entreveros. Ele afirmava que, para realizarmos com maestria a vocação professoral, é necessário que tenhamos nosso coração inclinado para um certo sacrifício heroico, para que se possa realizar algo maior do que nós mesmos: o ato de levar a luz do saber para os corações que se ve...

FRAGMENTOS DE UM DIÁRIO HETERODOXO #009

Todo orgulhoso se borra de medo da imagem das suas incontáveis imperfeições.   #   Onde não há preferência sincera, há indiferença cínica.   #   Tudo termina tragicamente quando a paciência finda melancolicamente.   #   O impulso de querer racionalizar tudo é o maior inimigo da racionalidade e do bom senso.   #   A verdadeira história da consciência individual começa com a confissão da primeira mentira contada por nós para nós mesmos.   #   Frequentemente somos firmes por pura fraqueza e audaciosos por mera teimosia.   #   Podemos usar as novas tecnologias para sermos reduzidos a uma escravidão abjeta, ou nos servirmos delas para lutarmos para preservar a nossa liberdade interior e a nossa sanidade.   *   Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela - professor, escrevinhador e bebedor de café. Autor de “REFAZENDO AS ASAS DE ÍCARO”, entre outros livros. https://l...

NÃO IGNOREMOS OS OMBROS DOS TITÃS

Nós não somos apenas os caminhos que percorremos, os tropeços que damos, as circunstâncias que vivemos. Somos também e, principalmente, o modo como encaramos os nossos descaminhos, a forma como enfrentamos nossas desventuras, a maneira como abraçamos o conjunto desconjuntado da nossa vida. Como nos ensina Ortega y Gasset, é isso que somos; e se não salvamos as nossas circunstâncias, estamos condenando a nós mesmos.   Dito de outro modo, podemos olhar para nossa sombra e lamentar a nossa diminuta condição ou, em vez disso, podemos nos perguntar, de forma resoluta, o que podemos fazer de significativo com o pouco que temos e com o nada que somos.   Para responder a essa espinhosa pergunta, mais do que inteligência e sagacidade, é preciso que tenhamos uma profícua imaginação, tendo em vista que pouco poderá ser compreendido se nossa imaginação for anêmica.   Lembremos: nada pode ser acessado pela nossa compreensão sem que antes tenha sido devidamente formulado pe...