Por volta de 2004 (meu Deus, como o tempo passa), encontrei-me com um professor alemão em uma fila, onde ambos aguardávamos uma consulta médica. Puxei prosa e, para minha alegria, o alemão falava muito bem a língua de Camões. Fazia pouco que ele estava por cá, mas já havia morado no Brasil nos anos 70.
Papo vai, papo vem, perguntei o que estava achando do Brasil do início do terceiro milênio e ele me disse, de forma lacônica: “eu acho que está muito legal.” Perguntei o porquê e, com humor, disse: “cara, o fato de você poder chamar seus governantes de FDP não tem preço”.
Esse senhor, cujo nome escapa pelos dedos da minha memória, viveu a ditadura Nacional-Socialista, imposta por Hitler e suas abóboras selvagens; e no Brasil dos tempos da ditadura do “Ama-o ou deixe-o.” Ou seja, ele sabia muito bem o valor dessa tal liberdade.
Bem, o mundo dá vodkas e, atualmente, vemos políticos e demais charlatães de Estado defenderem a “limitação da liberdade de expressão”. Isso não me espanta, tendo em vista que essa gente não aguenta o brilho da luz da lamparina da verdade.
Na real, a única luz que lhes agrada é a que vem dos holofotes e olhe lá.
Agora, ver profissionais da comunicação e intelectuais defendendo a censura como um instrumento “excepcional” para proteger as pessoas contra as supostas mentiras sulfurosas, chamadas pela vaga alcunha de “fake news”, ou pelo elástico epíteto de “discurso de ódio” é, literalmente, a morte agônica do jornalismo, o suplício do discernimento, o naufrágio das consciências.
E, ao que parece, todos aqueles que clamam pela manipulação indiscreta das consciências por meio do controle dos meios de informação, e das palavras que podem ou não ser ditas, para combater as supostas “fake news”, esquecem-se que a mentira se combate com a verdade, não com um cala-boca institucional.
Esquecem-se que os tiranos sempre juram de pés juntos que estão combatendo as mentiras maledicentes, que estão agindo em nome das mais elevadas intenções, mas jamais dizem que estão censurando alguém.
Enfim, esqueceram-se de tudo isso e de muito mais e não querem que ninguém os lembre disso.
Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela
https://sites.google.com/view/zanela
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