Pular para o conteúdo principal

A CONSCIÊNCIA DE UM CÁGADO TRANQUILO

Poder, sem muitos rodeios, seria a influência da vontade de um sobre a vontade de outro. Para realizar essa empreitada, podemos argumentar para persuadir uma pessoa, oferecer vantagens materiais ou pecuniárias para convencer o sujeito a fazer o que queremos e, é claro, se tudo isso falhar, pode-se coagi-lo a realizar o que é da nossa vontade.

 

Qualquer um dos meios indicados para exercer o poder não são bons nem ruins em si. São apenas meios para exercê-lo. Agora, aquilo que é de nossa vontade, isso sim meu amigo, pode ser algo minimamente bom ou tremendamente mau.

 

Por exemplo, posso tentar persuadir uma pessoa pela força dos argumentos, ou por meio de apresentação de vantagens, ou através de elementos coercitivos, para que ela não faça uma bobagem, ou para que realize uma besteira.

 

Nas duas situações estaríamos procurando fazer valer a nossa vontade, logo, estaríamos tentando exercer o poder que nos cabe no latifúndio da vida.

 

Imbuídos de boa ou má vontade, tal exercício tem uma grande capacidade de degradar a nossa alma, principalmente se o poder estiver cristalizado, se ele for institucionalizado.

 

Quando passamos a considerar qualquer ação de nossa parte como algo justificado por aquilo que consideramos justo, o exercício do poder acaba nos brutalizando.

 

Brutaliza quem o exerce e bestializa aqueles que são alvo do seu exercício.

 

Como a muito São Thomas Morus havia apontado, de tanto praticarmos algo, acabamos nos dessensibilizando em relação ao nosso semelhante, ao ponto de não mais o reconhecermos como um ser humano. E isso é muito perigoso.

 

E todos nós estamos nesse barco e corremos o risco de cair na banalização do mal, como bem nos adverte Hannah Arendt. E é justamente em meio a esse clima que são realizadas as maiores atrocidades, que são perpetradas as maiores tragédias, com a consciência tranquila de um indivíduo que acredita, candidamente, que está agindo de forma crítica, democrática e cidadã.

 

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

https://sites.google.com/view/zanela

 

Inscreva-se [aqui] para receber nossas notificações.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

CAMINHANDO SEM PRESSA NA CONTRAMÃO

Recentemente tive a alegria de encontrar em um Sebo o livro “Rubem Braga – um cigano fazendeiro do ar”, de Marco Antonio de Carvalho. Na ocasião, não tive como comprá-lo. Já havia fechado minha compra e, em consequência, não tinha mais nenhum tostão no bolso, por isso, deixei o baita na estante, torcendo para que ninguém o comprasse.   As semanas se passaram e lá estava eu, mais uma vez, no mesmo Sebo e, graças ao bom Deus, lá estava o bicho velho, esperando o Darta para levá-lo. Na ocasião estava indo para uma consulta médica e, enquanto aguardava, iniciei minha jornada pelas páginas da referida obra.   Rubem Braga, o homem que passava despercebido no meio da multidão, percebia tudo, tudinho, que a multidão não era capaz de constatar e de compreender. Não é à toa que ele era e é o grande mestre da crônica.   Ao indicar esse caminho, não estamos, de modo algum, querendo insultar ninguém não. O fato é que toda multidão, por definição, vê apenas e tão somente o que os mil olhos da massa

BUKOWSKI DIANTE DAS AREIAS DO TEMPO

O filósofo argentino José Ingenieros, em seu livro “Las fuerzas morales”, nos lembra que cada época tem que lutar para reconquistar a história. As pessoas de todos os tempos, dentro de suas circunstâncias, devem esforçar-se nessa empreitada. O conhecimento, por sua natureza, encontra-se espalhado pela sociedade, em repouso sobre incontáveis fragmentos, como se fosse um oceano de areia diante do horizonte da existência e, cada geração, deve procurar reconstruir, com as areias do tempo, o palácio da memória, o templo da história porque, sempre, cedo ou tarde, vem a roda-viva e sopra novas circunstâncias em nossa vida mal vivida, que vão erodindo todo o trabalho que foi realizado por nós e pelas gerações que nos antecederam. A cada nova circunstância que se apresenta, é necessário que procuremos atualizar a nossa visão do passado, para que possamos melhor compreender o momento presente e, principalmente, a nós mesmos. Nesse sentido, podemos afirmar, sem medo de errar, que a história é sem

REFLEXÕES INOPORTUNAS (p. 02)

A pressa é inimiga da perfeição, todo mundo sabe disso; mas a inércia covarde, fantasiada de prudência e sofisticação, não é amiga de ninguém e isso, infelizmente, é ignorado por muita gente de alma sebosa.   #   #   #   A soberba precede a queda. E entre ela e a queda há sempre uma grande tragédia.   #   #   #   Todo parasita se considera tão necessário quanto insubstituível, especialmente os sacripantas burocráticos e perdulários.   #   #   #   Fetiche por novas tecnologias não é sinônimo de uma educação de qualidade. É apenas um vício invadindo descaradamente a praia das virtudes.   #   #   #   O maior de todos os erros, que podemos cometer por pura estupidez, é imaginar que estamos imunes a eles só porque temos um diploma na parede e algum dinheiro na conta bancária.   #   #   #   Qualquer um que diga que tudo é relativo, não deveria, por uma questão de princípio, jamais queixar-se [depre]civicamente contra a presença de nenhum político, nem reclamar das picaretagens dos incontávei