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MUITO ALÉM DAS ROUPAS VERMELHAS DO PAPAI NOEL

Um amigo me mandou um trem que ele encontrou em um canto qualquer da internet e pediu minha opinião a respeito do dito cujo.  Ele não tem dó da gente, mas vamos lá.

 

O trem seria esse: “Acabaram com o 07 de setembro e profanaram o 12 de outubro, no Natal vão querer espancar o Papai Noel só porque ele usa vermelho”. Sejamos francos, a piada não é tão ruim assim, tem seus méritos, mas não chega a ser boazinha. Mesmo assim, procuremos ver o que há para além dos maliciosos risinhos de deboche.

 

O dia da independência não foi avacalhado por um grupo político, ele foi resgatado pela população que, pela primeira vez, por livre e espontânea vontade, vestiu-se de verde/amarelo e foi para as ruas cantar o hino nacional e rezar. Mas isso escandaliza algumas almas sensíveis, pelo visto.

 

Quanto ao dia 12 de outubro, o presidente Bolsonaro participou de uma das Missas realizadas na Basílica de Aparecida. Foi ovacionado quando chegou (o que não deveria ter ocorrido, pois não se bate palmas nem para o Papa dentro da Igreja), porém, todos silenciaram quando o sacerdote pediu para iniciar a celebração.

 

Bolsonaro permaneceu silente em toda a cerimônia, rezando, como deve-se permanecer numa Santa Missa. Ele não comungou, por ser divorciado, respeitando o que determina a Igreja. E sim, ele é um pegador e, até onde sei, a presença de pecadores em uma Missa não profana a Igreja, tendo em vista que ela existe para atender-nos.

 

(Vale lembrar que foi o “fique em casa" que quase acabou com Aparecida do Norte, não a presença de um pecador a mais na Basílica da Padroeira do Brasil).

 

Quanto ao Papai Noel: um personagem criado nos anos 20 por uma empresa capitalista, o homem dos presentes, remotamente inspirado em São Nicolau, não deve ser mesmo o centro da festividade do dia 25 de dezembro, não porque o personagem usa roupas vermelhas, mas sim, porque o que se celebra nesta data é o natalício de Cristo, o Verbo divino encarnado que veio habitar entre nós para nos salvar.

 

Por fim, como havíamos dito, a piadinha não era tão ruim assim, principalmente porque ela nos revela, de forma cristalina, o que há nos corações dessa “gente do bem” que se julga tão boazinha.

 

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

https://sites.google.com/view/zanela

 

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