Pular para o conteúdo principal

A RESPOSTA À PERGUNTA DE PILATOS

Toda vez que alguém nos adverte para o fato de que devemos elaborar critérios mais sólidos para selecionar tudo o que iremos entregar a nossa atenção, mais do que depressa, aparecem aqueles sujeitos que dizem que devemos tomar a “utilidade” como pedra de toque para distinguirmos o que tem valor daquilo que não tem valia alguma.

 

Bem, aí está um critério pra lá de complicado, porque não basta que algo seja útil para que ele seja bom. Não apenas isso. Existem inúmeras coisas nessa vida que não apresentam utilidade alguma e, por não serem úteis, elas têm um valor incalculável.

 

Por essa razão que Gustavo Corção, esse grande escritor brasileiro, dizia que o homem moderno deveria parar, imediatamente, de se perguntar a respeito da utilidade das coisas e começar, o mais rápido possível, a perguntar-se em que, todas as quinquilharias modernosas que nos rodeiam, e que damos tanto valor, contribuem para que nos tornemos pessoas melhores.

 

Essa é a questão que não se faz presente em nossa algibeira de ideias e, por não se fazer presente, acabamos nos cercando com um monte de trecos que, sim, tem mil e uma utilidades, porém, como não nos preocupamos em nos tornar pessoas melhores, como não colocamos essa questão no centro das nossas preocupações, todas as tranqueiras tecnológicas com as quais nos cercamos, estão dia após dia, contribuindo de alguma forma para que nos tornemos pessoas cada vez mais inúteis, fúteis e ruins.

 

Não? Então responda para você mesmo: essa ferramenta espetacular, que é o aparelho celular, tem sido utilizado por nós para atender qual finalidade em nossa porca vida?

 

Sim, a resposta a essa pergunta é tremendamente desagradável e o é, por uma razão muito simples: porque é a mais dura verdade. A mais dura verdade sobre nós mesmos.

 

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

https://sites.google.com/view/zanela

 

Inscreva-se [aqui] para receber nossas notificações.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

UMA ARMADILHA OCULTA EM NOSSO CORAÇÃO

Somos movidos pelo desejo, não temos para onde correr. E esse é um problema que todos nós temos que enfrentar, no íntimo do nosso coração, com as parcas forças do nosso ser.   Diante desse entrevero, Siddhartha Gautama diria que bastaria abdicarmos deles para os problemas se escafederem. Nas suas palavras, desejos seriam como pedras: quanto mais desejamos, mais pesada torna-se a vida.   E ele, em grande medida, está coberto de razão. O ponto é que essa não é uma tarefa tão simples assim. Na verdade, é uma tarefa hercúlea porque, o desejo, não é um mero adereço que usamos e descartamos quando nos dá na ventana. Nada disso.   Ele ocupa um lugar central em nossa vida e, por isso, todos nós temos em nosso âmago um vazio que apenas o absoluto pode preencher. Vazio esse que nos torna um ser sedento por ser. O problema é que não sabemos como fazer isso, nem por onde começar.   Segundo René Girard, o desejo não se manifesta em nós de maneira direta, mas sim, de forma triangu...

UM CASTELO DE CARTAS PÚTRIDAS

Somos uma sociedade espiritualmente adoecida. Aos olhos de qualquer bom observador, isso é algo evidente; mas, infelizmente, devido ao turbilhão de informações de importância questionável, que nos prende junto à poeira da superficialidade, acabamos por não dar a devida importância a esse fato.   Um dos traços desse adoecimento é a grande confusão de valores que invadiu a alma contemporânea, turvando de forma atávica a percepção dos indivíduos e pervertendo o senso das proporções que, como todos sabemos, é a base do discernimento, é a coluna de sustentação da consciência.   Se o amigo leitor, juntamente com seus alfarrábios, acredita que estou tomado por um delírio de ocasião, vejamos alguns dados que, penso eu, podem ilustrar melhor os efeitos que isso tem em nosso campo de percepção.   Segundo o Sistema de Avaliação da Educação Básica de 2019, 95% dos alunos concluíram o Ensino Médio sem um conhecimento adequado de matemática e 69% sem o nível esperado em língua portugue...

MUITO ALÉM DA CRETINICE DIGITAL

Desconfio sempre de pessoas muito entusiasmadas, da mesma forma que não levo a sério os alarmistas, que fazem uma canja rançosa com qualquer pé de galinha.   Bem, esse não é o caso de Michel Desmurget, doutor em neurociência e autor do livro “A fábrica de cretinos digitais”. Aliás, um baita livro.   No meu entender, essa deveria ser uma leitura obrigatória para pais, professores e, principalmente, para os burocratas e políticos que não se cansam de inventar traquitanas que, hipoteticamente, melhorariam a qualidade da educação.   Não duvido que políticos e burocratas, que se empolgam com toda ordem modismos, estejam cheios de boníssimas intenções, não mesmo. O problema, como todos nós sabemos, é que o inferno está cheio delas.   Enfim, em resumidas contas, a obra de Desmurget nos apresenta estudos, dados, fatos e evidências que demonstram o quão lesivo é para a formação das nossas crianças a exposição precoce e desmedida às telas, da mesma forma que desmitifica inúmer...