Pular para o conteúdo principal

O ALARIDO DA VIDA INTERIOR

Muitos afirmam, com orgulho, que são pessoas livres, conscientes e, é claro, críticas. E afirmam isso publicamente, em toda e qualquer ocasião que lhes pareça propício ostentar essas palavrinhas "mágicas".

 

Seja como for, é de fundamental importância que estejamos cônscios de quem somos e, principalmente, de quem devemos ser. Dito de outro modo: devemos saber qual é o nosso princípio e para qual fim devemos dirigir os nossos passos em nossa caminhada por esse mundão de Deus.

 

Se não sabemos responder essa pergunta de uma forma minimamente satisfatória, a palavra liberdade, com toda a sua formosura, será apenas mais uma palavra esvaziada de sentido, presente em uma vida criticamente desprovida de propósito.

 

Vemo-nos, muitíssimas vezes, perdidos em nós mesmos, em meio a pensamentos sem cabeça, ideias sem pé e impressões imprecisas que ficam num empurra-empurra sem fim em nossa cumbuca. Empurra-empurra esse que acaba bloqueando nossa percepção e tolhendo a nossa capacidade de compreensão.

 

Ora, como podemos crer que somos livres se nem mesmo somos capazes de silenciar o alarido da nossa alma para podermos ouvir, com um mínimo de clareza, a voz da verdade que, em nosso coração, nos convida noite e dia, a sermos mais do que uma pálida imagem de nossos capricho. Como? Aí fica difícil, não é mesmo?

 

Enfim, não há liberdade sem vida interior. Não há vida interior se não somos capazes de cultivar o tal do silêncio em nossa alma e, sem essas coisinhas, toda crítica, a respeito de qualquer coisa, torna-se um trem tão vazio quanto tolo.

 

[CADINHO DE PROSA # 24/08/2022]

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

https://sites.google.com/view/zanela

 

Inscreva-se [aqui] para receber nossas notificações.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

FRAGMENTOS DE UM DIÁRIO HETERODOXO #009

Todo orgulhoso se borra de medo da imagem das suas incontáveis imperfeições.   #   Onde não há preferência sincera, há indiferença cínica.   #   Tudo termina tragicamente quando a paciência finda melancolicamente.   #   O impulso de querer racionalizar tudo é o maior inimigo da racionalidade e do bom senso.   #   A verdadeira história da consciência individual começa com a confissão da primeira mentira contada por nós para nós mesmos.   #   Frequentemente somos firmes por pura fraqueza e audaciosos por mera teimosia.   #   Podemos usar as novas tecnologias para sermos reduzidos a uma escravidão abjeta, ou nos servirmos delas para lutarmos para preservar a nossa liberdade interior e a nossa sanidade.   *   Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela - professor, escrevinhador e bebedor de café. Autor de “REFAZENDO AS ASAS DE ÍCARO”, entre outros livros. https://l...

FRAGMENTOS DE UM DIÁRIO HETERODOXO #011

A vida sem momentos de recolhimento e silêncio é um convite a uma sucessão de erros.   #   Concentremo-nos no resultado que almejamos atingir, não na desculpa que iremos apresentar caso fracassemos.   #   É mais importante administrar acordos do que ficar tentando nos concentrar na criação de mecanismos para controlar as pessoas.   #   Todo escritor, ou escrevinhador, que quiser namorar a crônica deve ter o coração aberto para amar os momentos fugidios e saber amá-los.   #   Só os histéricos estão faceiros da vida na atual conjuntura em que nos encontramos.   #   Falemos apenas o necessário e o façamos apenas quando, realmente, a nossa fala for indispensável.   #   Lembremos desse velho ensinamento estoico: o que impede a ação pode sempre favorecer a ação, que aquilo que fica no meio do nosso caminho pode tornar-se o nosso caminho.   *   Escrevinhado por Dartagna...

O ABACAXI ESTÁ EM NOSSAS MÃOS

Dia desses, eu estava folheando um velho caderno de anotações, relendo alguns apontamentos feitos há muito tempo, e entre uns rabiscos aqui e uns borrões acolá, eis que me deparo com algumas observações sobre o ensaio "La misión pedagógica de José Ortega y Gasset", de Robert Corrigan. Corrigan faz algumas considerações não a respeito da obra do grande filósofo espanhol, mas sim sobre o professor Ortega y Gasset e sua forma de encarar a vocação professoral. O autor de "La rebelión de las masas" via sua atuação junto à imprensa como uma continuação de suas atividades educacionais, onde apresentava suas ideias, marcava posição frente a temas contemporâneos e, é claro, embrenhava-se em inúmeros entreveros. Ele afirmava que, para realizarmos com maestria a vocação professoral, é necessário que tenhamos nosso coração inclinado para um certo sacrifício heroico, para que se possa realizar algo maior do que nós mesmos: o ato de levar a luz do saber para os corações que se ve...