Pular para o conteúdo principal

A EXPRESSÃO CRISTALINA DE UM MAL

Ler é uma arte. Uma arte que, se tivermos esmero, dedicaremos nossa vida inteira para aprimorá-la. Todo bom leitor sabe disso e aceita essa realidade com grata alegria.

 

Sim, existem boleiras de pessoas que leem por ler. Também há outras que o fazem apenas para se informar superficialmente a respeito de qualquer coisa, só para ter o que falar nas rodas de prosa, sejam esses círculos infernais presenciais ou digitais. E, é claro, há muitos que apenas dizem que leem e que gostam do babado, mas não leem nadica de nada e não gostam nem um pouco daqueles que se dedicam a esse paranauê.

 

Porém, existem aqueles que leem para dilatar a sua capacidade de compreensão, para ampliar o horizonte da sua imaginação, para aprofundar o seu poder de avaliação e, é claro, para inspirar-se com novos ares e vislumbrar nossas possibilidades.

 

Para tanto, para ler com o intento de atingir tais objetivos, não se pode ter pressa, nem afobação, nem raivinha, senão a gente vira o pote e faz aquela lambança. Há de se ter paciência e generosidade não apenas para ler, mas principalmente para reler o que foi lido, quantas vezes nos parecer necessário.

 

É imprescindível que se tenha disposição para refletir a respeito do que nos foi apresentado e, é claro, arrojo para silenciar o alvoroço que se faz presente em nossa alma, algazarra essa que clama para criticar e condenar tudo, tudinho, antes mesmo de termos tido tempo para compreender alguma coisa.

 

De mais a mais, essa folia de criticar por criticar, sem esforçar-se minimamente para compreender o que estamos condenando com nossa boçalidade crítica, nada mais é do que a expressão clara e cristalina de um trem fuçado chamado analfabetismo funcional.

 

[CADINHO DE PROSA # 27/08/2022]

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

https://sites.google.com/view/zanela

 

Inscreva-se [aqui] para receber nossas notificações.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

CAMINHANDO SEM PRESSA NA CONTRAMÃO

Recentemente tive a alegria de encontrar em um Sebo o livro “Rubem Braga – um cigano fazendeiro do ar”, de Marco Antonio de Carvalho. Na ocasião, não tive como comprá-lo. Já havia fechado minha compra e, em consequência, não tinha mais nenhum tostão no bolso, por isso, deixei o baita na estante, torcendo para que ninguém o comprasse.   As semanas se passaram e lá estava eu, mais uma vez, no mesmo Sebo e, graças ao bom Deus, lá estava o bicho velho, esperando o Darta para levá-lo. Na ocasião estava indo para uma consulta médica e, enquanto aguardava, iniciei minha jornada pelas páginas da referida obra.   Rubem Braga, o homem que passava despercebido no meio da multidão, percebia tudo, tudinho, que a multidão não era capaz de constatar e de compreender. Não é à toa que ele era e é o grande mestre da crônica.   Ao indicar esse caminho, não estamos, de modo algum, querendo insultar ninguém não. O fato é que toda multidão, por definição, vê apenas e tão somente o que os mil olhos da massa

BUKOWSKI DIANTE DAS AREIAS DO TEMPO

O filósofo argentino José Ingenieros, em seu livro “Las fuerzas morales”, nos lembra que cada época tem que lutar para reconquistar a história. As pessoas de todos os tempos, dentro de suas circunstâncias, devem esforçar-se nessa empreitada. O conhecimento, por sua natureza, encontra-se espalhado pela sociedade, em repouso sobre incontáveis fragmentos, como se fosse um oceano de areia diante do horizonte da existência e, cada geração, deve procurar reconstruir, com as areias do tempo, o palácio da memória, o templo da história porque, sempre, cedo ou tarde, vem a roda-viva e sopra novas circunstâncias em nossa vida mal vivida, que vão erodindo todo o trabalho que foi realizado por nós e pelas gerações que nos antecederam. A cada nova circunstância que se apresenta, é necessário que procuremos atualizar a nossa visão do passado, para que possamos melhor compreender o momento presente e, principalmente, a nós mesmos. Nesse sentido, podemos afirmar, sem medo de errar, que a história é sem

REFLEXÕES INOPORTUNAS (p. 02)

A pressa é inimiga da perfeição, todo mundo sabe disso; mas a inércia covarde, fantasiada de prudência e sofisticação, não é amiga de ninguém e isso, infelizmente, é ignorado por muita gente de alma sebosa.   #   #   #   A soberba precede a queda. E entre ela e a queda há sempre uma grande tragédia.   #   #   #   Todo parasita se considera tão necessário quanto insubstituível, especialmente os sacripantas burocráticos e perdulários.   #   #   #   Fetiche por novas tecnologias não é sinônimo de uma educação de qualidade. É apenas um vício invadindo descaradamente a praia das virtudes.   #   #   #   O maior de todos os erros, que podemos cometer por pura estupidez, é imaginar que estamos imunes a eles só porque temos um diploma na parede e algum dinheiro na conta bancária.   #   #   #   Qualquer um que diga que tudo é relativo, não deveria, por uma questão de princípio, jamais queixar-se [depre]civicamente contra a presença de nenhum político, nem reclamar das picaretagens dos incontávei