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RABISCOS E BORRÕES DE UM CADERNO VELHO (p. 01)

Não há - não tem como haver - boa intenção onde não existe amor pela verdade. (15/12/2021)

 

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Onde não há limites claros não existe a menor possibilidade para realizar a tal da educação. E se alguém diz que não entende a razão da afirmação dessa obviedade ululante é porque, além de ter um entendimento estragado a respeito da questão, possivelmente está com o seu coração cheio, até a tampa, com as mais tortas e cínicas intenções. (15/12/2021)

 

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Tamanho é o caos mental que impera em nossa época que, para muitos, o amor à verdade é entendido como sendo um perigosíssimo discurso de ódio. Já para outros, o despeito histriônico seria sinônimo de uma refinada erudição. E há aqueles que, diferentemente desses dois trens fuçados, creem que a moderação afetada seria o suprassumo da prudência. (15/12/2021)

 

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Para as mentes criticamente críticas, o amor à verdade seria apenas e tão somente uma invencionice tão reacionária quanto perigosa. (15/12/2021)

 

 

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No Brasil dos diplomados, o amor pela verdade seria apenas um discurso de ódio e o humor escrachado, somente uma atitude odienta. Porém, atear fogo nas ruas e em monumentos seria, no entender dessas “piedosas” almas, apenas uma forma criticamente crítica de se iniciar um debate e uma oportunidade ímpar para cancelar aqueles que discordam deles, antes mesmo do debate começar. No ilustrado e iluminado entendimento dessa gente fina, elegante e descolada [da realidade], isso tudo seria apenas uma manifestação tão legítima quanto democrática. (15/12/2021)

 

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No fundo, mas não tão no fundo assim, não interessa tanto se a tal da cultura, consumida por nós, seja dum naipe alto, médio ou baixo; também não importa se a tal da educação recebida por cada um de nós é considerada, pelos doutos enjoados, como sendo crítica, clássica ou integral [e desnatada], muito mais do que crítica ou classicamente chata. O único babado que realmente importa é o que estamos fazendo de bom com aquilo que recebemos. Só isso. E tergiversar essa questão, ou procurar um bode expiatório para culpar pela nossa preguiça nada original, apenas amplia monstruosamente a nossa estupidificante boçalidade que, sejamos francos, não é nem um pouco pequena. (15/12/2021)

 

 

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

https://sites.google.com/view/zanela

 

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