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BULIMIA INFORMACIONAL

Não faz muito, estava lendo o livro “Israel em Abril”, de Érico Veríssimo, onde o mesmo relata as peripécias vividas por ele no período que esteve no Estado Hebreu nos anos sessenta. Uma obra similar ao livro “Gato preto em campo de neve”, do mesmo autor.   Bem, lembro da referida obra porque, logo nas primeiras páginas, Érico Veríssimo nos chama a atenção para a forma como a nossa memória, toda melindrosa, trabalha.   Ele nos diz que, quando menino, havia encontrado uma edição da revista “Leitura para todos” e nela havia uma fotografia do palácio de Vosges, que lhe encantou. Quarenta anos depois ele visitou Paris e, a primeira coisa que ele fez, foi conhecer a paisagem que, quando menino, havia visto em uma fotografia estampada nas páginas da dita-cuja da revista.   No entanto, quando ele voltou para o Brasil, para o seu espanto, a imagem que lhe vinha à mente, quando lembrava do referido palácio, não era a da experiência que ele teve ao visitar a cidade luz, mas sim, a imagem da foto

QUASE POESIA (p. 04)

# 021   Não sou, não mesmo, amigo de rei nenhum. Nem de presidente, nem de governador, Muito menos de deputado ou de senador, Desprezo igualmente a todos, um por um; Gente mesquinha que faz da dissimulação Da intriga ardilosa e da treinada mentira A matéria-prima da magia do seu dia a dia Usada para engambelar toda essa triste nação Encenando gestos de prodigalidade e alegria Perante as câmeras metidas de todas mídias Que não querem saber de espiar os bastidores Onde os biltres se derretem em vilanias Com dinheiro, tramoias e muitas baixarias Que, no fundo, são seus únicos amores.   # 022   Num estalar de dedos Somem os delírios E todos os medos.   # 023   Imaginar que O tal do materialismo Ou do cientificismo Seriam equivalentes Ao saber científico É um trem ridículo Um tremendo mico Pra dizer o mínimo.   # 024   O poder não é corruptor Ele apenas potencializa Todo o fel e desamor De quem o cobiça.   # 025   Quem com exuberância Fala o que bem entende Imaginando em sua mente Mesquinha

ENTRE GOLPES E CONCILIAÇÕES

Um livro que fez a cabeça de muita gente esquisita é a obra “Técnicas de golpes de Estado”, do escritor italiano Curzio Malaparte. Aliás, o autor odiava essa obra. Não apenas por não considerá-lo o seu melhor livro, mas também e principalmente, por apresentá-lo como sendo uma espécie de Nicolau Maquiavel do século XX.   Falando em gente diferente, José Dirceu, esse mesmo, em entrevista concedida ao jornalista Paulo Henrique Amorim, em 03 de setembro de 2018, por ocasião do lançamento do primeiro volume do seu livro de memórias, havia dito que a obra de Curzio Malaparte, em particular os livros “kaputt” e “A Pele”, tiveram uma grande influência sobre ele porque, nas suas palavras, o autor mostrava a realidade como ela é e era isso que lhe interessava, pouco importando qual fosse a orientação ideológica do escritor (só para constar: Curzio era um simpatizante do fascismo).   Tendo isso em vista, podemos, se assim desejarmos, junto com nossos alfarrábios, refletir um pouco a respeito da h

QUASE POESIA (p. 03)

# 015   O grande problema, meu irmão, Não é a nossa falta de motivação. A encrenca toda é a fraqueza adquirida Por nossa desídia e falta de perspectiva, Fruto da ausência esculachada e desinibida De todo e qualquer tipo de disciplina Em nossa porca vida mal vivida.   # 016   Enquanto a chuva cai Lentamente e sem cansar A saudade com ela se vai E com o correr das águas São levadas e lavadas Todas as velhas mágoas.   # 017   Na vida tudo tem peso, tudo Tem número e alguma medida, Especialmente os frutos Da nossa indisciplina.   # 018   De forma sonsa e insólita Com um golpe traiçoeiro A República foi proclamada No Brasil brasileiro.   # 019   Em Banânia, a vida pública Tanto na era republicana Como nos idos da monarquia Sempre foi uma porcaria Regida por uma camarilha De inigualável vilania.   # 020   O Quinze de novembro é uma farsa, O dia sete de setembro também. Porque hoje, nessa terra cansa

DIÁRIO DE INSIGNIFICÂNCIAS E INCONGRUÊNCIAS (p. 55)

Se nós acreditamos que somos imunes a toda e qualquer forma de manipulação, se cremos que estamos acima de toda e qualquer idiotia, é porque nós, com toda certeza, já nos encontramos mergulhados até a goela na mais abjeta imbecilidade.   #   #   #   Um adolescente mal educado, que vive fazendo pirraça e baixarias com os demais, das duas, uma: ou sente um prazer sádico e doentio em fazer ou outros sofrer e em deixar seus pais morrendo de vergonha, ou está apenas revelando com clareza, aos olhos de todos, a educação porca que recebeu no aconchego do seu lar.   #   #   #   É preciso tempo e dedicação para podermos conhecer um cadinho da tal da história. É necessário tempo para estudá-la e refletir sobre as suas incontáveis lições. Agora, ficar nesse clima de afobação, doido, doidinho para dar uma opinião furada a respeito de tudo, em toda e qualquer treta, é um atestado de profundo desamor pela Mestra da vida e de um tremendo desapreço por tudo aquilo que ela tem a nos ensinar.   #   #   

O CONSENSO MIDIÁTICO

O filósofo Vicente Ferreira da Silva, em seu livro “Dialética das Consciências”, nos lembra que cada tema, cada um ao seu modo, oferece algum risco, bem característico, a todo aquele que for refletir e ponderar a seu respeito, podendo levar o sujeito a perder-se em uma trama de ramificações, edificada a partir da dita-cuja da questão inicial que provocou a curiosidade do caboclo.   Sem dúvida alguma, um desses temas espinhosos que pode, com facilidade, nos levar a cair numa “dialética artificiosa e falaz”, é a fabricação do consenso midiático que, malandramente, se apresenta como sendo a “opinião pública”.   Ora, há muitas luas, se a cachorra da minha memória não está me pregando uma peça, Samuel Butler afirmou que o dever número um da imprensa seria instigar os seus leitores a duvidar de tudo aquilo que fosse publicado por ela e, assim deveria ser, por uma razão, que em épocas mais divertidas, parecia ser algo ululantemente óbvio: de que os formadores de opinião deveriam estimular os

QUASE POESIA (p. 02)

# 008   Se Sócrates bebeu a Cicuta Para não negar a verdade, Indo contra a vontade Da canalhada corrupta, Se Cristo morreu crucificado Para com seu sangue nos redimir, Dos nossos inúmeros pecados, Se no caminho para Damasco Um clarão de luz cegou Saulo Que caiu vergonhosamente do cavalo Para tornar-se São Paulo O grande e ousado apóstolo Daquele que venceu a morte, Quem somos nós na ordem do dia Para rir e fazer pouco caso Daqueles que procuram sem cessar, Num misto de fervor e agonia, A luz que há de nos libertar? Somos a negação daquilo que Poderíamos um dia ter sido, Apenas uma pálida sombra Desprovida de sentido.   # 009   Todo menino mimado e metido Que torna-se um tirano constituído Pela batuta da letra morta da lei Age como se fosse um poderoso rei Apesar de ser apenas um menino Mimado, togado e cretino.   # 010   Tombou o velho Nabucodonosor Depois de ter causado E espelhado tanta dor Da mesma forma tombará também Todos aqueles se negarem Realizar graciosamente o bem.   # 011