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SENSEI RONERSON – EM MEMÓRIA

As lições ensinadas pelas artes marciais vão muito além do tatame. Todos aqueles que dedicam a vida ao seu cultivo sabem muito bem disso.   A vida, literalmente, transfigura-se. Somos plasmados pela arte do combate que, de modo sutil, nos ensina a lutar a boa luta contra nossas fraquezas e limitações, todo o santo dia, na arena do nosso coração.   Aliás, como nos ensina o sensei Jigoro Kano, a simplicidade é a chave de toda arte; é a chave da vida.   Sensei Ronerson, que tivemos a felicidade de conhecer, é um exemplo de uma vida, que foi vivida, no calor dos tatames e no riscado estreito do judô, do “caminho suave” e, por isso, enriquecida pela simplicidade que emanava em seu jeito de ser; que era irradiada através do seu modo de ensinar, que tanto inspirava os seus alunos e amigos.   Como nos ensina Miyamoto Musashi, os homens devem moldar o seu caminho, e o senhor, sensei, moldou o seu com maestria.   Muitas são as lembranças que ficam, muitas delas na forma de lições que foram minis

MUITO ALÉM DA BESTIALIDADE

Em uma de suas últimas entrevistas, o historiador José Murilo de Carvalho havia afirmado que tinha perdido a esperança de que, um dia, o Brasil viria a ser uma grande nação e, nessa tertúlia, ele apresentou algumas das razões que o levaram a ter essa visão pessimista a respeito da pátria de chuteiras. Razões as quais, francamente, em muitíssimos pontos, não temos como, nem porque, discordar.   Além do mais, de minha parte, graças ao bom Deus, nunca tive esse tipo de esperança, de querer que o Brasil se torne uma das grandes nações do mundo. Nunca esperei, e não espero. Espero apenas que nós, brasileiros, estejamos à altura dos desafios que se apresentam a nós, reles e anônimos cidadãos, para superá-los com magnanimidade e, se for o caso, que sejamos capazes de sucumbir com altivez estoica.   Uma nação, seja ela graúda ou nanica, antes de qualquer coisa, é apenas uma abstração política se não considerarmos, em primeiro lugar, os homens e mulheres, anônimos e sem grande procedência, que

DIÁRIO DE INSIGNIFICÂNCIAS E INCONGRUÊNCIAS (p. 48)

Todo dia é uma peleja. Uma luta soturna com as lides cotidianas, um combate com os imprevistos que surgem em nosso caminho e, principalmente, todo dia é mais uma batalha desta longa guerra contra nós mesmos.   #   #   #   É preciso que abandonemos, de vereda, o trono de soberba que há em nosso coração, para que Cristo possa reinar plenamente em nossa alma.   #   #   #   A Sagrada Escritura é uma janela aberta para os tesouros do Céu, e um espelho que reflete todas as imperfeições que se encontram presentes na nossa alma.   #   #   #   Antes de ficarmos bravos, com tudo e com todos, porque nossos planos não estão saído do jeitinho que a gente queria, paremos um pouquinho e reflitamos a respeito do quão grande é a paciência divina para conosco, que teimamos em caminhar fora do riscado dos planos do Altíssimo.   #   #   #   Sem um voto inicial de renúncia, a educação, de qualquer indivíduo, tornar-se-á débil. Se nos mantermos apegados às nossas ignorâncias, que não são poucas, nenhum cami

DRAMAS, TRAMAS E TRETAS

Roger Bastide, nos chama a atenção para o fato de que não é suficiente ter um razoável conhecimento dos conceitos e teorias das ciências sociais para se compreender esse nosso Brasil brasileiro. Para realizar essa empreitada, segundo ele, é necessário que se tenha uma alma de poeta.   Bem, o que fora afirmado pelo sociólogo francês, em seu livro “Brasil – terra de contrastes”, na verdade é válido para todo e qualquer agrupamento humano, não apenas para a nossa brasílica sociedade.   O mundo, admitamos ou não, é muito mais complexo e profundo que nossos conceitos mesquinhos e teorias furadas a respeito de tudo e sobre todos.   Ora, em toda e qualquer sociedade encontraremos forças antagônicas e, essas belezuras, para o desgosto de marxistas, liberais, conservadores e tutti quanti, não se encontram perfeitamente esquadrinhadas em modelos teóricos pré-concebidos, onde cada um dos entes sociais encaixasse direitinho em um quadrado conceitual pré-fabricado.   Feliz ou infelizmente, esse tre

DIÁRIO DE INSIGNIFICÂNCIAS E INCONGRUÊNCIAS (p. 47)

Qualquer abuso de poder é um atestado de pusilanimidade.   #   #   #   A gratidão é um fruto da grandeza, não de almas secas e apequenadas.   #   #   #   Não é o povo que existe em função do governo; é o contrário. E se as coisas não seguem esse riscado, é porque há algo de muito errado com os governantes e, principalmente, com aqueles que por eles são governados.   #   #   #   A mente ociosa permite-se, tolamente, ser subjugada por seus próprios demônios e fantasmas.   #   #   #   Qualquer um que acredite apenas em “inquestionáveis verdades científicas”, na real, não sabe em que consiste a prática científica, ignora o que seja a procura amorosa pela verdade e, é claro, não compreende porque o ato de questionar é imprescindível para se perscrutar a verdade e realizar uma investigação orientada cientificamente.   #   #   #   A letra da lei, com o beneplácito dos doutos, tritura sem dó todos aqueles que se esforçam para caminhar no seu riscado e mima, desavergonhadamente, todos aqueles q

O SUTIL VENENO DO RELATIVISMO

As palavras não nos enganam. Nem elas, nem a realidade a qual elas se referem. Somos nós que nos enganamos, que nos permitimos ser enganados.   Dito de outro modo, as palavras, de um modo geral, são claras e cristalinas; dúbio e malicioso é o uso que muitas vezes é feito delas.   As palavras são límpidas; pernicioso e cheio de desídia é a nossa pressa leviana para chegarmos a um termo que seja apetecível ao nosso desamor pelo conhecimento.   Poderíamos seguir com o andor por muitas léguas, porém, creio que isso não seja necessário.   Imagino que para bom entendedor, como dizem os populares, meia dúzia de palavras são mais do que suficientes para iniciar uma franca reflexão.   Já para aqueles que, por indolência, preferem entregar-se garbosamente ao relativismo, fazendo pose de desentendido, com ares de superioridade, ignorando a realidade, ou apenas apegando-se àquilo que lhe permita sentir-se confortável, nem todas as palavras do mundo seriam suficientes.   Nem mil palavras de sabedor

SAL DA TERRA, LUZ DO MUNDO

Para sermos uma boa companhia, em nossa jornada por esse vale de lágrimas, é imprescindível que aprendamos a caminhar sozinhos.   Precisamos aprender a estar a sós conosco mesmo, para permitirmos que a voz profunda da nossa consciência nos fale.   E ela nos fala, o tempo todo, de modo franco e insistente, mas nós, de forma obstinada, continuamos fazendo ouvidos moucos, ignorando o eco da sua voz, porque temos medo de ficar a sós com ela, na intimidade do nosso coração.   Tememos a fala trovejante da nossa consciência, porque nos borramos só de pensar no que ela irá nos falar.   Trememos diante da possibilidade de termos de ouvir, calados, todas as verdades que procuramos, todo santo dia, nos esquivar.   Como bem nos adverte São João Crisóstomo, é próprio do inimigo criar maquinações mil, distrações mil, para nos afastar da verdade.   E nós, mal aconselhados que somos pelo medo, acabamos muitas vezes nos abraçando com a mentira, fantasiada com argumentos maliciosos, que repetimos para n