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DIÁRIO DE INSIGNIFICÂNCIAS E INCONGRUÊNCIAS (p. 45)

O que sabemos é muito pouco, bem menos do que presumimos saber. Já o que ignoramos é muito, muito mais do que conseguiríamos admitir.   #   #   #   Querermos sempre mais e mais, sem pararmos para dar o devido valor para tudo aquilo que já conquistamos, é uma tremenda burrada.   #   #   #   Problemão é outro nome para oportunidade desdenhada.   #   #   #   Ser derrotado não é o mesmo que ser destruído. Apenas somos derrotados quando, diante de um fracasso, desistimos de nós mesmos.   #   #   #   O forte não sabe o que é ressentimento. O fraco ignora o que seja o perdão.   #   #   #   Muitas e muitas vezes, inventamos perigos para justificar medos infundados.   #   #   #   Livre arbítrio é responsabilidade.   #   #   #   Há uma sutil diferença entre perseverança e teimosia. Mentira. É uma baita diferença.   #   #   #   O que alguns chamam de “consciência crítica”, não passa de uma alucinação coletiva; e o que outros chamam de “alta cultura”, frequentemente é a mesmíssima coisa, só que co

UM GOLPE BEM DADO

Bruce Lee, certa feita havia dito que ele não se impressionava nem um pouco com um homem que, um dia, tenha praticado mil golpes diferentes, mas que ele respeitava profundamente o homem que praticou mil vezes o mesmo golpe.   Dito de outro forma, a prática leva-nos à superação e, deste modo, nos aproxima da perfeição. Aliás, como nos adverte a sabedoria dos antigos, essa tal de repetição é a mãe do aprendizado.   A repetição é a mãe do aperfeiçoamento do corpo, da mente, da alma e do caráter. As supostas novidades metodológicas irrefletidas, as pedagogices populistas, que são mecânica e burocraticamente impostas, não o são, apesar de serem ovacionadas como se fossem a salvação da lavoura, com seus números artificiosos e índices mefistofélicos.   E por isso mesmo insistimos em lembrar: a repetição é a mãe do aprendizado, não a implementação impensada e constante de toda e qualquer traquitana tecnológica que nos pareça “diferentona”, ou algo que o valha.   Não é à toa que, mais uma vez,

OLHOS PESADOS E UM CORAÇÃO APERTADO

Se há um trem que me impressiona uma barbaridade, é o desânimo que muitas pessoas apresentam em plena segunda-feira.   Me impressiona, especialmente, o desânimo que é exibido por muitíssimos jovens.   Não me refiro aqui ao desinteresse pelos estudos, nem mesmo ao desleixo para com as obrigações estudantis mais elementares que, infelizmente, também são elementos constantes na vida de muitos indivíduos desse universo etário.   Refiro mesmo ao desânimo que, mesmo antes de raiar o início da primeira aula, já se encontra estampado no rosto, com uma expressão de profunda gastura que reflete o acúmulo de boleiras noites mal dormidas, por conta de sua entrega, de corpo e alma, ao desfrute propiciado por um jogo eletrônico, ou a longas conversas digitais junto à tela insípida de um celular.   Às vezes, as duas coisas ao mesmo tempo, juntas e misturadas, como eles mesmos confessam.   Quando defronto-me com cenas desse naipe, e defronto-me com elas frequentemente, fico meio que macambúzio a me pe

DIÁRIO DE INSIGNIFICÂNCIAS E INCONGRUÊNCIAS (p. 44)

Qualquer um que não tire a palavra problematizar da boca - nem para escovar os dentes, ou para assoar o nariz - por mais que tente parecer boa gente e simpático, não conseguirá esconder de ninguém a sua singular e soberba condição de indivíduo criticamente chato.   #   #   #   No Brasil tudo é possível. Tudo. Se aqui, nestas plagas cabralinas, foi possível existir Machado de Assis, Nelson Rodrigues e demais figurinhas e figurões de naipe similar, tudo é possível.   #   #   #   Quem me dera poder ter em minha cumbuca, um estalo similar ao que teve Padre Vieira na sua cachola que, segundo se conta, passou a entender tudo, tintim por tintim, após o dito-cujo do estalo.   #   #   #   Francamente, penso que deveria ser ensinado nas escolas, para toda gurizada, coisas como: dança de salão, karatê, kung Fu, Capoeira, culinária, marcenaria e demais artes. Em um curto prazo de tempo, os infantes iriam entender de forma cristalina a importância da ordem e da disciplina para o aprendizado de qual

O PASSO CLAUDICANTE DA PALAVRA MUTILADA

Quanto mais uma palavra circula pelas ruas e vielas que dão forma àquilo que convencionamos chamar de opinião pública, mais ela vai perdendo sua substância, chegando ao ponto de, inclusive, significar, ou sinalizar, algo que seja literalmente o contrário do seu sentido originário.   Um exemplo interessante disso nos é apresentado pelo escritor israelense Amós Oz [1], quando esse nos chama a atenção para os usos e abusos que são feitos com a palavra amor.   Para tanto, como bom artífice da palavra, ele nos chama a atenção para o óbvio ululante, que é tão tola e soberbamente desdenhado por nós. É o seguinte: uma pessoa é apenas capaz de amar verdadeiramente, no máximo, umas vinte pessoas. E tem outra: se essa pessoa for amada por outras vinte, com certeza ela pode se considerar um sujeito afortunado.   E por que ele nos diz isso? Porque todas as vezes que vemos um caboclo bradando aos quatro ventos que ama todos os brasileiros, toda a América Latina, toda a humanidade, pode ter certeza q

DIÁRIO DE INSIGNIFICÂNCIAS E INCONGRUÊNCIAS (p. 43)

O fato de termos feito algo que preste em nossa vida não significa, necessariamente, que sejamos uma pessoa boa, da mesma forma que termos feito algo reprovável não significa que sejamos, fundamentalmente, uma má pessoa.   #   #   #   Muitas são as ilusões que palpitam no coração humano, muitas, mas a maior de todas provavelmente é a crença de que podemos controlar tudo. Não apenas uma das maiores, como também, uma das mais perigosas. Todas as vezes que alimentamos essa ilusão de querermos controlar tudo, tintim por tintim, é justamente quando, sem nos darmos conta, acabamos por ficar sem nenhuma autoridade.   #   #   #   O otimista é um imbecil satisfeito, faceiro da vida por qualquer coisa. Já o pessimista é um idiota desgostoso, que vive pau da vida com qualquer ninharia.   #   #   #   Enaltecer, ou depreciar, os grandes vultos da história é um exercício estéril, logo, estúpido.   Por isso mesmo é imprescindível que nos esforcemos, com um mínimo de sinceridade, para compreendê-los.

O ESPELHO DE OJESED E O CÁLICE DE CICUTA

Sermos capazes de olhar para o nosso passado e sentirmos que fracassamos é um claro indicador de que não despirocamos de vez. Aliás, como certa feita havia sido dito pelo filósofo Leszek Kolakowski [1], quem nunca experimentou a sensação de ser um charlatão, no fundo, não passa de uma alma superficial, indigna de atenção.   Se nós nunca tivemos essa sensação, pode ter certeza de que há algo de muito errado conosco. Muito errado mesmo. Agora, se porventura, nós já sentimos nossa garganta ficar apertada por conta desse tipo de impressão, há um detalhe que merece nossa atenção. No caso, é a nossa inenarrável capacidade para justificar os nossos erros e fracassos, o nosso grande potencial para nos autoenganarmos.   Quando a nossa consciência pesa e nos acusa, mais do que depressa realizamos o movimento de nos colocarmos na defensiva, argumentando contra os apontamentos feitos por ela, justificando de mil e uma maneiras nossos erros diante dela. E, desta forma, sem nos darmos conta, acabamo