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A VELHA IGREJINHA E A NOVA MATRIZ

Ao som da guitarra de Paco de Lucia escrevo essas linhas - dentro de minhas limitações, que não são poucas - para compartilhar algumas reflexões a partir da demolição do pavilhão da nossa paróquia (que em breve, também, contará com a demolição da Igreja), para que possa ser construída uma nova Matriz. Demolição essa que, no caso do pavilhão, já ocorreu.   Dito isso, sigamos com as reflexões que, espero eu, sejam de alguma valia.   Ponto um. Afirma-se que a Nova Matriz deve estar voltada para a cidade, para o povo, e não para o mato, como a atual Igrejinha está. Bem, nessa consideração há um equívoco. Primeiramente, o edifício de uma Igreja não deve, necessariamente, estar voltada para a cidade, ou para o povo, mas sim, para Deus, ou seja, para o céu. Por isso, tradicionalmente, as igrejas, catedrais, basílicas e capelas, primavam pela verticalidade (voltavam-se para o alto, convidando os fiéis a dirigirem os seus olhos e suas preces para o céu). Esse ponto, como pode-se notar, é de uma

PARA ALÉM DAS BRUMAS QUE ESTÃO NO HORIZONTE

Mudar é preciso. Viver não é preciso. Sim, eu sei que não foi isso que o poeta disse, mas, ao que parece, esse é o canto que anima o baile que embala os corações de muitos.   Não são poucas as pessoas que clamam por mudanças, por transformações, porém, tais figuras, esperançosas até o tutano, se esquecem de levar em consideração o fato de que o início de uma mudança desejável, por pequena que seja, necessariamente acaba abrindo espaço para inúmeras outras que, muitíssimas vezes, não o são.   Não estou querendo rogar praga nas expectativas de ninguém não. Longe de mim fazer uma coisa dessa.   A questão para a qual quero chamar a atenção é que, todo esforço humano, que procura arrumar ou reformar algo, em pequena ou grande escala, sempre acaba por desencadear uma multiplicidade de forças, de intenções e reações, que não estavam previstas em nossos planos iniciais.   Por isso mesmo, o resultado de muitos de nossos projetos acabam sendo bem diferentes daquilo que havíamos idealizado no com

DIÁRIO DE INSIGNIFICÂNCIAS E INCONGRUÊNCIAS (p. 36)

Muitos se perdem por ficarem com seus olhos agrilhoados às sombras do passado, enquanto outros se iludem, feito um bocó de mola, permitindo que seus olhos permaneçam ancorados nas brumas do amanhã. Tanto um quanto o outro se esquecem de mirar nos contrastes de luz e sombras que dão forma ao presente, deixando de perceber as forças pretéritas que ainda estão agindo sobre nós e ficando sem conseguir enxergar as ações futuras que já estão germinando no meio de nós.   #   #   #   Vamos fazer um exame de consciência, bem rapidinho, nas coxas? Então, vamos lá: ontem, quantas pessoas você consolou? Entendo. Quantas confusões você dissipou nesse dia? Negou-se a ouvir alguma fofoca? Estou sabendo. Por acaso, você ajudou alguém a se reconciliar com outra pessoa? Se esforçou para ser gentil quando poderia não ter sido? Compreendo. Manifestou, de alguma forma, a tal da gratidão? Fez alguém sorrir? Bem, se a sua resposta para todas essas perguntas foi um não, meu amigo, sinto em dizer, mas o seu di

[e-book] O IMPÉRIO DA FALTA DE NOÇÃO.

Esse modesto livreto reúne algumas crônicas que foram publicadas no Tempo Quaresmal do ano de 2022. Por meio delas, procuramos compartilhar algumas reflexões sobre os dilemas e desafios que se apresentam a todos aqueles que estão envolvidos de algum modo com a educação, ou com o que restou dela. É isso. Boa leitura. [e-book]  O IMPÉRIO DA FALTA DE NOÇÃO .  Edições da Grota, 2023.   2023. https://sites.google.com/view/zanela   Inscreva-se [ aqui ] para receber nossas notificações.  

DIÁRIO DE INSIGNIFICÂNCIAS E INCONGRUÊNCIAS (p. 35)

Não digo que todo povo tem o governo (executivo e legislativo) que merece porque tal encrenca não é uma questão de mérito não. Na verdade, penso que todo o governo, de um modo geral, nada mais é que uma expressão do espírito público que anima a sociedade. Trocando em miúdos: cada povo tem o governo que pode ter, merecendo ou não a tranqueira que o (des)governa.   #   #   #   Nesta vida apenas encontramos consolo quando primeiramente aprendemos a consolar. Essa lição, tão simples, presente na oração de São Francisco de Assis, repetida diariamente por nós, deveria ser uma chama ardente em nosso coração que, infelizmente, encontra-se com seus átrios e ventrículos intoxicados por toda ordem de ideologias modernosas, que querem a todo custo nos levar a crer que somos grandes vítimas, as maiores de toda a história. Não é à toa, nem por acaso, que vivemos pelos quatro cantos entregues a toda ordem de lamúria, fazendo das reclamações estéreis a nossa única oração.   #   #   #   Somente um cadá

CABEÇA PARADA É OFICINA DE ALGORITMO

Muitas vezes nos deparamos com um texto de difícil compreensão e, diante da dificuldade encontrada, podemos, de forma despojada, admitir que precisamos nos aprimorar na arte da leitura ou, como acontece muitas vezes, podemos, com os olhos cheios de bazófia, dizer que o texto é incompreensível porque está mal escrito, ou algo do gênero.   Doutra parte, quando o autor de um texto recebe um comentário desse feitio, apontando para a possível inelegibilidade de seu escrito, este pode, com desprendimento, se perguntar como ele poderia tornar as ideias que vertem do seu tinteiro mais claras e compreensíveis para aqueles que forem deitar suas vistas em seu trabalho, ou então, tomado pela empáfia, pode julgar que as observações feitas por seu leitor são apenas o fruto de uma almas desprovida de cultura, de discernimento acanhado e assim por diante.   Seja na posição do leitor, ou no lugar do escritor, infelizmente, na maioria das vezes, o que mais abunda entre nós seria justamente a atitude sob

DIÁRIO DE INSIGNIFICÂNCIAS E INCONGRUÊNCIAS (p. 34)

Para efetivamente nos instalarmos nessa tal de realidade, é imprescindível que procuremos nos dedicar, de forma amorosa e abnegada, ao estudo da filosofia e, principalmente, à reflexão histórica.   #   #   #   O conhecimento que cultivamos a respeito desta tal de História delimita, de forma significativa, a amplitude e a profundidade da compreensão que teremos a respeito das inúmeras possibilidades que estão latentes na realidade presente.   #   #   #   Não interessa se uma ideia está na moda ou não, se ela é confirmada pela imprensa e pelas panelinhas de especialistas como sendo uma “ideia boazinha”. O que realmente importa é saber se uma ideia é verdadeira ou não; e procurar com sinceridade saber isso, sempre foi, e sempre será, uma empreitada espinhosa que poucas pessoas estão dispostas a encarar.   #   #   #   Afetação de desprezo é uma tentativa desesperada para disfarçar a nossa gritante e vergonhosa impotência diante da realidade.   #   #   #   Fidelidade, constância e firmeza.