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DIÁRIO DE INSIGNIFICÂNCIAS E INCONGRUÊNCIAS (p. 36)

Muitos se perdem por ficarem com seus olhos agrilhoados às sombras do passado, enquanto outros se iludem, feito um bocó de mola, permitindo que seus olhos permaneçam ancorados nas brumas do amanhã. Tanto um quanto o outro se esquecem de mirar nos contrastes de luz e sombras que dão forma ao presente, deixando de perceber as forças pretéritas que ainda estão agindo sobre nós e ficando sem conseguir enxergar as ações futuras que já estão germinando no meio de nós.

 

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Vamos fazer um exame de consciência, bem rapidinho, nas coxas? Então, vamos lá: ontem, quantas pessoas você consolou? Entendo. Quantas confusões você dissipou nesse dia? Negou-se a ouvir alguma fofoca? Estou sabendo. Por acaso, você ajudou alguém a se reconciliar com outra pessoa? Se esforçou para ser gentil quando poderia não ter sido? Compreendo. Manifestou, de alguma forma, a tal da gratidão? Fez alguém sorrir? Bem, se a sua resposta para todas essas perguntas foi um não, meu amigo, sinto em dizer, mas o seu dia foi uma merda. Mas fique gelo! Hoje há de ser outro dia.

 

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Tudo é vaidade, como nos ensina o livro do Eclesiastes, inclusive essa nossa mania besta de falar a respeito das veleidades deste mundo, com aquela pose histriônica de personagem de novela do Dias Gomes.

 

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Todo mundo diz que está bem, muito bem, desde que não sejam feitas as perguntas certas.

 

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Conhecer algo verdadeiramente é saber o que há, concretamente, para além dos nomes e rótulos com os quais as coisas e as pessoas são nominadas.

 

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Ser professor é um privilégio, uma dádiva, por isso não é fácil sê-lo.

 

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Somos aquilo que apresentamos, todo dia, diante dos olhos de Deus no altar do nosso coração, diante do sacrário da nossa consciência. Nisso consiste o nosso valor. O resto pode até ser bonitinho, mas é apenas aquilo que é: um monte de firulas vaidosas.

 

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Filosofar, em grande medida, é similar a retirar pedras do caminho, do caminho que estamos a percorrer, e semear flores à sua margem para demarcá-lo.

 

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Em grande medida, filosofar é educar educando-se.

 

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

https://sites.google.com/view/zanela

 

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