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POVO MARCADO, POVO FELIZ

Nos anos 90 do século passado, estreou um programa televisivo chamado “Você Decide”, onde em cada episódio era apresentada uma historieta e o público era convidado a escolher entre dois desfechos possíveis. Boleiras de telespectadores votavam através do número telefônico que era fornecido pelo programa. Era um grande sucesso de audiência e um grande experimento de psicologia coletiva. Podemos dizer que as "tretas" que, hoje, são orquestradas nas redes sociais não são muito distintas das votações que eram realizadas nos anos 90 no referido programa. Em ambos os cenários, os indivíduos tinham e têm a sensação de que sua opinião supostamente teria alguma relevância frente aos acontecimentos. Sem dúvida alguma, o efeito manada é uma força significativa, o que, por seu turno, não significa que essa força seja o produto de uma ação autoconsciente. Todas as vezes que nos entregamos aos deleites midiáticos, que nos são regalados pelas telinhas e pelas telonas, em regra, estamos tã...

FRAGMENTOS DE UM DIÁRIO HETERODOXO #023

Tentar tribalizar um autor como Unamuno é algo, ao mesmo tempo, vão e absurdo. # Como bem nos ensina Miguel de Unamuno, a filosofia e a poesia são irmãs. Irmãs gêmeas. # Todos os exageros estão certos se exagerarem nas coisas certas. (Sem alterações - Correto) # A comédia do ser humano sobrevive à tragédia da humanidade. # A sociedade contemporânea nos habituou, e nos habituou mal, a querer colher com fartura onde não semeamos nada, levando-nos a esquecer da necessidade da semeadura. # Não é a eloquência, mas sim, o caráter que comunica a verdade sobre a alma. # A verdadeira liberdade, como nos ensina Miguel de Unamuno, consiste em aspirar à graça. * Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela - professor, escrevinhador e bebedor de café. Autor de “REFAZENDO AS ASAS DE ÍCARO”, entre outros livros. https://lnk.bio/zanela

FRAGMENTOS DE UM DIÁRIO HETERODOXO #022

A maturidade não é uma supressão, e sim uma integração da infância. # O verdadeiro grande tesouro de um homem são os seus erros. # As ideias e projetos precisam de crítica como os pulmões necessitam de oxigênio. # O ser humano é, ao mesmo tempo, social e antissocial. Dito de outro modo: somos sociáveis porque necessitamos da solidão. # Tudo que é feito com humildade é nobre. # Todas as tarefas exigem o melhor de nós, principalmente as mais “insignificantes”. # Estamos sempre fazendo algo para alguém, mesmo que não queiramos, mesmo que não saibamos. * Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela - professor, escrevinhador e bebedor de café. Autor de “REFAZENDO AS ASAS DE ÍCARO”, entre outros livros. https://lnk.bio/zanela

FRAGMENTOS DE UM DIÁRIO HETERODOXO #021

O fracasso nos mostra o caminho, sempre. # Não pensemos no fim que desejamos atingir, nem na possível vitória. Pensemos naquilo que devemos fazer agora, neste exato momento. É isso o que realmente importa. # Viva intensamente o processo, jamais persiga o prêmio. # Qual o propósito da vida? Fazer o que é certo, aquilo que apenas nós podemos fazer, neste exato momento. # Um ideal luminoso é imprescindível para se edificar uma personalidade sólida. # Todo avanço científico, como bem nos adverte George Orwell, acelera e amplifica as mais sórdidas tendências para a tirania. # Não tenho lado, não tenho partido, disse W. G. Wells. Eu, de minha parte, afirmo: sou partidário da misericórdia e procuro estar do lado da verdade. * Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela - professor, escrevinhador e bebedor de café. Autor de “REFAZENDO AS ASAS DE ÍCARO”, entre outros livros. https://lnk.bio/zanela

NÃO ERA APENAS UM RETRATO

Roland Barthes há muito havia dito que no século XXI seria analfabeto não somente aquele que não sabe ler e escrever, mas também aquele que não sabe interpretar uma imagem. O tempo passou e cá estamos nós, no finalzinho do primeiro quarto deste século e, mais uma vez, ele tinha razão. Atualmente, somos bombardeados por imagens e condicionados a dedicar-lhes pouca atenção e, com uma pressa desmedida, vamos olhando tudo, sem observar nada, para ao final emitir um juízo superficial e tosco como tudo o mais. Para realmente cultivarmos alguma profundidade em nosso olhar, é imprescindível que aprendamos a nos demorar diante daquilo que está diante do nosso olhar e apreciá-lo com atenção. É necessário que nos permitamos aprender a fazer perguntas para as imagens, não para simplesmente criticá-las, mas sim, para conhecermos melhor tudo o que está para além do que foi retratado. Um bom exemplo disso é o ensaio “Sobre um auto-retrato de Rembrandt” de Paul Ricoeur, onde o mesmo apresenta algum...

PARA CALÇAR AS VELHAS SANDÁLIAS

Tem gente que fica ansiosa para saber quais serão os ganhadores do Oscar, outros acompanham apaixonadamente os campeonatos futebolísticos; enfim, todos nós, cada um no seu quadrado existencial, queremos saber quem são os melhores entre os melhores em alguma atividade humana que toca o nosso coração. Eu, com minhas idiossincrasias, gosto de, todo ano, saber quem é o vencedor do Nobel de literatura. Não fico, de jeito-maneira, acompanhando as discussões e especulações sobre os nomes que poderão vir a ser laureados, nada disso. Gosto apenas de saber quem recebeu os louros. A razão para isso é muito simples: para mim, ficar sabendo quem é laureado por tão distinto prêmio é um tremendo exercício de humildade porque, na grande maioria das vezes, eu nunca, nunquinha, havia ouvido falar do abençoado, tamanha é minha ignorância. Aliás, se deitarmos nossas vistas na lista dos escritores que foram brindados com esse reconhecimento, veremos que a grande maioria nos são ilustres desconhecidos e ...

DEIXE A NOTÍCIA ENVELHECER

Um dos mantras que é repetido à exaustão no terceiro milênio é o de que devemos nos manter sempre bem informados porque, como dizia Abelardo Barbosa , "quem não se comunica se trumbica". E é bem provável que eu e você já cobramos isso dos outros e de nós mesmos, mas, por mil raios e trovões, realmente precisamos estar atentos a todos os acontecimentos que foram destacados no último minuto e que são atirados em nossas ventas pela grande mídia? Foi o que eu pensei. E tem outra: se formos petulantes além da conta, iremos notar que tudo aquilo que nos é noticiado só ganha sentido e contexto com o passar do tempo, porque é apenas o tempo que nos propicia o distanciamento que é imprescindível para compreender-se algo com alguma profundidade. Quando uma série de notícias e factoides começa a tomar conta do cenário midiático, mais do que depressa veremos os nossos ânimos se alterando, turvando nossa compreensão, limitando o nosso entendimento e excitando o nosso desejo de, como direi...