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O TRISTE OLHAR DA RAPOSA

Há muitas formas de constatarmos a quantas anda a moralidade de uma sociedade, mas o grande teste, segundo Dietrich Bonhoeffer, seria a verificação do modo como as crianças são tratadas pela sociedade. Sim, eu sei, todo mundo sabe, até raposas e timbus sabem, que não há uma viva alma em nossa triste nação que não declare ser profundamente preocupada com os rumos que estão sendo tomados pelo nosso sistema educacional, pois, como dizem, os infantes são o futuro do Brasil. Em se falando de raposa, e de educação, veio a minha mente, sem pedir licença, a lembrança de uma passagem da obra de Saint-Exupéry, em que o pequeno príncipe encontrou-se com a raposa, e aprendeu com o bicho matreiro o que significa cativar. Ora, aprendemos algo verdadeiramente quanto nos permitimos cativar por aquilo que está sendo ensinado, ao ponto de o integrar em nossa personalidade, em nosso modo de ser, mesmo que, com o passar do tempo, não mais nos lembremos como essa verdade passou a fazer morada em nós. Para

QUANDO A ALVORADA DESPONTAR

A nossa vida sempre será anárquica, por mais organizada que seja a sociedade. Acabar com essa anarquia individual mataria a nossa personalidade.   #   #   #   A loucura que tomou conta do sistema educacional é tamanha que, hoje, confunde-se tentativa de controle e uniformização, por meio de índices, com a formação integral de uma pessoa.   #   #   #   Procurar conhecer a fundo tudo aquilo que realmente nos interessa é a chave mestra para uma boa formação.   #   #   #   Se não mais almejamos conhecer algo por livre e espontânea vontade é sinal de que algo muitíssimo precioso foi sufocado e morto em nosso peito.   #   #   #   Contentar-se com o óbvio é a essência da ciência dos ignorantes presunçosos.   #   #   #   Quando o sujeito diz que apenas acredita naquilo que é cientificamente comprovado, é sinal de que ele apenas crê naquilo que é mostrado pela TV.   #   #   #   Não se deve acreditar na ciência, como se fosse uma entidade oracular onisciente. Se deve, sim, praticar ao menos uma

ENTRE ROCINANTE E A EGUINHA POCOTÓ

Com seu típico sarcasmo, Paulo Francis dizia que o jornalismo é a segunda profissão mais antiga do mundo. A primeira, segundo a galhofa popular, todos sabem qual é. Francis também dizia hiperbolicamente que, em matéria de exatidão, nem ao menos na data dos jornais se poderia confiar, sendo oportuno procurar um calendário para confirmá-la.   Em sintonia com essas cáusticas palavras, podemos evocar um trecho da canção “Cowboy fora-da-lei”, de Raul Seixas, que diz que “eu não preciso ler jornais, mentir sozinho eu sou capaz”.   Exageros exuberantes à parte, sempre foi e sempre será sinal de prudência, nutrir em relação aos meios de comunicação de um modo geral e, frente a grande mídia de maneira especial, uma boa dose de desconfiança. Não uma suspeita sisuda, cheia de pachorra, nada disso. Refiro-me àquela dúvida salutar que procura dar tempo ao tempo, ciente de que a verdade, como nos ensina Santo Tomás de Aquino, é filha do tempo, e ela não tem pressa, não usa whatsapp, nem tem contrato

NA BEIRA DO ABISMO

O escritor Isaac Asimov, como todos nós sabemos, tem uma vastíssima obra. De todas elas, há uma que considero fascinante por ser tremendamente significativa. Refiro-me, especificamente, ao conto “A sensação de poder”, escrito na década de 50 que, em resumidas contas, apresenta-nos a imagem de um futuro nada alvissareiro, onde a humanidade torna-se absurdamente dependente dos computadores, chegando ao ponto de não mais sermos capazes de realizar operações elementares de aritmética, de desenvolver raciocínios básicos sem o auxílio das traquitanas informáticas.   Hoje, todos nós, cada um ao seu modo, encontramo-nos rodeados de parafernálias desse naipe que não apenas resolvem para nós, de forma rápida, praticamente instantânea, cálculos matemáticos, mas também, realizam pesquisas para nós, nos guiam pelas estradas, corrigem nossos erros, alimentam nossos desejos por banalidades e, tudo isso, ao mero toque de um dedo numa tela lisa e fria feito um lâmina de gelo.   Não há como negar que ta

ENTRE PONTOS E BORDADOS MAL FEITOS

Não somos tão bons quanto imaginamos, nem tão ruins quanto pensamos.   #   #   #   Não adianta exigir coerência de quem acredita que interesses escusos seriam a mesma coisa que princípios de elevado valor.   #   #   #   Há pessoas de valor, existem sujeitos que tem preço, há indivíduos que não valem nada e caboclos que não tem valor nenhum.   #   #   #   A indiferença não mata, mas achata e quase chega lá.   #   #   #   Na tentativa de compreender um milagre, frequentemente somos tocados pela Graça e acabamos reencontrando a fé.   #   #   #   Lobato dizia que um país se faz com homens e livros. Nesse sentido, o Brasil, nosso amado Brasil, que praticamente não tem leitores, o que seria?   #   #   #   Pior que uma pessoa que despreza a cultura é aquela que, de forma afetada, diz amá-la, mas não ama nada.   *   Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela - professor, escrevinhador e bebedor de café. Autor de “REFAZENDO AS ASAS DE ÍCARO”, entre outros livros. https://lnk.bio/zanela  

PONDERAÇÕES IMPONDERADAS SOBRE A VIDA

Quem não sabe zelar da sua herança, não tem gabarito para se responsabilizar por aquilo que é de todos.   #   #   #   Uma pessoa pode herdar não apenas bens materiais, mas também o nome dos pais. E verdade seja dita: aqueles que não administram zelosamente os bens recebidos de mão beijada, geralmente não procura honrar o nome e a memória dos seus ancestrais.   #   #   #   Honrar nossos ancestrais não significa passar pano sobre os seus erros, mas sim, corrigi-los em nossa maneira de ser para não mais repeti-los e assim, deste modo, redimi-los.   #   #   #   Não sei se as mentiras têm pernas curtas; mas, com toda certeza, o autor das danadas, uma hora dessas, cedo ou tarde, tropeça, cai, se estrepa e não levanta mais.   #   #   #   Todo candidato a um cargo público, do alto do seu palanque, é capaz de falar de suas intenções imediatas; porém, algo me diz que o número de homens públicos que seriam capazes de declarar qual seria o legado que eles gostariam deixar para as gerações vindoura

QUANDO A TROPEADA ELEITORAL ACABAR

Na grande maioria das cidades, deste Brasil brasileiro, o pleito eleitoral findou; noutras tantas, não muitas, teremos uma segunda rodada da roleta da democracia brazuca. Enfim, seja como for, a essa altura do campeonato, podemos dizer que, de certo modo, ele, o ano eleitoral, já está de partida.   E com o fim do som estridente da sinfonia das máquinas de pirlimpimpim, vemos, faceiros da vida, os vencedores, comemorando a conquista e agradecendo aos cidadãos a confiança que lhes foi depositada. Se eles foram uma escolha acertada, saberemos disso daqui a quatro anos, porém, uma coisa é certa: os eleitos foram, sem dúvida alguma, os mais tarimbados no carteado do jogo das cadeiras do poder.   Agora, aqueles que não foram laureados, por certo e por óbvio, não estão festejando. Entretanto, muitos, de forma honrada, já se manifestaram nas redes sociais, nas rádios, enfim, nos meios de comunicação, para agradecer aos cidadãos que confiaram neles e que, mesmo não tendo logrado êxito, são grat