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Mostrando postagens de outubro, 2024

NA BEIRA DO ABISMO

O escritor Isaac Asimov, como todos nós sabemos, tem uma vastíssima obra. De todas elas, há uma que considero fascinante por ser tremendamente significativa. Refiro-me, especificamente, ao conto “A sensação de poder”, escrito na década de 50 que, em resumidas contas, apresenta-nos a imagem de um futuro nada alvissareiro, onde a humanidade torna-se absurdamente dependente dos computadores, chegando ao ponto de não mais sermos capazes de realizar operações elementares de aritmética, de desenvolver raciocínios básicos sem o auxílio das traquitanas informáticas.   Hoje, todos nós, cada um ao seu modo, encontramo-nos rodeados de parafernálias desse naipe que não apenas resolvem para nós, de forma rápida, praticamente instantânea, cálculos matemáticos, mas também, realizam pesquisas para nós, nos guiam pelas estradas, corrigem nossos erros, alimentam nossos desejos por banalidades e, tudo isso, ao mero toque de um dedo numa tela lisa e fria feito um lâmina de gelo.   Não há como negar que ta

ENTRE PONTOS E BORDADOS MAL FEITOS

Não somos tão bons quanto imaginamos, nem tão ruins quanto pensamos.   #   #   #   Não adianta exigir coerência de quem acredita que interesses escusos seriam a mesma coisa que princípios de elevado valor.   #   #   #   Há pessoas de valor, existem sujeitos que tem preço, há indivíduos que não valem nada e caboclos que não tem valor nenhum.   #   #   #   A indiferença não mata, mas achata e quase chega lá.   #   #   #   Na tentativa de compreender um milagre, frequentemente somos tocados pela Graça e acabamos reencontrando a fé.   #   #   #   Lobato dizia que um país se faz com homens e livros. Nesse sentido, o Brasil, nosso amado Brasil, que praticamente não tem leitores, o que seria?   #   #   #   Pior que uma pessoa que despreza a cultura é aquela que, de forma afetada, diz amá-la, mas não ama nada.   *   Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela - professor, escrevinhador e bebedor de café. Autor de “REFAZENDO AS ASAS DE ÍCARO”, entre outros livros. https://lnk.bio/zanela  

PONDERAÇÕES IMPONDERADAS SOBRE A VIDA

Quem não sabe zelar da sua herança, não tem gabarito para se responsabilizar por aquilo que é de todos.   #   #   #   Uma pessoa pode herdar não apenas bens materiais, mas também o nome dos pais. E verdade seja dita: aqueles que não administram zelosamente os bens recebidos de mão beijada, geralmente não procura honrar o nome e a memória dos seus ancestrais.   #   #   #   Honrar nossos ancestrais não significa passar pano sobre os seus erros, mas sim, corrigi-los em nossa maneira de ser para não mais repeti-los e assim, deste modo, redimi-los.   #   #   #   Não sei se as mentiras têm pernas curtas; mas, com toda certeza, o autor das danadas, uma hora dessas, cedo ou tarde, tropeça, cai, se estrepa e não levanta mais.   #   #   #   Todo candidato a um cargo público, do alto do seu palanque, é capaz de falar de suas intenções imediatas; porém, algo me diz que o número de homens públicos que seriam capazes de declarar qual seria o legado que eles gostariam deixar para as gerações vindoura

QUANDO A TROPEADA ELEITORAL ACABAR

Na grande maioria das cidades, deste Brasil brasileiro, o pleito eleitoral findou; noutras tantas, não muitas, teremos uma segunda rodada da roleta da democracia brazuca. Enfim, seja como for, a essa altura do campeonato, podemos dizer que, de certo modo, ele, o ano eleitoral, já está de partida.   E com o fim do som estridente da sinfonia das máquinas de pirlimpimpim, vemos, faceiros da vida, os vencedores, comemorando a conquista e agradecendo aos cidadãos a confiança que lhes foi depositada. Se eles foram uma escolha acertada, saberemos disso daqui a quatro anos, porém, uma coisa é certa: os eleitos foram, sem dúvida alguma, os mais tarimbados no carteado do jogo das cadeiras do poder.   Agora, aqueles que não foram laureados, por certo e por óbvio, não estão festejando. Entretanto, muitos, de forma honrada, já se manifestaram nas redes sociais, nas rádios, enfim, nos meios de comunicação, para agradecer aos cidadãos que confiaram neles e que, mesmo não tendo logrado êxito, são grat

PARA NÃO METERMOS OS PÉS PELAS MÃOS

Todos conhecemos a sentença de Nelson Rodrigues em que ele afirma que toda unanimidade é burra. Na verdade, essa afirmação é mais do que uma sentença; é uma salutar advertência para que estejamos sempre, sempre mesmo, com um pé atrás, quando estivermos andando em conformidade canina com aquilo que a vontade geral estufa o peito para dizer, e que a opinião pública reverbera histericamente, para que ninguém ouse levantar a voz para contrariar.   Toda vez que nos flagrarmos nessa sintonia é necessário que procuremos nos recolher junto ao fundo insubornável do nosso ser, na alcova da nossa consciência, para refletirmos de forma serena a respeito dos caminhos que estamos trilhando e, trilhando-o, convidando os nossos semelhantes a fazerem o mesmo.   E isso é tão importante quanto salutar porque, como bem nos lembra o cientista político Alexander Dunlop Lindsay, toda unanimidade não é apenas estulta, mas também e principalmente perigosa.   Sobre esse ponto temos um exemplo deveras curioso qu