Num ano em que é realizada uma eleição municipal, todos podemos testemunhar, com tristeza, o encontro da vilania dos candidatos com a sabujice oportunista dos eleitores, num festival grotesco em que se celebra a indisfarçável ambição narcísica de todos.
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Com toda
certeza, é muito bom sermos capazes de ler nas tais entrelinhas; mas, sermos
capazes de ler nossas vidas a partir das linhas e entrelinhas dos textos em que
deitamos nossas vistas é algo praticamente divino.
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Não tem
lesco-lesco! Todo e qualquer analfabeto funcional faz pouco caso deste problema
por estar, no momento, imerso nele e, por isso, incapacitado para entender a enormidade da
encrenca que é evocada por essas duas palavras.
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É importante
lembrarmos, sempre, que com o tempo nós podemos ampliar a nossa inteligência, ou permitir que ela seja diminuída a passos largos. E o mais gozado nisso é que, quanto mais ela mingua, menos falta sentimos dela, ao mesmo tempo que achamos que estamos ficando cada vez mais sabidos.
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Se em terras
brasileiras foi possível o surgimento de um Machado de Assis, nenhum de nós tem
o direito de achar que nada de bom pode ser gestado nesta terra de desterrados.
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Muitas
coisas podem bloquear o bom desempenho da nossa inteligência, muitas mesmo. Uma
delas é a expressão “fake news”. Quantas coisas deixamos de questionar, quantos
argumentos desconsideramos, quantas verdades ululantes desdenhamos, quantas e
quantas perguntas silenciamos só porque um borra-botas disse que isso ou aquilo
é uma “fake news”? Quantas? Por isso mesmo que, com o tempo, essa expressão bloqueia,
mutila e mata a inteligência de qualquer um.
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O questionamento honesto é a base da inteligência; já o jargão histericamente imposto para calar a dúvida sincera, é a base da ignorância presunçosa metida a sabichona.
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Escrevinhado
por Dartagnan da Silva Zanela - professor, escrevinhador e bebedor de café.
Autor de “REFAZENDO AS ASAS DE ÍCARO”, entre outros livros.
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