A prática das virtudes, de qualquer uma delas, é algo bom, porém, como tudo o mais que há em nossa porca vida, quando se exagera nos balangandã, ao invés das virtudes nos fortalecerem, elas podem nos liquidar, matando praticamente tudo o que há de bom em nosso coração.
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Da mesma forma que o excesso de escrúpulos sufoca e mata a nossa pequenina fé, a falta de zelo e, como direi, a idolatria das informalidades, da espontaneidade suspeita, mata de forma inclemente a nossa vacilante fé.
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Não existe nada mais asqueroso do que querer parecer moralmente limpinho para poder, a torto e direito, sentir-se autorizado para condenar, sem piedade, todos aqueles que destoam do ritmo carnavalesco ditado pelo mais rasteiro e vil bom-mocismo histriônico.
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Uma das maiores demonstrações de mau-caratismo que existe é quando dizemos que respeitamos a opinião dos outros, apesar de discordar dela. Todo caboclo que diz isso, apenas o diz, para melhor convencer o outro do seu ponto, só isso. Ou seja: seu bom-mocismo é somente um reles artifício retórico para, bem devagarinho, engambelar as almas distraídas e volúveis que, infelizmente, abundam nesse mundão de Deus.
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Se formos minimamente honestos, nós nunca diremos para alguém que respeitamos a sua opinião, mas sim, que respeitamos o seu direito de ter e emitir uma opinião, mesmo que ela não seja respeitável.
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Se nós nunca, nunquinha, paramos para refletir sobre a diferença abissal que há entre uma opinião, um conjunto de fatos, uma interpretação e a tal da Verdade, não deveríamos sair pelos quatro cantos do mundo digital cagando regra sobre assuntos que mal e porcamente ouvimos falar.
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Se os fatos refutam a nossa opinião, se a verdade desmente as nossas convicções, devemos procurar ser humildes, tomar vergonha na cara e abandonar tanto uma quanto as outras. Se não fizermos isso, se insistirmos em ficar agarrados às nossas opiniões furadas e as nossas convicções de meia-pataca, estaremos soberbamente assinando o nosso atestado de bocó de mola; e estaremos fazendo isso por livre e espontânea vontade.
Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela
https://sites.google.com/view/zanela
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