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OS RATOS DO VELHO CASARÃO

Uma das coisas mais difíceis para se aprender nessa vida é dizer o dito cujo do “não”. Saber dizê-lo é uma arte que, se for devidamente aprendida, não apenas nos livrará de inúmeros perrengues, mas também e principalmente, irá nos ajudar a tornarmos a nossa vida, no mínimo, mais proveitosa.

 

Explico-me: dizer não para os amigos com toda certeza não é uma tarefa fácil, da mesma forma que não é agradável dizer não para um chato de galochas, porém, isso é necessário em muitíssimas situações, para o nosso bem, para o bem deles, para o bem de todos.

 

Agora, dizer não para os nossos desejos, para as nossas “queredeiras” de momento é difícil, é muito mais difícil e, por isso mesmo, necessário.

 

Dizer não para nós mesmos é phoda porque somos indulgentes demais para conosco mesmo e, por isso, sempre encontramos aqui e acolá, alguma desculpinha esfarrapada para justificar malandramente um sim para os nossos impulsos impensados.

 

Sabe aqueles momentos de raiva, empolgação, distração, excitação e tutti quanti que, vez por outra, nos cercam e clamam pela nossa entrega? Pois é. Deveríamos aprender a dizer não para cada um deles.

 

Afinal, quem está no comando da nossa vida? Nós ou esses impulsos desordenados que ficam pelejando entre si e nos puxando de um lado para o outro para aderirmos a eles a todo momento de forma incondicional?

 

Então, infelizmente nossa curiosidade frívola governa o nosso olhar, da mesma forma que a falta de zelo comanda nossa indisposição frente aos nossos deveres mais elementares e, mesmo assim, acreditamos [tolamente] que estamos no comando de nossas ações, das nossas escolhas, enfim, da nossa vida.

 

Ora, da mesma forma que uma carroça cujo carroceiro está bêbado é um veículo fora de controle, uma vida onde nossos impulsos nos puxam e arrastam para toda e qualquer direção é uma existência digna de pena, às vezes, nem isso.

 

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

https://sites.google.com/view/zanela

 

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