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QUANDO O OLHAR SE PERDE NO HORIZONTE

A sabedoria não está em querermos saber tudo, mas sim, em sabermos dizer o que não queremos aprender e, com humildade, admitirmos que somos ignorantes sobre esses assuntos.   #   #   #   Quem quer saber de tudo um pouco corre o risco de não ser capaz de compreender nada com um mínimo de profundidade.   #   #   #   Algo que não tenha limites para lhe dar uma forma, não é algo ilimitado; é apenas um troço deformado. Onde não há limites, o conhecimento e a sabedoria são duas impossibilidades. Num ambiente assim, há apenas uma possibilidade: a deformidade dos juízos e do entendimento.   #   #   #   Todo isentismo, por definição, é apenas uma forma escrota de cinismo que tenta planar acima dos excrementos que abundam em seu próprio umbigo galáctico.   #   #   #   Todo sectarismo, em sua essência, é apenas um punhado de ressentimentos travestidos com “boas intenções”.   #   #   #   Somos mais dependentes uns dos outros do que desejaríamos admitir, da mesma forma que somos mais independentes

ENTRE A LIBERDADE E A TIRANIA

A tirania não se cansa de lançar sua gélida sombra sobre os corações humanos; a vilania não desiste de atormentar aqueles que apenas querem viver uma vida comum, de um homem comum.   E não há nada mais belo, nem mais singelo, do que uma vida comum, como nos ensina G. K. Chesterton e, talvez, seja por essa razão, que os sectários de todas as ideologias totalitárias repudiam a simplicidade da vida.   Sobre isso, Miguel de Unamuno nos lembra o fato de que todas as tiranias são pérfidas, mas a mais abjeta de todas é, sem dúvida alguma, a tirania das ideias. Na verdade, todos os despotismo tomam como base uma ideia equivocada a respeito de algum aspecto da realidade, que acaba sendo tomada como “a explicação cabal” de tudo e de todos.   Nesse sentido, todo sectário de uma ideologia coletivista, de verve totalitária, acaba tendo a sua consciência escravizada por um amálgama de ideias toscas e ideais tortos. Vale lembrar que a consciência dos sectários que lutam por ideais justos correm o mes

QUANDO OS CAMPOS ESTÃO CHEIOS DE PREÁS

Uma das cenas mais comoventes da literatura brasileira, na minha opinião, é a morte da cachorra Baleia, da obra “Vidas Secas” de Graciliano Ramos. Por sua beleza, singeleza e profundidade, gosto de, vez por outra, reler essas páginas e, todas as vezes que as releio, acabo diante de uma cena diferente porque, naturalmente, eu também, graças a Deus, não sou mais o mesmo.   Gosto dessa cena, mas devo dizer que ela não é uma passagem literária que me marcou profundamente; não foi um divisor de águas. Ela apenas me encanta e me inspira algumas reflexões a respeito da vida.   Aliás, essa história de elegermos o livro que marcou a nossa vida, de identificarmos a pessoa que mais nos influenciou é um trem deveras complicado e, por isso mesmo, muitas vezes, acabamos apresentando uma resposta injusta para essa questão espinhosa.   Sobre esse ponto, Umberto Eco, em seu livro “Pepe Satàn Aleppe”, de forma curta e grossa, feito um pino de patrola, nos diz que se em nossa vida inteira apenas um único

PARA MINHA AMADA MORENA

Todo mês de novembro Na alvorada do dia sete Com os olhos marejados De contentamento Fico a matutar, agradecido, Diante do raiar nascente Que se coloca a alumiar Meu envelhecido sorriso Enquanto contemplo os céus De hoje e de sempre Que foi nessa data [Nela, justamente,] Que a muitas primaveras passadas Nasceu aquela linda menina Morena e pequenina Que um dia se fez senhora E arrebatou meu coração Desarmando-o com seu sorriso Enredando-me nos firmes laços Armados e bem firmados Bem juntinhos dos átrios Dos nossos corações enamorados Que primavera após primavera Permanecem e permanecerão Para além do crepúsculo dos tempos Juntos, ardentemente apaixonado, Tal qual no primeiro momento Em que nossos olhares Pela primeira vez Se tocaram. Por Dartagnan da Silva Zanela 07 de novembro de 2024.

REFLEXÕES SEM SAL

Quando você se achar uma pessoa sem noção, lembre-se da cena patética estrelada pelo general Mourão, quando disse, com toda aquela afetação de superioridade que lhe é típica, que o Brasil, atualmente, “é uma pujante democracia”.   #   #   #   Para que possamos ter uma pátria viva, vivíssima, é necessário que tenhamos uma clara ideia, uma límpida visão do que é o Brasil e do que significa ser brasileiro.   #   #   #   Estatísticas e dados por si sós não atestam a boa qualidade de um sistema de educação, principalmente quando a coleta de dados é feita de maneira duvidosa, com critérios questionáveis.   #   #   #   Quem brinca de roubar, com o tempo, rouba brincando.   #   #   #   No Brasil atual, é considerado mais grave ofender uma autoridade de dignidade duvidosa do que, de forma desavergonhada, defender e proteger notórios criminosos.   #   #   #   Autoridade que necessita de um título pomposo para ser vista como tal, não passa de uma nulidade aviltante investida de poder.   #   #   #

ENTRE FRASES CRÔNICAS E PALAVRAS AGUDAS

No livro “Esconderijos do Tempo”, Mário Quintana nos diz que poemas são como pássaros. Chegam não se sabe de onde, pousam nas páginas que estamos lendo e, quando fechamos o livro, alçam voo para outros prados, porque os benditos se alimentam dos momentos líricos que escorrem entre as mãos do leitor. Alimentam-se e partem sem se despedir porque, a poesia, alimenta a nossa alma, ao mesmo tempo que dela se alimenta.   Quanto à crônica, a pegada é outra. Ela exercita a nossa mente.   A crônica é tida por muitos como sendo um gênero literário menor, por não almejar grandes voos. Mas isso não a diminui de jeito-maneira. No meu entender, com suas poucas palavras, a crônica pode nos arrancar do marasmo do picadeiro do imediatismo imponderado para atirar-nos na arena da reflexão.   Na finitude das suas palavras, uma crônica, como diria Rubem Braga, faz-se aguda, e com um tiro certeiro pode ferir nossas convicções levianas e valores artificiosos. É aí que reside a sua magnificência.   Faz-se peq

O TRISTE OLHAR DA RAPOSA

Há muitas formas de constatarmos a quantas anda a moralidade de uma sociedade, mas o grande teste, segundo Dietrich Bonhoeffer, seria a verificação do modo como as crianças são tratadas pela sociedade. Sim, eu sei, todo mundo sabe, até raposas e timbus sabem, que não há uma viva alma em nossa triste nação que não declare ser profundamente preocupada com os rumos que estão sendo tomados pelo nosso sistema educacional, pois, como dizem, os infantes são o futuro do Brasil. Em se falando de raposa, e de educação, veio a minha mente, sem pedir licença, a lembrança de uma passagem da obra de Saint-Exupéry, em que o pequeno príncipe encontrou-se com a raposa, e aprendeu com o bicho matreiro o que significa cativar. Ora, aprendemos algo verdadeiramente quanto nos permitimos cativar por aquilo que está sendo ensinado, ao ponto de o integrar em nossa personalidade, em nosso modo de ser, mesmo que, com o passar do tempo, não mais nos lembremos como essa verdade passou a fazer morada em nós. Para